{"id":277160,"date":"2025-04-13T10:02:02","date_gmt":"2025-04-13T13:02:02","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/277160"},"modified":"2025-04-13T10:02:02","modified_gmt":"2025-04-13T13:02:02","slug":"o-futuro-distopico-e-altamente-tecnologico-de-black-mirror-mas-em-uma-realidade-identificavel","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/277160","title":{"rendered":"O futuro dist\u00f3pico e altamente tecnol\u00f3gico de Black Mirror (mas em uma \u201crealidade identific\u00e1vel\u201d)"},"content":{"rendered":"
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Black Mirror<\/em> chega \u00e0 s\u00e9tima temporada com mais especula\u00e7\u00f5es sobre o impacto dos avan\u00e7os tecnol\u00f3gicos nos relacionamentos humanos. E, mais uma vez, o time por tr\u00e1s da s\u00e9rie brit\u00e2nica de fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica consegue acentuar o sentimento de desespero e desola\u00e7\u00e3o, quando o progresso parece ir longe demais, criando uma sociedade dist\u00f3pica.<\/p>\n
E como explicar o fen\u00f4meno cultural em torno da s\u00e9rie, criada por Charlie Brooker? Muitas vezes, o showrunner<\/em> ingl\u00eas \u00e9 chamado de \u201cg\u00eanio do mal\u201d pelo modo como explora as obsess\u00f5es, as ansiedades e os medos ligados a um mundo cada vez mais high-tech.<\/p>\n
\u201cBlack Mirror<\/em> vive e morre pelo seu tom. Sempre foi assim. Muitos da equipe, especialmente Charlie, est\u00e3o de olho nisso o tempo todo\u201d, contou a atriz e roteirista Rashida Jones, ao abordar a tend\u00eancia sinistra que costuma predominar nas tramas da s\u00e9rie. O mesmo se repete na nova temporada, de seis epis\u00f3dios, j\u00e1 dispon\u00edvel no cat\u00e1logo da Netflix.<\/p>\n
Jones \u00e9 uma das protagonistas do primeiro epis\u00f3dio, Common People<\/em>, na pele de professora que recebe um implante cerebral, ap\u00f3s extrair tumor. O problema \u00e9 que se trata de um servi\u00e7o experimental, oferecido por uma startup, com funcionamento parecido com o de um celular. Ou seja, exigindo assinatura, plano de cobertura e manuten\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Como os pre\u00e7os se revelam abusivos, a professora acaba virando uma garota propaganda ambulante. Sim, ela \u00e9 obrigada a veicular an\u00fancios para manter o servi\u00e7o, pagando o m\u00ednimo poss\u00edvel. A situa\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 muito diferente do que j\u00e1 acontece com o assinante das plataformas de streaming.<\/p>\n
Al\u00e9m de atriz na s\u00e9rie, Jones assinou o roteiro do epis\u00f3dio Nosedive<\/em>, da terceira temporada, exibida em 2016.<\/p>\n
Aqui Bryce Dallas Howard vivia em um mundo onde cada a\u00e7\u00e3o recebia uma nota no espa\u00e7o virtual em tempo real, determinando a pontua\u00e7\u00e3o e, consequentemente, o estilo de vida das pessoas.<\/p>\n
\u201cAs hist\u00f3rias de Black Mirror <\/em>n\u00e3o podem ser sombrias demais. Nem secas ou mon\u00f3tonas. Mas tamb\u00e9m n\u00e3o podem seguir um arco narrativo t\u00edpico de uma sitcom<\/em>\u201d, disse Jones, em painel virtual, do qual o NeoFeed<\/strong> participou.<\/p>\n
Para a atriz e roteirista, a s\u00e9rie funciona porque suas hist\u00f3rias se desenrolam em uma \u201crealidade identific\u00e1vel\u2019\u2019, apesar dos exageros que costumam surgir ao longo da narrativa.<\/p>\n
\u201cNo come\u00e7o de Common People<\/em>, o p\u00fablico acompanha a rotina de um casal como qualquer outro [com Jones contracenando com Chris O\u2019Dowd]<\/em>. Isso ajuda no choque de realidade tecnol\u00f3gica e na virada obscura\u201d, explicou.<\/p>\n
A\u00ed est\u00e1 a genialidade do trabalho de Charlie, na opini\u00e3o da atriz: \u201cEle consegue manter as hist\u00f3rias pessoais, epis\u00f3dio ap\u00f3s epis\u00f3dio, temporada ap\u00f3s temporada. E \u00e9 isso que diferencia Black Mirror<\/em> de document\u00e1rios que exploram o futuro da ci\u00eancia, como isso vai nos afetar e se o avan\u00e7o valer\u00e1 a pena moralmente. Aqui voc\u00ea tem um gostinho de como ser\u00e1\u201d.<\/p>\n
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\n Muitas vezes, Charlie Brooker, o criador da s\u00e9rie, \u00e9 chamado \u201cg\u00eanio do mal\u201d pelo modo como explora as obsess\u00f5es, as ansiedades e os medos ligados a um mundo cada vez mais high-tech (Foto: Nick Wall\/Netflix)\n <\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n
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\n \u201cO que Charlie [o criador do programa] faz de forma brilhante \u00e9 atingir o equil\u00edbrio entre o horr\u00edvel e o mundano\u201d, analisa Cristin Milioti, do elenco do epis\u00f3dio \u201cUSS Callister: Into Infinity\u201d (Foto: Nick Wall\/Netflix)\n <\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n
Para Tracee Ellis Ross, que contracena com Jones, como a representante da startup, a s\u00e9tima temporada representa um \u201cretorno \u00e0s origens da s\u00e9rie\u201d. Embora nunca tenha perdido a sua relev\u00e2ncia, Black Mirror<\/em> enfrentou altos e baixos, sobretudo na quinta temporada, a que menos agradou \u2013 tanto o p\u00fablico quanto a cr\u00edtica.<\/p>\n
\u201cO primeiro epis\u00f3dio [da nova safra]<\/em> se aproxima muito da primeira temporada, nos levando de volta. Ele \u00e9 um daqueles mais marcantes, por ser dos mais assustadores\u201d, comentou ela.<\/p>\n
V\u00e1rias outras tecnologias tomam rumos perigosos nos novos epis\u00f3dios. Como a reconstitui\u00e7\u00e3o artificial de um filme antigo, com a inser\u00e7\u00e3o de uma atriz contempor\u00e2nea no elenco, em Hotel Reverie<\/em>, ou o servi\u00e7o que instiga a mem\u00f3ria do usu\u00e1rio, mesmo que as lembran\u00e7as sejam dolorosas, em Eulogy<\/em>.<\/p>\n
No epis\u00f3dio USS Callister: Into Infinity<\/em>, que representa a primeira continua\u00e7\u00e3o j\u00e1 feita na s\u00e9rie (ao dar sequ\u00eancia \u00e0 a\u00e7\u00e3o de USS Callister<\/em>, exibido em 2017), clones de humanos continuam presos em um videogame.<\/p>\n
A trama do g\u00eanio da programa\u00e7\u00e3o que roubou o DNA dos colegas, para se vingar dos mesmos no espa\u00e7o virtual, merece mesmo ser revisitada. Sobretudo pelo humor, ao apresentar uma par\u00f3dia de Star Trek<\/em>. Essa \u00e9 outra caracter\u00edstica que favorece o sucesso de Black Mirror<\/em>\u00a0\u2013 ainda que alguns epis\u00f3dios sejam mais bem-sucedidos do que outros ao balancearem a vis\u00e3o desastrosa do futuro com a s\u00e1tira.<\/p>\n
\u201cO que Charlie faz de forma brilhante \u00e9 atingir o equil\u00edbrio entre o horr\u00edvel e o mundano. Mesmo presos em um mundo virtual, n\u00f3s, os personagens, assistimos a Real Housewives <\/em>na TV\u2019\u2019, contou, rindo, a atriz Cristin Milioti, do elenco de USS Callister: Into Infinity<\/em>, que tamb\u00e9m participou do painel.<\/p>\n
Para o ator Jimmi Simpson, outro nome do novo epis\u00f3dio inspirado no universo dos games, a s\u00e9rie passou da fase de fazer previs\u00f5es tecnol\u00f3gicas.<\/p>\n
Como ele disse: \u201cCom o mundo estranho do jeito que est\u00e1, com todos n\u00f3s temendo o que est\u00e1 por vir, onde quer que o humano esteja, seja no espa\u00e7o, na internet ou no videogame, tudo o que ele quer \u00e9 conex\u00e3o. E \u00e9 isso que as hist\u00f3rias de Black Mirror<\/em>\u201d refletem cada mais vez\u201d.<\/p>\n<\/div>\n