{"id":269240,"date":"2025-04-05T04:24:11","date_gmt":"2025-04-05T07:24:11","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/269240"},"modified":"2025-04-05T04:24:11","modified_gmt":"2025-04-05T07:24:11","slug":"documentario-mostra-praia-de-vitoria-que-sumiu-parte-da-nossa-historia-foi-desenterrada","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/269240","title":{"rendered":"Document\u00e1rio mostra praia de Vit\u00f3ria que sumiu: ‘parte da nossa hist\u00f3ria foi desenterrada’"},"content":{"rendered":"

“Su\u00e1, a praia que sumiu” levou mais de tr\u00eas anos para ser feito e traz relatos de v\u00e1rios moradores que moravam no bairro Praia do Su\u00e1, em Vit\u00f3ria. Local foi aterrado no in\u00edcio da d\u00e9cada de 1970. O mar e a areia deram espa\u00e7o para pr\u00e9dios, pra\u00e7as e avenidas. Document\u00e1rio conta a hist\u00f3ria de praia que sumiu em Vit\u00f3ria
\nUm bairro de Vit\u00f3ria carrega “praia” no nome, mas a Praia do Su\u00e1 de hoje em dia n\u00e3o tem mais praia, nem sua tradicional faixa de areia ou barulho das ondas. Com o passar dos anos, o local foi aterrado, dando espa\u00e7o para pr\u00e9dios, ruas asfaltadas e movimento di\u00e1rio de carros no lugar de banhistas.
\nEssas curiosidades sobre o bairro despertaram o interesse da historiadora e moradora da regi\u00e3o, Tha\u00eds Helena Leite. Ela produziu um document\u00e1rio que mostra a hist\u00f3ria do aterramento da praia. O filme vai ter sua pr\u00e9-estreia neste s\u00e1bado (5), na Igreja de S\u00e3o Pedro, que fica na regi\u00e3o.
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\nAtualmente, a praia frequentada por banhistas e que fica mais pr\u00f3xima da Praia do Su\u00e1 est\u00e1 a mais de 2 quil\u00f4metros de dist\u00e2ncia. \u00c9 a Cruva da Jurema. Apesar dessas mudan\u00e7as ao longo dos anos, a Praia do Su\u00e1, no entanto, ainda \u00e9 um dos bairros mais tradicionais da Capital quando o assunto \u00e9 pescaria. Suas ruas ainda abrigam v\u00e1rias peixarias e uma col\u00f4nia de pescadores.
\nAlgumas imagens (veja abaixo) mostram o antigo Hospital de S\u00e3o Pedro com a \u00e1gua da praia praticamente batendo na porta principal. No local havia at\u00e9 um p\u00eder. A estrutura segue de p\u00e9, com a famosa est\u00e1tua de S\u00e3o Pedro l\u00e1 no alto da constru\u00e7\u00e3o, mas com uma nova utilidade: o local virou o pronto atendimento do bairro.
\nAinda pelas ruas do bairro, o mar deu lugar a uma biblioteca estadual, v\u00e1rios pr\u00e9dios e pracinhas.
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\nO document\u00e1rio “Su\u00e1, a praia que sumiu” possui 13 minutos e \u00e9 dividido em dois blocos. A primeira parte mostra como era o bairro com a presen\u00e7a da praia, os moradores aproveitando o mar e conta at\u00e9 com registros de filmagens de 1926.
\nJ\u00e1 o segundo bloco foca nas obras do aterramento, que tiveram in\u00edcio nos anos 1970, durante o regime militar, e como o bairro ficou ap\u00f3s as mudan\u00e7as com a conclus\u00e3o da obra, em 1979.
\nA produ\u00e7\u00e3o foi atr\u00e1s de v\u00e1rios moradores antigos que relataram tamb\u00e9m como foi perder a vista para a praia e ganharam uma vis\u00e3o para o asfalto, tudo em nome da moderniza\u00e7\u00e3o.
\nPesquisa por quase cinco anos
\nA diretora do filme contou que pesquisa come\u00e7ou a ser feita em 2021 e o filme ficou pronto em fevereiro de 2025.
\n“Eu sou de S\u00e3o Paulo, mas moro no estado h\u00e1 38 anos e moro no bairro desde o come\u00e7o dos anos 2000. Eu comecei a me questionar: ‘como eu moro em um bairro chamado Praia do Su\u00e1 e ele n\u00e3o tem praia? Cad\u00ea a praia?'”, disse Thais Helena.
\nBairro Praia do Su\u00e1 em Vit\u00f3ria, Esp\u00edrito Santo, antes de obra de aterramento na d\u00e9cada de 70
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/Document\u00e1rio Su\u00e1, a praia que sumiu
\nA historiadora come\u00e7ou, ent\u00e3o, a pesquisar em acervos hist\u00f3ricos imagens que mostravam a praia que n\u00e3o existe mais, al\u00e9m de recuperar a mem\u00f3ria de moradores antigos.
\n“O document\u00e1rio \u00e9 todo com imagens de arquivo, com uma parte principal em arquivos p\u00fablicos, no arquivo nacional do Rio de Janeiro, na midiateca. Ent\u00e3o, eu fiquei dois anos debru\u00e7ada sobre a Praia do Su\u00e1, mergulhando no bairro”, comentou.
\nO filme conta uma equipe de 19 pessoas, dentre elas, moradores do bairro. Al\u00e9m da pr\u00e9-estreia em Vit\u00f3ria, o document\u00e1rio foi inscrito em pelo menos dez festivais nacionais, n\u00e3o s\u00f3 no Esp\u00edrito Santo, mas no S\u00e3o Paulo, Rio e outros estados, al\u00e9m de tr\u00eas internacionais, em Portugal, Alemanha e Espanha.
\n“Foi uma experi\u00eancia maravilhosa, eu sou uma apaixonada pela hist\u00f3ria, principalmente pela hist\u00f3ria do Esp\u00edrito Santo. Fazer essa descoberta, trazer isso a tona e mostrar como era o bairro, como ele era interessante… Isso me encantou”, pontuou.
\nMar deu lugar ao asfalto
\nPraia do Su\u00e1 frequentada por banhistas em Vit\u00f3ria no final dos anos 20. Na d\u00e9cada de 70 praia foi aterrada em Vit\u00f3ria, Esp\u00edrito Santo
\nPaschoal Nardone 1928
\nDezoito entrevistas foram feitas para resgatar a mem\u00f3ria da praia que sumiu. Uma das moradoras que ajudou na constru\u00e7\u00e3o do document\u00e1rio foi a ge\u00f3grafa L\u00facia Helena Pazzini, de 63 anos, que est\u00e1 at\u00e9 hoje no bairro.
\nEm entrevista ao g1, ela se disse nost\u00e1lgica ao relembrar dos momentos em que o mar batia na porta das casas. Da \u00e9poca em que brincar na praia \u00e9 rotina comum.
\n“A minha inf\u00e2ncia toda foi nesse lugar. O aterramento come\u00e7ou quando eu tinha uns 11 anos, por volta ali de 1972. Eu cresci com o mar praticamente na minha porta, era a nossa principal via de lazer, eu mergulhava embaixo dos barcos. Fazia parte do nosso cotidiano. \u00c9 muito diferente viver em um lugar t\u00e3o pr\u00f3ximo assim do mar. Tinha o frescor, a brisa, e o mar era tudo pra gente”, comentou a ge\u00f3grafa.
\nHospital S\u00e3o Pedro na Praia do Su\u00e1 em Vit\u00f3ria, Esp\u00edrito Santo, antes de aterramento realizado na d\u00e9cada de 70. Est\u00e1tua de S\u00e3o Pedro permanece at\u00e9 hoje no local
\nPaulo Bonino
\nDurante o per\u00edodo da obra, L\u00facia Helena relembrou que muitos moradores n\u00e3o tinham no\u00e7\u00e3o da diferen\u00e7a que o aterramento faria ao cen\u00e1rio.
\n“A gente era crian\u00e7a e n\u00e3o entendia muito bem a obra. Lembro das dunas imensas, de muitas m\u00e1quinas. A gente s\u00f3 via o mar se afastando. E depois do aterro, o bairro mudou muito, principalmente o tr\u00e2nsito. Eu sempre penso: era aqui que eu nadava, aqui achava fundo, e hoje \u00e9 uma pracinha”, destacou.
\nA costureira Miriam Nolasco, de 66 anos, tirava da praia o seu sustento, catando v\u00e1rios animais marinhos para venda.
\n“Eu e meus oito irm\u00e3os mais velhos desc\u00edamos para tentar pegar sururu. A gente se divertia e, ao mesmo tempo, pescada. A gente conseguiu naquela praia aprender a mergulhar e hoje um irm\u00e3o meu \u00e9 at\u00e9 mergulhador profissional. \u00c9 muito bom poder relembrar tudo que eu vivi. Mas, hoje, a impress\u00e3o que eu tenho \u00e9 de que a \u00e1gua pode voltar”, pontuou.
\nPara L\u00facia, filha de pescador, participar do document\u00e1rio serviu para reviver boas lembran\u00e7as da inf\u00e2ncia.
\n“\u00c9 uma homenagem para n\u00f3s moradores antigos. Estou me sentindo muito emocionada e homenageada. Era uma hist\u00f3ria que tinha a tend\u00eancia de ser esquecida. Tiraram o mar de n\u00f3s, mas as marcas ficaram. A est\u00e1tua de S\u00e3o Pedro t\u00e1 ali para lembrar a gente desse passado lindo. O document\u00e1rio desaterrou (e desenterrou) a nossa hist\u00f3ria, pois, parte da nossa hist\u00f3ria foi aterrada com o mar”, destacou.
\nFicha t\u00e9cnica
\nObra de aterramento sendo realizada na Praia do Su\u00e1, em Vit\u00f3ria, acabou com praia que d\u00e1 nome ao bairro em Vit\u00f3ria, Esp\u00edrito Santo
\nAg\u00eancia nacional
\nEntre os recursos visuais utilizados no curta-metragem est\u00e3o produ\u00e7\u00f5es audiovisuais dos cinejornais da Ag\u00eancia Nacional da d\u00e9cada de 1970, al\u00e9m de material de Julio Monjardim, fotos de Paulo Bonino e Douglas Bonella.
\nConta com m\u00fasica composta especialmente para o document\u00e1rio. A \u201cBossa do Su\u00e1\u201d, de Jorge Tarzan, tem o compositor no viol\u00e3o, Edu Szajnbrum na percuss\u00e3o, Roger Vieira no piano e voz feminina de Andrea Ramos. Ainda fazem parte da trilha sonora trechos de m\u00fasicas do \u00e1lbum de Aurora Gordon, o Congo da Banda Amores da Lua e mem\u00f3rias em off de antigos moradores
\nO filme \u201cSu\u00e1, a praia que sumiu\u201d conta com recursos do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), da Secretaria de Cultura do Esp\u00edrito Santo (Secult-ES), tendo sido selecionado por meio do edital de Produ\u00e7\u00e3o Audiovisual.
\nO document\u00e1rio tem classifica\u00e7\u00e3o livre e contar\u00e1 com vers\u00f5es acess\u00edveis, incluindo audiodescri\u00e7\u00e3o, janela de libras e legendas descritivas.
\nServi\u00e7o
\nPr\u00e9-estreia do document\u00e1rio “Su\u00e1, a praia que sumiu”
\nHor\u00e1rio: 16h.
\nLocal: Par\u00f3quia S\u00e3o Pedro, sala 9.
\nEndere\u00e7o: Rua Neves Armond, 55, Praia do Su\u00e1, Vit\u00f3ria.
\nEntrada gratuita
\nV\u00cdDEOS: tudo sobre o Esp\u00edrito Santo
\nVeja o plant\u00e3o de \u00faltimas not\u00edcias do g1 Esp\u00edrito Santo<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

“Su\u00e1, a praia que sumiu” levou mais de tr\u00eas anos para ser feito e traz relatos de v\u00e1rios moradores que moravam no bairro Praia do Su\u00e1, em Vit\u00f3ria. Local foi aterrado no in\u00edcio da d\u00e9cada de 1970. O mar e a areia deram espa\u00e7o para pr\u00e9dios, pra\u00e7as e avenidas. Document\u00e1rio… Continue lendo → <\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-269240","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-sem-categoria"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/269240","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=269240"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/269240\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=269240"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=269240"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=269240"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}