{"id":85996,"date":"2024-09-21T21:44:50","date_gmt":"2024-09-22T00:44:50","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/85996"},"modified":"2024-09-21T21:44:50","modified_gmt":"2024-09-22T00:44:50","slug":"lula-manobra-para-que-fundos-de-pensao-invistam-em-obras-de-interesse-do-governo","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/85996","title":{"rendered":"Lula manobra para que fundos de pens\u00e3o invistam em obras de interesse do governo"},"content":{"rendered":"
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O governo Lula quer afrouxar as regras de investimentos dos fundos de pens\u00e3o de estatais para que financiem projetos de interesse da gest\u00e3o petista. Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo<\/strong> alertam para os perigos dessa estrat\u00e9gia, que causou preju\u00edzos no passado.<\/p>\n

Em agosto, o presidente Luiz In\u00e1cio Lula da Silva se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os diretores dos principais fundos de pens\u00e3o de estatais \u2013 Petros, da Petrobras; Previ, do Banco do Brasil; Funcef, da Caixa Econ\u00f4mica Federal; e Postalis, dos Correios. A pauta era discutir formas para que os fundos de renda complementar possam investir os recursos das aposentadorias de seus associados no novo Programa de Acelera\u00e7\u00e3o do Crescimento (PAC).<\/p>\n

A quest\u00e3o \u00e9 que os fundos de pens\u00e3o das estatais t\u00eam o objetivo de gerir e maximizar os recursos das contribui\u00e7\u00f5es de seus associados, a fim de garantir o pagamento de aposentados e pensionistas.\u00a0Para tanto, precisam cumprir com regras estritas que visem a essa finalidade. N\u00e3o \u00e9 fun\u00e7\u00e3o desses fundos, que s\u00e3o privados, servir a projetos de governo que podem levar a preju\u00edzos e perdas para seus associados na ativa ou j\u00e1 aposentados.<\/p>\n

Hoje os fundos de pens\u00e3o das estatais n\u00e3o t\u00eam permiss\u00e3o para adquirir deb\u00eantures vinculadas a programas ou projetos do governo. A regra vem da Resolu\u00e7\u00e3o 4994 do Conselho Monet\u00e1rio Nacional (CMN) de dezembro de 2022, que aumentou o rigor na gest\u00e3o dos fundos para que experi\u00eancias malsucedidas do passado n\u00e3o voltem a ocorrer.<\/p>\n

No entanto, em mar\u00e7o deste ano, a Superintend\u00eancia Nacional de Previd\u00eancia Complementar (Previc) \u2013 entidade ligada ao Minist\u00e9rio da Previd\u00eancia que tem a fun\u00e7\u00e3o de fiscalizar e supervisionar as atividades dos fundos de previd\u00eancia complementar fechada \u2013 prop\u00f4s ao Minist\u00e9rio da Fazenda uma s\u00e9rie de modifica\u00e7\u00f5es na Resolu\u00e7\u00e3o 4994, dentre as quais figura a abertura para que os fundos possam investir em deb\u00eantures de infraestrutura, afrouxando o rigor anteriormente estabelecido.<\/p>\n

O caso mais rumoroso envolvendo os fundos de pens\u00e3o foi o da Sete Brasil, empresa criada em 2011 para construir e fornecer sondas de perfura\u00e7\u00e3o a serem usadas na explora\u00e7\u00e3o do pr\u00e9-sal. Entre os s\u00f3cios estavam empresas como a Petrobras (que tamb\u00e9m seria o maior cliente), os bancos Santander, Bradesco e BTG Pactual e os fundos de pens\u00e3o Petros, Previ, Funcef e Valia (da Vale).<\/p>\n

Envolvida em uma sucess\u00e3o de esc\u00e2ndalos relacionados a atrasos, sobrepre\u00e7o e pagamento de propinas, a empresa foi envolvida na Opera\u00e7\u00e3o Lava Jato. Em 2015, suas atividades foram alvo de investiga\u00e7\u00e3o pela Opera\u00e7\u00e3o Greenfield, da Pol\u00edcia Federal, e pela CPI dos Fundos de Pens\u00e3o, na C\u00e2mara dos Deputados. Sem conseguir cumprir os contratos de fornecimento de sondas, a Sete Brasil entrou em recupera\u00e7\u00e3o judicial no ano seguinte e pediu fal\u00eancia \u00e0 Justi\u00e7a em abril de 2024, deixando um rastro de preju\u00edzos bilion\u00e1rios.<\/p>\n

Somente Previ e Vale, que investiram em uma primeira rodada e cujas regras de governan\u00e7a impediram que avan\u00e7assem com os aportes subsequentes, conseguiram reaver a totalidade dos valores destinados ao Fundo de Investimento em Participa\u00e7\u00f5es (FIP) Sondas, criado em 2011 para financiar as a\u00e7\u00f5es da Sete Brasil.<\/p>\n

A Funcef, que n\u00e3o conseguiu entrar em acordo para restitui\u00e7\u00e3o dos investimentos feitos, teve que suportar um rombo de R$ 1,3 bilh\u00e3o em suas contas. A perda impactou mais de 100 mil fam\u00edlias que ainda pagam o equacionamento de seus planos de benef\u00edcios.<\/p>\n

O professor de Ci\u00eancias Econ\u00f4micas da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Josilmar Cordenonssi v\u00ea com preocupa\u00e7\u00e3o a ideia de afrouxar as regras de investimento dos fundos de pens\u00e3o. \u201c\u00c9 muito grande a vontade de ocupar esses espa\u00e7os de se apropriar desses recursos para fazer pol\u00edtica de investimento e ganhar elei\u00e7\u00e3o e tudo mais para o uso eleitoral\u201d, diz.<\/p>\n

Juntos, os recursos administrados por Previ, Petros, Funcef e Postalis chegam a R$ 509,5 bilh\u00f5es. O valor corresponde a 43% do total de R$ 1,183 trilh\u00e3o gerido pelas 274 entidades de previd\u00eancia privada em atua\u00e7\u00e3o no pa\u00eds. Os dados s\u00e3o referentes ao ano passado, segundo o estat\u00edstico da Abrapp, associa\u00e7\u00e3o que representa essas entidades.<\/p>\n

Os passos do governo para que fundos de pens\u00e3o voltem a investir em programas do governo<\/h2>\n

Desde 2023 o governo tem estabelecido medidas esparsas que, quando vistas de forma conjunta, pavimentam o caminho para que os fundos possam voltar a investir em programas como o PAC. Em agosto de 2023, por exemplo, a Previc publicou a Resolu\u00e7\u00e3o n\u00ba 23, reduzindo as possibilidades de penaliza\u00e7\u00e3o administrativa contra gestores de fundos de pens\u00e3o acusados de irregularidades.<\/p>\n

A Portaria considera \u201cato regular de gest\u00e3o\u201d medidas tomadas de boa-f\u00e9. A reda\u00e7\u00e3o da norma estabelece que ser\u00e1 preciso comprovar que os gestores agiram com a inten\u00e7\u00e3o de prejudicar os benefici\u00e1rios, quando houver quaisquer processos em raz\u00e3o de preju\u00edzos causados aos ativos dos fundos. \u00c9 o mesmo que dizer que um m\u00e9dico s\u00f3 pode ser punido por um erro caso seja comprovado que houve inten\u00e7\u00e3o de de lesar o paciente.<\/p>\n

No in\u00edcio do m\u00eas, reportagem do \u201cEstad\u00e3o\u201d mostrou que gestores dos fundos investigados no \u00e2mbito da Opera\u00e7\u00e3o Greenfield seguem ocupando postos em alguns dos fundos de pens\u00e3o das estatais e em associa\u00e7\u00f5es do setor. Um deles estaria alocado na pr\u00f3pria Previc, encarregada de fiscalizar o setor, e teria auxiliado na elabora\u00e7\u00e3o da nova proposta que prev\u00ea \u201catualizar\u201d a Resolu\u00e7\u00e3o 4994 do CMN.<\/p>\n

Governo cria deb\u00eantures de infraestrutura e Lula se re\u00fane com representantes de fundos de pens\u00e3o<\/h2>\n

Em mar\u00e7o deste ano, Lula assinou decreto que criou dois tipos de deb\u00eantures: as de infraestrutura e as incentivadas. As deb\u00eantures s\u00e3o um tipo de papel na qual o investidor se torna credor da iniciativa em quest\u00e3o, mas n\u00e3o s\u00f3cio da empresa. As regras relacionadas aos prazos e \u00e0 remunera\u00e7\u00e3o das deb\u00eantures s\u00e3o acordadas na compra dos t\u00edtulos.<\/p>\n

Na ocasi\u00e3o, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, enfatizou o papel do governo como \u201cfacilitador no ambiente de neg\u00f3cios\u201d. Costa ainda afirmou que o objetivo com as deb\u00eantures \u00e9 o de \u201cabrir uma nova janela de financiamento para projetos de infraestrutura\u201d, destacando que era importante para \u201crecebermos financiamento de pa\u00edses, de fundos internacionais\u201d. De acordo com o ministro, as deb\u00eantures visam \u201cfacilitar e acelerar o projeto de investimentos\u201d.<\/p>\n

Ainda em mar\u00e7o, a Previc enviou ao Minist\u00e9rio da Fazenda a proposta para atualizar a Resolu\u00e7\u00e3o 4994 do CMN. Al\u00e9m de possibilitar que os fundos de renda complementar das estatais invistam nas \u201cdeb\u00eantures de infraestrutura\u201d, a proposta ainda prev\u00ea a mudan\u00e7a de outras regras, como permitir que voltem a investir no mercado imobili\u00e1rio, at\u00e9 8% de seus ativos, e que n\u00e3o precisem desfazer de seus im\u00f3veis at\u00e9 2030 \u2013 uma das regras atualmente em vigor segundo as resolu\u00e7\u00f5es do CMN.<\/p>\n

Previc afirma que fez sugest\u00f5es para o Minist\u00e9rio da Fazenda, mas quem decide \u00e9 o CMN<\/h2>\n

\u00c0 Gazeta do Povo<\/strong>, a assessoria da Previc afirmou que sua fun\u00e7\u00e3o \u00e9 fiscalizar e auditar os fundos de pens\u00e3o a fim de garantir a lisura de sua gest\u00e3o e opera\u00e7\u00f5es. Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s propostas para \u201catualizar\u201d a resolu\u00e7\u00e3o 4994, afirmou que foi uma demanda do governo. Em julho de 2023, o Minist\u00e9rio da Fazenda organizou a Agenda de Reformas Financeiras, quando ficou acordado que a Previc faria as sugest\u00f5es para a \u201cmoderniza\u00e7\u00e3o\u201d da norma vigente para os fundos de pens\u00e3o.<\/p>\n

De acordo com o site do Minist\u00e9rio da Fazenda, a primeira reuni\u00e3o teve o intuito de discutir as mudan\u00e7as para o nercado de capitais e de cr\u00e9dito e o mercado de seguros e de previd\u00eancia complementar aberta. O ciclo contou com a presen\u00e7a do ministro Fernando Haddad e do secret\u00e1rio de Reformas Econ\u00f4micas, Marcos Pinto \u2013 \u00e9 a secretaria dele que recebeu e est\u00e1 avaliando a proposta encaminhada pela Previc.<\/p>\n

Segundo o \u201cEstad\u00e3o\u201d, houve press\u00e3o dentro da Previc e do Minist\u00e9rio da Fazenda para a aprova\u00e7\u00e3o da Resolu\u00e7\u00e3o 23 e da atual proposta. Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 proposta de mudan\u00e7a da Resolu\u00e7\u00e3o 4994, um dos pontos destacados foi a dispensa de uma an\u00e1lise de impacto regulat\u00f3rio, que \u00e9 respons\u00e1vel por prever poss\u00edveis repercuss\u00f5es das novas medidas no mercado.<\/p>\n

A assessoria da Previc enfatizou que, ainda que se encontre na Fazenda, a aprova\u00e7\u00e3o da proposta \u00e9 de responsabilidade do CMN, que \u00e9 composto pelo ministro Fernando Haddad, pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.<\/p>\n

A Previc tamb\u00e9m afirmou que a expectativa \u00e9 de que a tramita\u00e7\u00e3o seja feita com agilidade, para que as medidas ainda possam ser incorporadas ao planejamento que os fundos de pens\u00e3o fazem no segundo semestre visando o ano seguinte.<\/p>\n

Fundos de pens\u00e3o criaram regras internas e de governan\u00e7a para evitar preju\u00edzos <\/h2>\n

Sandro Soares de Souza, diretor Financeiro da Previd\u00eancia do BRB (Banco Regional de Bras\u00edlia) diz que a eventual permiss\u00e3o n\u00e3o significa, necessariamente, que os fundos v\u00e3o p\u00f4r dinheiro nesse tipo de investimento. Segundo ele, ap\u00f3s a Opera\u00e7\u00e3o Greenfield e os preju\u00edzos de certos fundos, regras internas r\u00edgidas passaram a ser adotadas para evitar o rombo causado por investimentos em projetos como a Sete Brasil.<\/p>\n

O gestor explicou que todos os fundos fazem um plano de investimentos de cinco anos e que, durante esse per\u00edodo, ao fim de cada ano, revisam as metas, os resultados e consolidam ou fazem modifica\u00e7\u00f5es na estrat\u00e9gia para o ano subsequente, avaliando, inclusive, indicadores de mercado e de risco.<\/p>\n

Segundo ele, caber\u00e1 a cada um dos fundos avaliar se as deb\u00eantures estar\u00e3o ou n\u00e3o de acordo com seus par\u00e2metros internos de investimento e com seus indicadores de risco. Ele destaca que alguns dos funcion\u00e1rios dos fundos de pens\u00e3o, como \u00e9 o caso dele pr\u00f3prio, s\u00e3o contribuintes \u2013 ou seja, a decis\u00e3o que tomarem afetar\u00e1 seus pr\u00f3prios rendimentos, o que estimula a cautela.<\/p>\n

A Previ, dos funcion\u00e1rios do Banco do Brasil, ressaltou \u00e0 Gazeta do Povo<\/strong> a solidez de seus mecanismos de gest\u00e3o. Segundo a assessoria, a maior parte dos gestores e auditores do fundo s\u00e3o tamb\u00e9m seus benefici\u00e1rios, ou seja, est\u00e3o contribuindo para a gest\u00e3o de seus pr\u00f3prios recursos. Al\u00e9m disso, destacou os processos corporativos de gest\u00e3o e as in\u00fameras inst\u00e2ncias \u00e0s quais \u00e9 preciso recorrer para que quaisquer investimentos sejam aprovados.<\/p>\n

A Previ evitou ampliar investimentos na Sete Brasil em 2011 e conseguiu reaver todos os recursos que tinha aplicado na empresa, sem preju\u00edzos aos seus contribuintes.<\/p>\n

Josilmar Cordenonssi, da Mackenzie, avalia que os fundos precisam investir na democratiza\u00e7\u00e3o de sua gest\u00e3o e em seus controles internos para garantir que o governo, de fato, n\u00e3o possa interferir ou pression\u00e1-los a investir em projetos que n\u00e3o sejam rent\u00e1veis. Em 2011, a diretoria da Petros teria autorizado os aportes na Sete Brasil sem submeter a proposta \u00e0 sua assessoria de planejamento e investimentos.<\/p>\n

PAC tem hist\u00f3rico de obras inacabadas ou paralisadas<\/h2>\n

Em governos petistas anteriores, o PAC deixou milhares de obras inacabadas. Em 2017, ap\u00f3s o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, apura\u00e7\u00e3o feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre) revelou que 53,1% do valor estimado para o PAC entre 2015 e 2018 havia sido executado at\u00e9 aquele momento. No entanto, somente 34,9% das a\u00e7\u00f5es haviam sido conclu\u00eddas.<\/p>\n

Obras previstas na primeira fase do PAC (de 2007 a 2010, que previa investimentos totais de R$ 500 bilh\u00f5es) foram novamente anunciadas na segunda fase (de R$ 955 bilh\u00f5es, entre 2011 e 2014).<\/p>\n

Das obras de \u00e1gua e esgoto previstas no PAC 1, por exemplo, apenas 55% estavam conclu\u00eddas em 2015. Outras 28% estavam em andamento e 17%, paralisadas. Os dados s\u00e3o do relat\u00f3rio De Olho no PAC daquele ano, tamb\u00e9m listados pela FGV Ibre.<\/p>\n

Em agosto do ano passado, o governo lan\u00e7ou a terceira edi\u00e7\u00e3o do PAC, com investimentos p\u00fablicos da ordem de R$ 240 bilh\u00f5es e valor total de R$ 1 trilh\u00e3o quando contabilizadas as parcerias privadas. Mas n\u00e3o h\u00e1 garantias de que a efici\u00eancia na execu\u00e7\u00e3o e conclus\u00e3o das obras e na aplica\u00e7\u00e3o dos recursos p\u00fablicos ou privados \u2013 incluindo os fundos de pens\u00e3o \u2013 ser\u00e1 diferente do observado anteriormente.<\/p>\n

O professor Josilmar Cordenonssi avalia que a \u201ctenta\u00e7\u00e3o\u201d do governo sobre os recursos dos fundos \u00e9 ainda maior em raz\u00e3o da luta travada com o Congresso Nacional pelo controle do Or\u00e7amento. \u201cNo Congresso, est\u00e1 dif\u00edcil diminuir o espa\u00e7o das verbas para emendas dos parlamentares\u201d.<\/p>\n

Com isso, o governo tem recursos limitados para financiar o PAC, que \u00e9 sua grande \u201cvitrine\u201d. \u201cEnt\u00e3o, est\u00e3o vendo os fundos de pens\u00e3o como um canal para viabilizar esses projetos, n\u00e9?\u201d, conclui.<\/p>\n<\/div>\n

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Fonte : Gazeta do Povo<\/p>\n

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