Segundo Trump, um setor que as tarifas tentam proteger \u00e9 a produ\u00e7\u00e3o de roupas. S\u00f3 que hoje, ela \u00e9 praticamente inexistente nos Estados Unidos. Tarifas de importa\u00e7\u00e3o podem aumentar infla\u00e7\u00e3o nos Estados Unidos
\nNo fim da tarde desta quinta-feira (3), Donald Trump disse que tudo est\u00e1 indo como o esperado. Ele comparou a economia a um paciente muito doente que precisou passar por uma cirurgia. Trump repetiu que o objetivo das tarifas \u00e9 favorecer a ind\u00fastria e os trabalhadores dos Estados Unidos. Mas especialistas consideram que s\u00e3o os consumidores americanos que mais v\u00e3o sentir as altas de pre\u00e7os provocadas por essa guerra comercial.
\nAo anunciar as tarifas na quarta-feira (2) na Casa Branca, o presidente Donald Trump convidou o metal\u00fargico Brian Pannebecker para falar dos benef\u00edcios das medidas para a ind\u00fastria automobil\u00edstica, dizendo:
\n\u201cEle entende mais do setor que os economistas\u201d.
\nBrian contou que, ao longo dos anos, viu uma f\u00e1brica fechar atr\u00e1s da outra e declarou apoio \u00e0s taxas de Trump. A ideia do presidente americano com as tarifas \u00e9 que essas f\u00e1bricas voltem aos Estados Unidos depois de d\u00e9cadas de migra\u00e7\u00e3o da ind\u00fastria para outros pa\u00edses para diminuir custos de produ\u00e7\u00e3o.
\nTrump anuncia tarifas sobre produtos importados pelos EUA
\nAs f\u00e1bricas de ve\u00edculos se concentram no chamado Cintur\u00e3o da Ferrugem, principalmente na cidade de Detroit. O economista Chris Douglas, da Universidade de Michigan, explica que a produ\u00e7\u00e3o de carros nos Estados Unidos tamb\u00e9m ser\u00e1 penalizada pelas tarifas de Trump:
\n“As cadeias de produ\u00e7\u00e3o s\u00e3o integradas e recebem pe\u00e7as fabricadas no Canad\u00e1, no M\u00e9xico e at\u00e9 na China. Essas pe\u00e7as ser\u00e3o sujeitas \u00e0s tarifas, e isso vai encarecer os carros produzidos domesticamente\u201d.
\nGuerra comercial: especialistas dizem que americanos v\u00e3o sentir com mais for\u00e7a as altas de pre\u00e7os
\nJornal Nacional\/ Reprodu\u00e7\u00e3o
\nTrump alega que as taxa\u00e7\u00f5es v\u00e3o aquecer a ind\u00fastria americana e gerar empregos. O professor discorda:
\n\u201cA alta dos pre\u00e7os dos carros pode causar uma recess\u00e3o, o que levar\u00e1 \u00e0 perda de empregos. Al\u00e9m disso, se voc\u00ea entrar em uma f\u00e1brica em Michigan, vai ver computadores e rob\u00f4s montando os carros. Se a produ\u00e7\u00e3o aumentar, ser\u00e1 feita por m\u00e1quinas\u201d.
\nJ\u00e1 o Meio-Oeste americano responde pela maior riqueza do pa\u00eds: a agricultura. O professor de economia agr\u00edcola da Universidade de Nebraska John Beghin explica que o setor vai sofrer duplamente:
\n\u201c85% dos fertilizantes que usamos v\u00eam do Canad\u00e1 e ficar\u00e3o mais caros. Al\u00e9m disso, os pa\u00edses que importam nossos produtos, como a China e os europeus, v\u00e3o impor medidas retaliat\u00f3rias, o que vai prejudicar a nossa competitividade\u201d.
\nOutro setor que as tarifas tentam proteger \u00e9 a produ\u00e7\u00e3o de roupas. S\u00f3 que hoje, ela \u00e9 praticamente inexistente nos Estados Unidos: 97% das pe\u00e7as vendidas nos Estados Unidos s\u00e3o fabricadas no exterior, principalmente em pa\u00edses do sudeste da \u00c1sia, como Bangladesh e o Vietn\u00e3 – que ser\u00e3o taxados em 37 e 46%.
\nAinda \u00e9 cedo para saber o impacto das tarifas sobre cada setor da economia americana. Na Costa Oeste, as empresas de tecnologia, por exemplo, podem ser alvo de retalia\u00e7\u00f5es. A produ\u00e7\u00e3o industrial, espalhada pelo pa\u00eds, vai ter problemas com interrup\u00e7\u00f5es na cadeia de suprimentos. E a queda da produ\u00e7\u00e3o pode elevar a infla\u00e7\u00e3o, reduzir os ganhos do mercado financeiro e desacelerar toda a economia em um pa\u00eds em que o consumo interno \u00e9 respons\u00e1vel por dois ter\u00e7os do PIB. O economista Barry Eichengreen, da Universidade da Calif\u00f3rnia, explica:
\n\u201cA infla\u00e7\u00e3o vai subir e temos que nos preocupar com a economia real, com a possibilidade de uma desacelera\u00e7\u00e3o. Uma combina\u00e7\u00e3o de infla\u00e7\u00e3o agora e recess\u00e3o amanh\u00e3. Ser\u00e1 o fim da ordem do com\u00e9rcio globalizado, cada vez mais livre e aberto que conhec\u00edamos at\u00e9 hoje\u201d.
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