{"id":266993,"date":"2025-04-03T08:34:13","date_gmt":"2025-04-03T11:34:13","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/266993"},"modified":"2025-04-03T08:34:13","modified_gmt":"2025-04-03T11:34:13","slug":"filme-e-projeto-educacional-alertam-para-racismo-no-atendimento-medico","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/266993","title":{"rendered":"Filme e projeto educacional alertam para racismo no atendimento m\u00e9dico"},"content":{"rendered":"
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Diagn\u00f3stico tardio, erros m\u00e9dicos, dificuldade de acesso a exames. Com o objetivo de chamar aten\u00e7\u00e3o para experi\u00eancias deste tipo vividas por pessoas negras na assist\u00eancia m\u00e9dica, o curta-metragem Corpo Negro<\/em> foi lan\u00e7ado na ter\u00e7a-feira (1\u00ba) com uma exibi\u00e7\u00e3o seguida de uma mesa redonda no Cinema Esta\u00e7\u00e3o do Shopping da G\u00e1vea, na zona sul do Rio de Janeiro. Dispon\u00edvel para\u00a0acesso online, ele leva para a tela a jornada de um homem enfrentando a indiferen\u00e7a de profissionais que lhe atendem.<\/p>\n

O filme, que prop\u00f5e uma reflex\u00e3o sobre o racismo, foi dirigido por Nany Oliveira e produzido como parte do projeto Mediversidade, de iniciativa dos bra\u00e7os sociais de dois grupos empresariais do setor educacional. Lan\u00e7ado pelo Instituto de Educa\u00e7\u00e3o M\u00e9dia (Idomed) e pelo Instituto Yduqs, ele re\u00fane compromissos para um ensino mais diverso. H\u00e1 a promessa de ado\u00e7\u00e3o de uma s\u00e9rie de medidas em estabelecimentos vinculados aos dois grupos como Est\u00e1cio, Ibmec, Dam\u00e1sio, Faculdade de Medicina de A\u00e7ail\u00e2ncia (Fameac) e Faculdade Pan Amaz\u00f4nica (Fapan).<\/p>\n

Diferentes estudos j\u00e1 conduziram a resultados que sugerem uma desigualdade preocupante no atendimento m\u00e9dico. Em 2018, uma pesquisa desenvolvida na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) calculou que mulheres pretas e pardas tinham duas vezes mais chances de receber um diagn\u00f3stico tardio de c\u00e2ncer de mama em compara\u00e7\u00e3o com mulheres brancas. Os resultados foram publicados na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetr\u00edcia.<\/p>\n

>>>\u00a0C\u00e2ncer de mama: 2 em cada 10 mulheres negras se sentem discriminadas<\/strong><\/p>\n

Um outro estudo publicado em 2023 indicou que pacientes negros t\u00eam mais chances de serem hospitalizadas em decorr\u00eancia de erro m\u00e9dico em praticamente todas as regi\u00f5es do pa\u00eds. A \u00fanica exce\u00e7\u00e3o foi o Sul. Os resultados foram apresentados em um boletim produzido pelo Instituto de Estudos para Pol\u00edticas de Sa\u00fade (Ieps) e pelo Instituto \u00c7ar\u00ea. A an\u00e1lise das causas de 66.496 interna\u00e7\u00f5es ocorridas entre 2010 e 2021 indicou, por exemplo, que a probabilidade de um evento deste tipo envolvendo pessoas negras \u00e9 65,2% maior no Sudeste e 585,3% maior no Nordeste.<\/p>\n

Tamb\u00e9m em 2023, uma pesquisa elaborada pelo Minist\u00e9rio da Sa\u00fade e pela Funda\u00e7\u00e3o Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelaram que a\u00a0mortalidade materna entre mulheres negras\u00a0\u00e9 mais que o dobro em compara\u00e7\u00e3o a de mulheres brancas. A conclus\u00e3o foi obtida ap\u00f3s an\u00e1lise dos \u00f3bitos registrados no ano anterior e foram considerados todos os casos que ocorreram em at\u00e9 42 dias ap\u00f3s o fim da gesta\u00e7\u00e3o e que estavam relacionados a causas ligadas \u00e0 gesta\u00e7\u00e3o, ao parto e ao puerp\u00e9rio.<\/p>\n

>>>\u00a0Racismo afeta sa\u00fade desde o nascimento at\u00e9 a morte, diz especialista<\/strong><\/p>\n

Nos Estados Unidos, h\u00e1 estudos apontando na mesma dire\u00e7\u00e3o. H\u00e1 dois anos, o Centro M\u00e9dico de Boston estimou que, em m\u00e9dia, pacientes negros receberam o diagn\u00f3stico associado ao Alzheimer aos 72,5 anos. A m\u00e9dia para os brancos foi de 67,8 anos. Al\u00e9m disso, as taxas de realiza\u00e7\u00e3o de resson\u00e2ncia magn\u00e9tica para confirmar a doen\u00e7a era muito inferior entre pessoas negras. Os pesquisadores conclu\u00edram que os dados sugerem um atraso na detec\u00e7\u00e3o do decl\u00ednio cognitivo em pacientes negros, bem como a falta de encaminhamento adequado para exames diagn\u00f3sticos.<\/p>\n

O filme Corpo Negro<\/em> traz, em letreiros, outros dados que indicam, por exemplo, que as consultas realizadas com pessoas brancas s\u00e3o mais demoradas. O curta-metragem destaca ainda que, apesar da invisibilidade dos pacientes negros, os seus corpos s\u00e3o os mais doados para estudos nos cursos de Medicina.<\/p>\n

Outro dado que o filme chama aten\u00e7\u00e3o \u00e9 para a baixa quantidade de profissionais pretos. De acordo com dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica (IBGE), 75,5% dos graduados em Medicina se declararam brancos e 19% pardos. Apenas 2,8% eram pretos.<\/p>\n

>>>\u00a0Identifica\u00e7\u00e3o e acolhimento motivam procura por m\u00e9dicos negros<\/strong><\/p>\n

A proposta do Mediversidade, segundo o Idomed e o Instituto Yduqs, \u00e9 oferecer respostas para esse cen\u00e1rio. Entre as medidas elencadas, est\u00e1 a realiza\u00e7\u00e3o de cursos gratuito de letramento \u00e9tnico-racial para docentes, discentes e profissionais j\u00e1 formados; amplia\u00e7\u00e3o para 35% no n\u00famero de vagas afirmativas no processo de contrata\u00e7\u00e3o de professores; a revis\u00e3o da matriz curricular da gradua\u00e7\u00e3o para tornar o curso mais inclusivo; a prioriza\u00e7\u00e3o de projetos de pesquisa cient\u00edfica com foco em diversidade; a concess\u00e3o de bolsas integrais para estudantes pretos e pardos; e a ado\u00e7\u00e3o de manequins negros nas aulas e simulados.<\/p>\n

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source
Agencia Brasil<\/p>\n

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