Governo disse nesta quinta (3) que n\u00famero de mortos por conta do terremoto de magnitude 7,7 na semana passada chegou a 3.085. Mais de 300 ainda est\u00e3o desaparecidas. Brasileiro que vive em Mianmar relata cortes de \u00e1gua e energia
\nQuando sentiu o terremoto de magnitude 7,7 que atingiu Mianmar na semana passada, o brasileiro Diogo Alc\u00e2ntara, que vive no pa\u00eds asi\u00e1tico, n\u00e3o percebeu a intensidade do tremor \u2014 ele estava em Yangon, a ex-capital e maior cidade de Mianmar, a cerca de 600 km do epicentro.
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\n“J\u00e1 tinha sentido terremotos aqui antes, e n\u00e3o notei que tinha sido t\u00e3o grande”.
\nFoi s\u00f3 ao ser comunicado pelos efeitos do terremoto no resto do pa\u00eds que o brasileiro, porta-voz em Mianmar da ag\u00eancia da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (ONU) para refugiados (Acnur), teve a dimens\u00e3o do que viria pela frente.
\n“Quase 20 milh\u00f5es dos cerca de 54 milh\u00f5es dos habitantes de Mianmar j\u00e1 precisavam de ajuda humanit\u00e1ria antes do terremoto. As principais rodovias foram destru\u00eddas, um aeroporto foi danificado. Vai ser uma reconstru\u00e7\u00e3o bem duradoura. Foi uma cat\u00e1strofe quase in\u00e9dita no pa\u00eds, que j\u00e1 \u00e9 complicado em tempos normais”, disse Alc\u00e2ntara em entrevista ao g1.
\nMesmo n\u00e3o tendo sido diretamente afetado pelo tremor \u2014 Yangou n\u00e3o registrou danos importantes ou v\u00edtimas \u2014, o brasileiro, que vive h\u00e1 dois anos em Mianmar j\u00e1 sente os efeitos do fen\u00f4meno.
\nUm dos principais s\u00e3o os cortes de \u00e1gua e energia. O fornecimento, que j\u00e1 era regulado com cortes di\u00e1rios pela junta militar que governa o pa\u00eds (leia mais abaixo), ficou ainda mais escasso, e agora sua regi\u00e3o s\u00f3 tem direito a quatro horas de \u00e1gua e energia por dia.
\nAl\u00e9m do pouco tempo de energia, a internet tamb\u00e9m j\u00e1 era limitada em Mianmar. Para conseguir dar entrevista, por exemplo, ele teve de usar uma VPN.
\nNas pr\u00f3ximas semanas, disse Alc\u00e2ntara, os birmaneses tamb\u00e9m esperam aumento da infla\u00e7\u00e3o em produtos b\u00e1sicos e alimenta\u00e7\u00e3o por conta do desabastecimento de alimentos que j\u00e1 atinge o pa\u00eds p\u00f3s-terremoto.
\n“O estoque (de alimentos) vai acabar. O terremoto ocorre em um momento em que as coisas n\u00e3o estavam est\u00e1veis. Na guerra civil, o conflito em si j\u00e1 vinha escalando. E pa\u00edses t\u00eam investido menos em ajuda humanit\u00e1ria em geral”, afirmou.
\nO brasileiro vive em Yangon, a ex-capital e maior cidade do pa\u00eds. \u00c9 l\u00e1 que operam a Acnur e diversas ag\u00eancias de ajuda internacional que atuam no pa\u00eds, mergulhado em uma guerra civil desde que uma junta militar tomou o poder no pa\u00eds, em 2021.
\nA junta militar imp\u00f4s normas como o toque de recolher noturno. Em Yangon, contou Alc\u00e2ntara, era proibido estar na rua entre meia-noite e 4h, mas o governo flexibilizou a norma e diminuiu o hor\u00e1rio do toque de recolher para o per\u00edodo entre 1h e 3h.
\nNas cidades grandes, como Yangon e a capital atual Napidau, os efeitos diretos da guerra civil s\u00e3o pouco sentidos, j\u00e1 que os conflitos ocorrem em maioria nas zonas rurais. “A popula\u00e7\u00e3o de Mianmar \u00e9 muito pulverizada por vilarejos. N\u00e3o existe muita concentra\u00e7\u00e3o de popula\u00e7\u00e3o nas cidades”, contou Alc\u00e2ntara.
\n“J\u00e1 houve ataques em cidades grandes, mas \u00e9 algo raro”.
\nEra o caso de Mandalay, o epicentro do terremoto. Segunda maior cidade de Mianmar, a cidade \u00e9 tamb\u00e9m muito tur\u00edstica por conta dos templos budistas e destinos como Pagan, onde mais de 2 mil santu\u00e1rios se espalham sobre uma \u00e1rea verde de mais de 40 quil\u00f4metros quadrados.
\n“Mandalay foi a primeira cidade que conheci no Mianmar. \u00c9 uma cidade muito viva, com muitos bares, pal\u00e1cios, templos, muito pr\u00f3spera”, contou Alc\u00e2ntara.
\nMandalay \u00e9 tamb\u00e9m a cidade grande mais afetada pela guerra civil no pa\u00eds.
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\nJornal Nacional
\nO n\u00famero de pessoas mortas no terremoto da sexta-feira (28) em Mianmar superou a marca de 3.000, segundo o balan\u00e7o divulgado nesta quinta-feira (3) pela junta militar que governa o pa\u00eds.
\nO porta-voz da junta militar, Zaw Min Tun, declarou que:
\n3.085 pessoas morreram;
\n341 ainda est\u00e3o desaparecidas;
\n4.715 ficaram feridas por conta do tremor.
\nO porta-voz disse ainda que o pa\u00eds recebeu quase 1.000 toneladas de material de emerg\u00eancia e equipamentos de resgate de 17 na\u00e7\u00f5es.
\n“Prosseguimos com as opera\u00e7\u00f5es de busca e resgate. Expressamos nossa gratid\u00e3o \u00e0 comunidade internacional e \u00e0s equipes m\u00e9dicas por seu trabalho incans\u00e1vel”, afirmou.
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