As despesas de consumo da administra\u00e7\u00e3o p\u00fablica, tamb\u00e9m conhecidas como gastos do governo, cresceram mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) nos \u00faltimos tr\u00eas trimestres, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica (IBGE).<\/p>\n
No segundo trimestre de 2023, quando a atividade econ\u00f4mica aumentou 0,8% em rela\u00e7\u00e3o aos tr\u00eas primeiros meses do ano, os gastos do governo cresceram 1,1%. Na sequ\u00eancia, enquanto o PIB permaneceu estagnado, as despesas governamentais subiram 0,6% no terceiro trimestre e 0,9% no quarto. Os n\u00fameros refletem desembolsos da Uni\u00e3o, dos estados e dos munic\u00edpios.<\/p>\n
Essa \u00e9 a maior sequ\u00eancia de trimestres consecutivos em que o gasto p\u00fablico avan\u00e7a mais do que a economia desde 2015-16, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), per\u00edodo marcado por forte recess\u00e3o. Naquela \u00e9poca, foram cinco trimestres seguidos de aumento de despesas da administra\u00e7\u00e3o p\u00fablica em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 atividade econ\u00f4mica.<\/p>\n
Com o avan\u00e7o recente, o consumo dos governos representou 21% do PIB no quarto trimestre de 2023, o maior percentual em tr\u00eas anos. No pico anterior, em 2020, os gastos p\u00fablicos haviam sido inflados pelas despesas de combate \u00e0 pandemia de Covid-19.<\/p>\n
Essa tend\u00eancia coincide com um momento mais \u201cdirigista\u201d do presidente Luiz In\u00e1cio Lula da Silva (PT) em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 economia. Ele est\u00e1 insistindo em influenciar na escolha do presidente da Vale, maior empresa privada do pa\u00eds, e declarou recentemente que as empresas precisam seguir a orienta\u00e7\u00e3o do governo em suas decis\u00f5es.<\/p>\n
Apesar de o setor p\u00fablico ter come\u00e7ado 2024 com super\u00e1vit prim\u00e1rio (mais receitas do que despesas, sem contar gastos com a d\u00edvida) de R$ 102,1 bilh\u00f5es em janeiro, e com arrecada\u00e7\u00e3o tribut\u00e1ria mais forte, os n\u00fameros negativos das contas p\u00fablicas persistem.<\/p>\n
\u201cO setor p\u00fablico registrou um forte super\u00e1vit em janeiro devido a uma sazonalidade positiva\u201d, explica o economista Tiago Sbardelotto, da XP Investimentos. Ele aponta que a din\u00e2mica do governo central foi favorecida por fatores extraordin\u00e1rios, como a tributa\u00e7\u00e3o sobre os rendimentos acumulados dos fundos exclusivos, al\u00e9m da reonera\u00e7\u00e3o de PIS\/Cofins sobre os combust\u00edveis.<\/p>\n
Segundo dados do Banco Central, no acumulado em 12 meses, o d\u00e9ficit prim\u00e1rio foi de R$ 246 bilh\u00f5es, o equivalente a 2,25% do PIB. Houve uma pequena queda de 0,04 ponto percentual em rela\u00e7\u00e3o ao registrado em dezembro de 2023.<\/p>\n
Os n\u00fameros do ano passado foram influenciados, em parte, pela autoriza\u00e7\u00e3o dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o pagamento de precat\u00f3rios atrasados. Mesmo sem eles, o Minist\u00e9rio da Fazenda admite que o d\u00e9ficit prim\u00e1rio ficaria na casa de 1% do PIB. E as expectativas de mercado para 2024 s\u00e3o de novo d\u00e9ficit, agora de 0,79% do PIB, de acordo com a mediana das proje\u00e7\u00f5es coletadas pelo boletim Focus, do Banco Central.<\/p>\n
Segundo a XP Investimentos, a melhor arrecada\u00e7\u00e3o federal em janeiro n\u00e3o afeta as expectativas para o restante do ano. Ela cresceu 6,7% em rela\u00e7\u00e3o ao mesmo m\u00eas do ano passado.<\/p>\n
A situa\u00e7\u00e3o das receitas para este ano, entretanto, n\u00e3o \u00e9 confort\u00e1vel. O governo recuou e manteve o programa de desonera\u00e7\u00e3o da folha de pagamentos para 17 segmentos de atividade econ\u00f4mica neste ano.<\/p>\n
Outros recuos do governo foram no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e na contribui\u00e7\u00e3o previdenci\u00e1ria especial para munic\u00edpios. Inclu\u00eddas na MP 1202, editada no final do ano passado, elas ser\u00e3o tratadas em projeto de lei.<\/p>\n
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o projeto de lei propor\u00e1 uma vers\u00e3o do Perse mais focada nos setores que mais precisam e n\u00e3o na extin\u00e7\u00e3o imediata do programa. A proposta ser\u00e1 encaminhada com urg\u00eancia, o que d\u00e1 prazo de 45 dias para o Congresso avaliar o assunto.<\/p>\n
Haddad tamb\u00e9m afirmou que, tanto no Perse quanto na desonera\u00e7\u00e3o da folha de pagamento, \u00e9 preciso fazer mudan\u00e7as nos projetos para avaliar o tamanho que ter\u00e3o. S\u00f3 assim ser\u00e1 poss\u00edvel definir seus custos.<\/p>\n
Segundo o head<\/em> de an\u00e1lises pol\u00edticas da Warren Investimentos, Erich Decat, Haddad recuou duas casas no tabuleiro pol\u00edtico. \u201cAo desmembrar a MP [1202], o governo abre tr\u00eas frentes de discuss\u00e3o ao mesmo tempo sobre temas sens\u00edveis aos congressistas. Pegando as recentes vota\u00e7\u00f5es dentro do Congresso e o fator elei\u00e7\u00f5es municipais, consideramos que hoje o cen\u00e1rio sobre os desfechos de cada uma das propostas \u00e9 incerto\u201d, afirmou em nota.<\/p>\n Do lado das despesas, o aumento no n\u00famero de benefici\u00e1rios e o reajuste real (acima da infla\u00e7\u00e3o) do sal\u00e1rio m\u00ednimo continuam a pressionar os gastos previdenci\u00e1rios. Esses e as despesas com o Benef\u00edcio de Presta\u00e7\u00e3o Continuada (BPC) parecem subestimados no or\u00e7amento p\u00fablico, aponta Sbardelotto: \u201cDado o limite imposto pelo arcabou\u00e7o fiscal, ser\u00e1 necess\u00e1rio reduzir outras despesas para acomodar essas press\u00f5es\u201d.<\/p>\n O endividamento p\u00fablico, medido pela d\u00edvida bruta do governo geral, aumentou em janeiro para 75% do PIB, o maior valor desde julho de 2022. Um dos fatores que pesaram foi a emiss\u00e3o de R$ 185,3 bilh\u00f5es em d\u00edvida p\u00fablica federal, a maior para o m\u00eas na s\u00e9rie hist\u00f3rica do Tesouro Nacional.<\/p>\n A tend\u00eancia \u00e9 de continuidade no crescimento da d\u00edvida Esse cen\u00e1rio econ\u00f4mico um pouco mais positivo faz com que o O economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, acredita que a receita do governo vai se estabilizar em um patamar insuficiente e que a redu\u00e7\u00e3o gradual das despesas tamb\u00e9m dever\u00e1 conduzir a uma lenta retra\u00e7\u00e3o do d\u00e9ficit prim\u00e1rio do governo central, alcan\u00e7ando-se o equil\u00edbrio somente em 2031.<\/p>\n Segundo ele, a redu\u00e7\u00e3o gradual do d\u00e9ficit prim\u00e1rio manter\u00e1 a As estimativas da corretora indicam que o endividamento deve atingir 80,6% do PIB em 2026 e 88,8% em 2033.<\/p>\n<\/div>\n source <\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" As despesas de consumo da administra\u00e7\u00e3o p\u00fablica, tamb\u00e9m conhecidas como gastos do governo, cresceram mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) nos \u00faltimos tr\u00eas trimestres, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica (IBGE). No segundo trimestre de 2023, quando a atividade econ\u00f4mica aumentou 0,8% em rela\u00e7\u00e3o aos… Continue lendo D\u00edvida p\u00fablica tem maior n\u00edvel desde julho de 2022 e pode subir at\u00e9 2033<\/h2>\n
\np\u00fablica nos pr\u00f3ximos anos, por\u00e9m em um ritmo mais moderado em fun\u00e7\u00e3o de um
\nresultado fiscal melhor, dos menores juros e do crescimento econ\u00f4mico um pouco
\nmais favor\u00e1vel. \u201cMantido o arcabou\u00e7o fiscal vigente, a d\u00edvida p\u00fablica
\ndever\u00e1 se estabilizar somente no in\u00edcio da pr\u00f3xima d\u00e9cada\u201d, diz o analista
\nda XP.<\/p>\n
\ngoverno ganhe tempo para mudar a meta fiscal. A XP aponta que tanto a
\narrecada\u00e7\u00e3o mais forte quanto o pacote de eleva\u00e7\u00e3o de receitas devem adiar a
\nimplementa\u00e7\u00e3o dessa medida para o segundo semestre do ano, durante a discuss\u00e3o
\ndo or\u00e7amento de 2025.<\/p>\n
\ntrajet\u00f3ria de aumento do endividamento p\u00fablico a taxas decrescentes at\u00e9 2033.
\n\u201cA redu\u00e7\u00e3o da taxa de juros colabora para conter a d\u00edvida\/PIB, mas \u00e9
\ninsuficiente para levar \u00e0 estabiliza\u00e7\u00e3o no horizonte conhecido\u201d, escreveu
\nele em relat\u00f3rio distribu\u00eddo a clientes.<\/p>\n
Fonte : Gazeta do Povo<\/p>\n