{"id":281,"date":"2024-02-14T07:39:33","date_gmt":"2024-02-14T10:39:33","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/281"},"modified":"2024-02-14T07:39:33","modified_gmt":"2024-02-14T10:39:33","slug":"fatores-que-aumentam-o-risco-de-fragilidade-na-velhice-sao-diferentes-entre-homens-e-mulheres","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/281","title":{"rendered":"Fatores que aumentam o risco de fragilidade na velhice s\u00e3o diferentes entre homens e mulheres"},"content":{"rendered":"
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Estudo divulgado por pesquisadores da Universidade Federal de S\u00e3o Carlos (UFSCar) e da University College London (Reino Unido) identificou que os fatores que aumentam o risco de fragilidade na velhice s\u00e3o diferentes entre homens e mulheres.<\/p>\n

De acordo com resultados publicados na revista Archives of Gerontology and Geriatrics, h\u00e1 maior risco de desenvolver a s\u00edndrome da fragilidade em homens com osteoporose, baixo peso, doen\u00e7as card\u00edacas e com percep\u00e7\u00e3o da audi\u00e7\u00e3o avaliada como ruim. J\u00e1 entre as mulheres, o risco est\u00e1 associado a alta concentra\u00e7\u00e3o sangu\u00ednea de fibrinog\u00eanio (um marcador de doen\u00e7a cardiovascular), diabetes e acidente vascular cerebral (AVC).<\/p>\n

As conclus\u00f5es se baseiam na an\u00e1lise de dados de 1.747 pessoas idosas que integram o English Longitudinal Study of Ageing (Estudo Elsa), pesquisa populacional realizada no Reino Unido. Os indiv\u00edduos foram avaliados de quatro em quatro anos entre 2004 e 2016. Para este trabalho, os pesquisadores selecionaram pessoas com 60 anos ou mais e que inicialmente n\u00e3o tinham a s\u00edndrome da fragilidade e nem pr\u00e9-fragilidade, ou seja, quando est\u00e3o presentes um ou dois fatores mencionados anteriormente.<\/p>\n

\u201cA s\u00edndrome da fragilidade serve como um sinal amarelo para desfechos negativos em pessoas idosas. Chegou-se a acreditar que ela se dava por uma via \u00fanica, mas nosso estudo refor\u00e7a que diferentes percursos podem levar \u00e0 fragilidade em pessoas idosas. Identificar diferen\u00e7as nesse processo entre homens e mulheres \u00e9 importante para a formula\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas p\u00fablicas. Isso pode ter reflexos na aten\u00e7\u00e3o b\u00e1sica de sa\u00fade e resultar em planos de a\u00e7\u00e3o e interven\u00e7\u00e3o em pessoas idosas mais focados no g\u00eanero\u201d, explica Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da UFSCar e autor do estudo, que foi financiado pela FAPESP.<\/p>\n

Alexandre explica que a s\u00edndrome da fragilidade tem um fen\u00f3tipo (ou conjunto de sinais e sintomas facilmente identific\u00e1veis) criado para detectar previamente pessoas em maior risco de sofrer uma queda, hospitaliza\u00e7\u00f5es, incapacidade e morte precoce.<\/p>\n

\u201cO que fizemos nesse estudo foi retornar alguns passos antes desse processo se iniciar e identificar quais caracter\u00edsticas ao longo da vida dessas pessoas idosas podem acarretar a fragilidade. Isso porque sabemos que, quando se pensa em envelhecimento e qualidade de vida no envelhecimento, \u00e9 muito importante saber os principais fatores de risco para se antecipar aos problemas, pois desse modo podemos direcionar as pol\u00edticas p\u00fablicas para homens e mulheres\u201d, diz.<\/p>\n

O trabalho \u00e9 fruto da tese de doutorado de Dayane Capra de Oliveira, conduzida sob orienta\u00e7\u00e3o de Alexandre. Oliveira explica que, embora a fragilidade seja uma ferramenta baseada nas quest\u00f5es biol\u00f3gicas do indiv\u00edduo, a diferen\u00e7a encontrada entre os fatores de risco que levam homens e mulheres a desenvolver a s\u00edndrome est\u00e1 ancorada nos distintos pap\u00e9is sociais e acesso a recursos ao longo da vida.<\/p>\n

\u201cO interessante do estudo tamb\u00e9m est\u00e1 em perceber essas quest\u00f5es multifatoriais relacionadas \u00e0 fragilidade. Enquanto os fatores socioecon\u00f4micos, dist\u00farbios musculoesquel\u00e9ticos, doen\u00e7as card\u00edacas e baixo peso parecem sustentar o processo de fragilidade nos homens, nas mulheres o processo parece estar ancorado em dist\u00farbios cardiovasculares e neuroend\u00f3crinos\u201d, diz Oliveira.<\/p>\n

Vale destacar que a s\u00edndrome da fragilidade \u00e9 mais comum em mulheres do que em homens, at\u00e9 porque a expectativa de vida das mulheres \u00e9 maior. \u201cEssa \u00e9 uma quest\u00e3o complexa, que est\u00e1 ancorada nas diferen\u00e7as da expectativa de vida entre os dois g\u00eaneros e nos tipos de doen\u00e7as mais prevalentes entre homens e mulheres. Basicamente, as mulheres s\u00e3o mais afetadas por doen\u00e7as cr\u00f4nicas que n\u00e3o matam, mas geram incapacidade. Ent\u00e3o, como uma consequ\u00eancia dessa realidade, elas vivem mais tempo e podem desenvolver mais a s\u00edndrome de fragilidade do que os homens\u201d, explica Alexandre.<\/p>\n

Diferen\u00e7as e semelhan\u00e7as<\/strong><\/p>\n

Os pesquisadores explicam que, apesar de homens e mulheres apresentarem alguns fatores de risco semelhantes para a fragilidade \u2013 como idade avan\u00e7ada, baixa escolaridade, sedentarismo e sintomas depressivos, por exemplo \u2013, diferen\u00e7as na composi\u00e7\u00e3o corporal e localiza\u00e7\u00e3o de deposi\u00e7\u00e3o de gordura entre os dois sexos ao longo da vida e na velhice podem desencadear aparecimento de componentes de fragilidade de forma direta ou indireta, mediando altera\u00e7\u00f5es metab\u00f3licas que culminam no surgimento de doen\u00e7as que aumentam o risco de fragilidade.<\/p>\n

\u201c\u00c9 claro que o nosso estudo \u00e9 uma an\u00e1lise que leva em considera\u00e7\u00e3o a realidade de g\u00eanero de pessoas que hoje t\u00eam mais de 60 anos e vivem na Inglaterra. N\u00e3o sabemos como isso se daria nas pr\u00f3ximas gera\u00e7\u00f5es. Mas o fato \u00e9 que, para as pessoas dessa gera\u00e7\u00e3o que estudamos, os homens eram mais expostos a v\u00e1rias quest\u00f5es laborais consideradas fatores de risco para doen\u00e7as. A alimenta\u00e7\u00e3o deles era menos saud\u00e1vel, eles n\u00e3o consultavam m\u00e9dicos tanto quanto as mulheres [portanto, havia menos diagn\u00f3stico precoce] e tinham maior consumo de \u00e1lcool e exposi\u00e7\u00e3o a agentes nocivos, o que aumenta o risco de doen\u00e7as cardiovasculares, como o infarto\u201d, explica Alexandre.<\/p>\n

J\u00e1 as mulheres daquela mesma gera\u00e7\u00e3o, afirma o pesquisador, s\u00e3o mais afetadas por doen\u00e7as cr\u00f4nicas: que matam menos, mas incapacitam. \u201cPortanto, essa realidade diferente entre os g\u00eaneros surge como um pano de fundo ao longo de toda uma vida e que culmina em um processo de envelhecimento e causas de morte, incapacidade e fragilidade diferentes entre homens e mulheres\u201d, complementa.<\/p>\n

\u00a0<\/p>\n

Confira o estudo \u201cDoes the incidence of frailty differ between men and women over time? \u201d<\/a><\/strong><\/p>\n

\u00a0<\/p>\n

Fonte:<\/strong><\/p>\n

Maria Fernanda Ziegler \u2013 Ag\u00eancia Fapesp<\/a><\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Estudo divulgado por pesquisadores da Universidade Federal de S\u00e3o Carlos (UFSCar) e da University College London (Reino Unido) identificou que os fatores que aumentam o risco de fragilidade na velhice s\u00e3o diferentes entre homens e mulheres. De acordo com resultados publicados na revista Archives of Gerontology and Geriatrics, h\u00e1 maior… Continue lendo → <\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-281","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-sem-categoria"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/281","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=281"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/281\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=281"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=281"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=281"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}