Trump afirmou que cobraria dos pa\u00edses que taxam produtos norte-americanos ao menos metade da al\u00edquota cobrada dos EUA. No entanto, f\u00f3rmula foi feita com base em d\u00e9ficit comercial. Trump anuncia tarifas rec\u00edprocas
\nREUTERS\/Carlos Barria
\nO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, detalhou nesta quarta-feira (2) quais ser\u00e3o as chamadas \u201ctarifas rec\u00edprocas\u201d que pretende aplicar a produtos importados a partir de abril.
\nDurante o an\u00fancio, ele afirmou que cobraria dos pa\u00edses que taxam produtos norte-americanos ao menos metade da al\u00edquota cobrada dos EUA.
\nNo entanto, a f\u00f3rmula divulgada pelo escrit\u00f3rio do Representante Comercial dos EUA para calcular as tarifas n\u00e3o parece ter utilizado a al\u00edquota cobrada pelos pa\u00edses e, sim, o d\u00e9ficit comercial dos EUA em rela\u00e7\u00e3o a eles.
\n\ud83d\udd0e D\u00e9ficit comercial \u00e9 quando um pa\u00eds importa mais produtos do que exporta, ficando com saldo financeiro negativo.
\nO c\u00e1lculo tamb\u00e9m n\u00e3o foi utilizado para todos os pa\u00edses alvo das tarifas de Trump. O governo americano estabeleceu uma taxa m\u00ednima de 10% (aplicada para o Brasil, inclusive), mesmo para na\u00e7\u00f5es com as quais os EUA n\u00e3o t\u00eam d\u00e9ficit comercial.
\nOs EUA, por exemplo, possuem um d\u00e9ficit comercial em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 China de US$ 295,4 bilh\u00f5es, j\u00e1 que importaram US$ 438,9 bilh\u00f5es e exportaram para o pa\u00eds asi\u00e1tico apenas US$ 143,5 bilh\u00f5es em 2024, segundo dados do US Census Bureau.
\nAssim, de acordo com o documento oficial do governo, as chamadas \u201ctarifas rec\u00edprocas\u201d foram calculadas de forma a levar a zero os d\u00e9ficits comerciais bilaterais entre os EUA e cada um de seus parceiros comerciais.
\nEntenda o c\u00e1lculo abaixo:
\nF\u00f3rmula utilizada pelos EUA para calcular as chamadas ‘tarifas rec\u00edprocas’
\nUS Trade Representative\/Reprodu\u00e7\u00e3o
\nA f\u00f3rmula pega o total de exporta\u00e7\u00f5es de um pa\u00eds para os EUA (xi) e subtrai o total de importa\u00e7\u00f5es (mi), chegando ao super\u00e1vit comercial do pa\u00eds em rela\u00e7\u00e3o aos EUA. No caso da China: 438,9 – 143,5 = 295,4.
\nEm seguida, o n\u00famero \u00e9 dividido pelo n\u00famero de importa\u00e7\u00f5es (mi) novamente, chegando a um resultado de 0,67 no caso da China, ou 67%, o que Trump alega ser \u201ca tarifa cobrada dos EUA, incluindo manipula\u00e7\u00e3o cambial e barreiras comerciais\u201d.
\nPara definir a \u201ctarifa rec\u00edproca\u201d que ser\u00e1 cobrada pelos EUA, esse valor foi dividido pela metade (34%, para a China), um \u201cdesconto\u201d aplicado porque os americanos s\u00e3o \u201cmuito gentis\u201d, segundo Trump.
\n\u26a0\ufe0f No denominador da conta, o \u201cmi\u201d \u00e9 multiplicado por duas vari\u00e1veis: a elasticidade de pre\u00e7o da demanda de importa\u00e7\u00e3o (\u03b5) e o repasse das tarifas para os pre\u00e7os de importa\u00e7\u00e3o (\u03c6). No entanto, o governo definiu valores fixos para o c\u00e1lculo das tarifas desta vez: 4 e 0,25, respectivamente, de modo que, multiplicados, equivalem a 1 e n\u00e3o interferem no resultado. <\/p>\n

5 perguntas e respostas r\u00e1pidas sobre o tarifa\u00e7o de Trump<\/p><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"