Golpistas criam vaquinha falsa para lucrar com caso de criança de 6 anos que morreu de câncer

Família denuncia que golpistas criaram páginas falsas nas redes sociais e vaquinhas fraudulentas para arrecadar fundos para o tratamento da menina. Golpistas criaram uma vaquinha falsa nas redes sociais para ganhar dinheiro em cima do caso de uma criança que morreu de um câncer raro em setembro desse ano. A família ainda teve as contas nas redes bloqueadas, e, com isso, tem dificuldade para expor os criminosos.
A família da pequena Maria Flor Dantas, de 6 anos, denuncia que golpistas criaram páginas falsas nas redes sociais e vaquinhas fraudulentas para supostamente arrecadar fundos para o tratamento da criança.
Os pais ainda sofrem com a dor da perda da criança, que completou dois meses no último dia 5, e agora estão tendo que lidar com essa situação. Os bandidos usam fotos da menina e até vídeos da mãe para dar credibilidade aos pedidos, o que é ainda mais doloroso para a família.
Os pais foram avisados por amigos, que denunciaram as páginas falsas. O problema é que as páginas do Instagram e do Facebook da mãe da Maria, Juliana Dantas, é que foram bloqueadas.
“Ver os vídeos do Maria ainda me assusta bastante, mas fique mais assustada de ver uma pessoa se passando pelo pai dela, como se fosse pai dela, e pedindo dinheiro. Abrir uma vaquinha online com o meu nome, com a minha foto, e com a foto da minha filha e falando que era pai dela, sendo que não é. Dó que o golpista foi mais esperto. Ele conseguiu me denunciar e minha conta caiu”, diz Juliana.
A família se ressente de que os perfis continham toda a trajetória de luta da menina contra o câncer, e agora estão fora do ar.
Os pais também estão receosos porque o número de seguidores do golpista tem aumentado nas redes sociais. Enquanto a família, com os perfis bloqueados, tem dificuldade de expor o golpe.
A menina tinha um câncer chamado de glioma pontino intrínseco difuso (DIPG). O diagnóstico foi dado por médicos particulares e por profissionais do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer.
Segundo estudo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), trata-se de um tumor raro, que costuma acometer crianças de 4 a 6 anos. A doença tem comportamento agressivo, crescimento rápido e prognóstico reservado, com sobrevida mediana de um ano.
Luta contra a doença
A luta contra o câncer começou no 2º semestre de 2022. A menina passou por 30 sessões de radioterapia e também era medicada com corticoides. Houve regressão de 48% no tamanho do tumor. A família ficou esperançosa, ela voltou a estudar, completou 6 anos e ficou sem sequelas.
Até que em agosto de 2023, os sintomas reapareceram, e a família voltou a se desesperar. Os pais da menina conheceram uma família de São Paulo que tinha uma menina com o mesmo diagnóstico. Eles contaram sobre um estudo experimental em Miami, nos Estados Unidos, para controlar o crescimento do tumor.
Lá, o tratamento começou em novembro de 2023. Foram 7 ciclos, em 7 meses. Todo mês, tinham que viajar para os Estados Unidos para pegar a medicação, que servia para 4 semanas.
Foi nesse momento de dificuldade para pagar as despesas com as viagens que Maria ficou conhecida nas redes sociais.
Muita gente se solidarizou, incluindo celebridades. O custo mensal das viagens, incluindo o tratamento, era de R$ 40 mil. Com a vaquinha, conseguiram arrecadas um total de R$ 74 mil.
Em abril, o crescimento foi controlado, ela conseguiu a voltar à vida normal, mas, desde maio, as coisas começaram a piorar, até que ela faleceu no dia 5 de setembro.
O caso foi registrado na 82ª DP (Maricá). A investigação está em andamento para identificar a autoria e esclarecer as circunstâncias do fato, visando responsabilizar os envolvidos.
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