{"id":267434,"date":"2025-04-03T13:59:08","date_gmt":"2025-04-03T16:59:08","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/267434"},"modified":"2025-04-03T13:59:08","modified_gmt":"2025-04-03T16:59:08","slug":"um-estudo-acende-um-sinal-amarelo-para-as-empresas-brasileiras","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/267434","title":{"rendered":"Um estudo acende um sinal amarelo para as empresas brasileiras"},"content":{"rendered":"
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Diante dos sinais de que a Selic pode fechar o ano em 15%, atingindo o maior patamar desde o final de maio de 2006, o sinal amarelo est\u00e1 ligado para a quest\u00e3o da alavancagem das empresas.<\/p>\n
A rela\u00e7\u00e3o entre a d\u00edvida l\u00edquida e o Ebitda das companhias est\u00e1 no radar de especialistas ouvidos pelo NeoFeed<\/strong>, que veem ind\u00edcios de que o servi\u00e7o da d\u00edvida come\u00e7a a pressionar muitas empresas, inclusive grandes nomes.<\/p>\n Segundo um levantamento feito pela \u00cdntegra ao NeoFeed<\/strong>, a alavancagem financeira de um grupo de 153 empresas de 10 setores diferentes, sociedades an\u00f4nimas, operacionais e n\u00e3o financeiras, alcan\u00e7ou 2,4 vezes ao fim de 2024. O resultado interrompeu a queda iniciada em 2021, quando a rela\u00e7\u00e3o entre a d\u00edvida l\u00edquida e o Ebitda atingiu 3,3 vezes.<\/p>\n E no momento em que a economia brasileira come\u00e7a a demonstrar ind\u00edcios de desacelera\u00e7\u00e3o, com preju\u00edzos para o desempenho operacional, a situa\u00e7\u00e3o pode fazer com que o n\u00famero de pedidos de recupera\u00e7\u00e3o judicial em 2025 supere o recorde estabelecido no ano passado.<\/p>\n A situa\u00e7\u00e3o \u00e9 particularmente complexa para um grupo de 33 empresas, cerca de 21% do total analisado pela \u00cdntegra. Esse grupo fechou 2024 com uma rela\u00e7\u00e3o entre d\u00edvida l\u00edquida e Ebitda superior a 3,5 vezes, superando o patamar de 3 vezes considerado por especialistas como limite saud\u00e1vel e que \u00e9 muitas vezes aplicado como covenant<\/em> de d\u00edvidas emitidas.<\/p>\n \u201cO custo da d\u00edvida no Brasil est\u00e1 alto e precisa ser pago num curto espa\u00e7o de tempo\u201d, diz Renato Franco, s\u00f3cio-fundador da \u00cdntegra Associados, consultoria especializada em reestrutura\u00e7\u00e3o de empresas. \u201c\u00c9 uma travessia potencialmente complexa para as empresas nesses pr\u00f3ximos dois anos, porque os juros v\u00eam altos desde 2021. E isso provavelmente ainda vai perdurar por um ano e meio ou dois.\u201d<\/p>\n Esse volume de d\u00edvida se torna ainda mais pesado com o atual patamar de juros. Com a Selic apontando para a casa de 15% ao ano, uma empresa m\u00e9dia toma um empr\u00e9stimo a Selic mais 7%, levando o custo a 22% ao ano, destaca Franco. \u201cQue empresa hoje que tem Ebitda capaz lidar com juros neste patamar? N\u00e3o s\u00e3o muitas, s\u00e3o poucas\u201d, diz.<\/p>\n O estudo da \u00cdntegra cita transportes, propriedades comerciais, agroneg\u00f3cio, sa\u00fade, avia\u00e7\u00e3o, varejo e constru\u00e7\u00e3o civil como os principais impactados pela situa\u00e7\u00e3o. S\u00e3o segmentos com alavancagem financeira elevada, com muitas d\u00edvidas atreladas ao CDI, ou dependem fortemente do cr\u00e9dito para financiar as opera\u00e7\u00f5es. Ou ent\u00e3o s\u00e3o setores muito sens\u00edveis \u00e0 desacelera\u00e7\u00e3o da atividade econ\u00f4mica, que ocorre quando os juros aumentam e o cr\u00e9dito fica mais caro aos consumidores.<\/p>\n O momento atual n\u00e3o tem poupado ningu\u00e9m, pegando inclusive companhias grandes, segundo Roberto Zarour Filho, s\u00f3cio de reestrutura\u00e7\u00e3o e insolv\u00eancia do Lefosse Advogados, citando desde os pedidos do grupo de educa\u00e7\u00e3o FMU e da Cervejaria Petr\u00f3polis. \u201cAs primeiras v\u00edtimas s\u00e3o as companhias mais alavancadas, porque t\u00eam que pagar um servi\u00e7o de d\u00edvida maior\u201d, diz.<\/p>\n A expectativa \u00e9 de um aumento na quantidade de pedidos de recupera\u00e7\u00e3o judicial e extrajudicial, que j\u00e1 vem em alta, no futuro pr\u00f3ximo. O estudo da \u00cdntegra identificou que o impacto da alta dos juros sobre os pedidos tende a ser observado ap\u00f3s cerca de dois anos.<\/p>\n No ano passado, foram registrados 2.273 pedidos de recupera\u00e7\u00f5es judiciais, conforme dados da Serasa Experian. Esse foi o mais alto \u00edndice contabilizado desde o in\u00edcio da s\u00e9rie hist\u00f3rica, em 2005, e representa um aumento de 62% em rela\u00e7\u00e3o a 2023.<\/p>\n A \u00cdntegra v\u00ea a possibilidade desse n\u00famero fechar em 2,5 mil at\u00e9 2027, puxado por pequenas e m\u00e9dias empresas, que n\u00e3o t\u00eam para onde correr. Franco diz que a \u00cdntegra tem visto um aumento na procura de empres\u00e1rios interessados em entender como a recupera\u00e7\u00e3o judicial pode ajudar, com muitos buscando se antecipar aos problemas, em parte gra\u00e7as \u00e0 quebra do estigma em rela\u00e7\u00e3o ao instrumento.<\/p>\n O mesmo movimento \u00e9 visto por Zarour. Segundo ele, o Lefosse tem sido buscado tanto por empresas que devem, quanto por credores que querem garantir o recebimento de seus recursos. Ele diz que os empres\u00e1rios com quem conversou ficaram apertados pela combina\u00e7\u00e3o de aumento de custos, com o d\u00f3lar em alta, diminui\u00e7\u00e3o do fluxo financeiro em fun\u00e7\u00e3o da queda das vendas, al\u00e9m da alta dos juros, para pagar o servi\u00e7o de d\u00edvida.<\/p>\n \u201c\u00c0s vezes as vendas n\u00e3o diminu\u00edram, mas as margens contra\u00edram, porque fica dif\u00edcil repassar aos consumidores todo o aumento de custo, sobrando menos dinheiro para pagar as d\u00edvidas\u201d, diz.<\/p>\n Se o risco de aumento dos pedidos de recupera\u00e7\u00e3o est\u00e1 aumentando, as chances de uma empresa conseguir retomar suas atividades tamb\u00e9m aumentaram. Franco diz que os empres\u00e1rios come\u00e7aram a perder os preconceitos, com muitos buscando se antecipar aos problemas, em parte gra\u00e7as \u00e0 quebra do estigma em rela\u00e7\u00e3o ao instrumento.<\/p>\n \u201cCresceu a consci\u00eancia de que n\u00e3o d\u00e1 para esperar, pedir a recupera\u00e7\u00e3o judicial quando n\u00e3o h\u00e1 outra alternativa. Uma das piores coisas que podem acontecer \u00e9 uma empresa entrar em recupera\u00e7\u00e3o judicial sem nada de caixa\u201d, diz.<\/p>\n Franco destaca que os bancos tamb\u00e9m est\u00e3o mais bem preparados, criando \u00e1reas de reestrutura\u00e7\u00e3o, e a atualiza\u00e7\u00e3o da Lei de Recupera\u00e7\u00e3o Judicial, em 2020, com a inclus\u00e3o de novos dispositivos, como prazos mais extensos para pagamento pelas empresas e convers\u00e3o de d\u00edvida em equity<\/em>, tamb\u00e9m tornaram o processo menos dolorido. \u201cOs agentes est\u00e3o melhor preparados do que h\u00e1 dez anos\u201d, diz.<\/p>\n Pelo lado das grandes empresas, a profundidade que o mercado de capitais brasileiro ganhou nos \u00faltimos anos criou alternativas para as companhias, segundo Anderson Brito, chefe do banco de investimento do UBS BB.<\/p>\n Ele diz que, no momento, h\u00e1 espa\u00e7o para empresas recorrerem a private equities<\/em> e financial sponsors<\/em>, quando n\u00e3o h\u00e1 necessidade de uma ampla necessidade reestruturar o capital, com um aporte sendo suficiente para adequar a estrutura de d\u00edvida.<\/p>\n \u201cT\u00eam ativos muito bons que h\u00e1 dois, tr\u00eas anos desenvolveram uma alavancagem num ambiente de juros em que a discuss\u00e3o era se, no longo prazo, os juros chegariam a 10%. Agora, num panorama em que vai chegar a 15%, \u00e0s vezes vale fazer um aporte, justamente porque s\u00e3o bons\u201d, afirma.<\/p>\n Brito tamb\u00e9m v\u00ea o mercado aberto para quem precisa buscar recursos, mas destaca que as empresas ter\u00e3o de pagar um pre\u00e7o para ter acesso aos recursos. \u201cAtivos que passam por uma readequa\u00e7\u00e3o da estrutura de d\u00edvida, com convers\u00e3o para equity<\/em>, e que, ap\u00f3s a convers\u00e3o, o ativo fica menos alavancado, o mercado de equities estar\u00e1 aberto\u201d, diz.<\/p>\n Quem recorreu a esse movimento foi a Gol. Em reestrutura\u00e7\u00e3o desde janeiro do ano passado, a companhia apresentou um plano que prev\u00ea, dentre outras medidas, uma convers\u00e3o de a\u00e7\u00f5es que permitir\u00e1 reduzir em at\u00e9 US$ 1,7 bilh\u00e3o sua d\u00edvida antes do in\u00edcio do procedimento de Chapter 11 e at\u00e9 US$ 850 milh\u00f5es de outras obriga\u00e7\u00f5es.<\/p>\n Para venda de ativos, algo ao qual a Hidrovias do Brasil recorreu em fevereiro, vendendo sua opera\u00e7\u00e3o de cabotagem, o mercado tamb\u00e9m permanece favor\u00e1vel para aqueles que possuem um hist\u00f3rico comprovado e que s\u00e3o geradores de caixa. Nessas condi\u00e7\u00f5es, Brito diz que as vendas est\u00e3o saindo no \u201call time high\u201d.<\/p>\n \u201cO que existe mais dificuldade atualmente s\u00e3o ativos em que o valor est\u00e1 na perpetuidade, que n\u00e3o tem gera\u00e7\u00e3o de caixa\u201d, diz. \u201cEst\u00e1 saindo M&A, vemos um incremento de 10% quando a gente compara o nosso pipeline entre 2024 e 2025.\u201d<\/p>\n<\/div>\n source <\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Siga @radiopiranhas Diante dos sinais de que a Selic pode fechar o ano em 15%, atingindo o maior patamar desde o final de maio de 2006, o sinal amarelo est\u00e1 ligado para a quest\u00e3o da alavancagem das empresas. A rela\u00e7\u00e3o entre a d\u00edvida l\u00edquida e o Ebitda das companhias est\u00e1… Continue lendo Recupera\u00e7\u00e3o judicial<\/h2>\n
Fonte
\nNeofeed<\/p>\n