{"id":265711,"date":"2025-04-02T08:31:31","date_gmt":"2025-04-02T11:31:31","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/265711"},"modified":"2025-04-02T08:31:31","modified_gmt":"2025-04-02T11:31:31","slug":"os-temores-do-brasil-diante-do-imprevisivel-tarifaco-de-trump-pais-esta-na-mira-da-casa-branca","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/265711","title":{"rendered":"Os temores do Brasil diante do imprevis\u00edvel tarifa\u00e7o de Trump: ‘Pa\u00eds est\u00e1 na mira da Casa Branca’"},"content":{"rendered":"

Presidente americano amea\u00e7a elevar tarifas sobre toda importa\u00e7\u00e3o brasileira, mas confirma\u00e7\u00e3o da medida \u00e9 incerta
\nReuters via BBC
\nGoverno e exportadores brasileiros aguardam com apreens\u00e3o o an\u00fancio de um novo tarifa\u00e7o pelo governo Donald Trump que promete elevar impostos de importa\u00e7\u00e3o nos Estados Unidos contra diversos pa\u00edses e produtos.
\nO an\u00fancio est\u00e1 previsto para a quarta-feira (2\/4), que est\u00e1 sendo chamada pelo republicano de “Liberation Day” (Dia da Liberta\u00e7\u00e3o).
\nNa vis\u00e3o de Trump, encarecer as importa\u00e7\u00f5es vai proteger e fortalecer a ind\u00fastria dom\u00e9stica, enquanto cr\u00edticos afirmam que vai encarecer a produ\u00e7\u00e3o americana e desatar uma guerra comercial global.
\nAt\u00e9 o momento, n\u00e3o est\u00e1 claro qual ser\u00e1 o impacto para o Brasil, que tem os Estados Unidos como seu segundo maior parceiro comercial, atr\u00e1s apenas da China.
\nLEIA TAMB\u00c9M
\n‘Dia da Liberta\u00e7\u00e3o’: o que esperar das tarifas prometidas por Trump
\nAs acusa\u00e7\u00f5es do governo Trump contra o Brasil antes de dia do tarifa\u00e7o global
\nUni\u00e3o Europeia tem ‘plano forte’ para retaliar tarifas de Trump nos EUA, diz Ursula von der Leyen
\n‘Causaria estranheza’, diz Haddad sobre eventual taxa\u00e7\u00e3o adicional dos EUA contra o Brasil
\nDiferentes cen\u00e1rios est\u00e3o no radar: desde o mais otimista, em que apenas o etanol teria aumento de tributa\u00e7\u00e3o, at\u00e9 o mais pessimista, em que uma nova taxa de importa\u00e7\u00e3o seria aplicada de forma linear a tudo que os EUA compram de exportadores brasileiros, dentro da nova “pol\u00edtica de reciprocidade” de Trump.
\nSegundo essa pol\u00edtica, a Casa Branca deve elevar suas tarifas de importa\u00e7\u00e3o ao mesmo patamar dos tributos cobrados sobre seus produtos exportados \u2014 e o Brasil \u00e9 um dos pa\u00edses que, segundo a avalia\u00e7\u00e3o da gest\u00e3o republicana, tem barreiras comerciais mais duras, seja por meio de tarifas de importa\u00e7\u00e3o mais altas ou por outras regras, como exig\u00eancias sanit\u00e1rias e burocr\u00e1ticas.
\n“H\u00e1 muita especula\u00e7\u00e3o sobre o 2 de abril, ningu\u00e9m sabe ao certo o que vai sair”, disse \u00e0 reportagem Welber Barral, ex-secret\u00e1rio de Com\u00e9rcio Exterior do Brasil e hoje consultor na \u00e1rea.
\nEm meio \u00e0 incerteza, o Senado aprovou na ter\u00e7a-feira (01\/04) um projeto que cria novas ferramentas para o Brasil reagir a barreiras comerciais de outros pa\u00edses.
\nA proposta, que ainda ser\u00e1 apreciada na C\u00e2mara dos Deputados, tinha como foco inicial reagir a barreiras ambientais europeias ao agroneg\u00f3cio brasileiro, mas ganhou impulso diante da nova pol\u00edtica tarif\u00e1ria dos EUA, reunindo amplo apoio no Congresso e no governo de Luiz In\u00e1cio Lula da Silva (PT).
\nPor enquanto, o principal impacto da gest\u00e3o Trump para o Brasil veio da decis\u00e3o de come\u00e7ar a aplicar, em 12 de mar\u00e7o, uma taxa de 25% sobre todas as importa\u00e7\u00f5es de a\u00e7o e alum\u00ednio.
\nComo tarifas de Trump a a\u00e7o e alum\u00ednio do Brasil e do mundo podem prejudicar economia americana
\nA medida \u00e9 importante porque produtos derivados de ferro e a\u00e7o s\u00e3o o segundo item brasileiro mais exportado para os EUA, tendo somado US$ 2,8 bilh\u00f5es em vendas em 2024, ficando apenas atr\u00e1s de petr\u00f3leo (US$ 5,8 bilh\u00f5es).
\nAl\u00e9m disso, h\u00e1 a previs\u00e3o de que a taxa cobrada sobre o etanol brasileiro vendido aos EUA passe de 2,5% para 18% a partir de 2 de abril, para igualar a taxa cobrada do Brasil sobre o etanol comprado dos americanos \u2014 mas o produto tem menos relev\u00e2ncia nas exporta\u00e7\u00f5es brasileiras.
\nO governo do presidente Lula tenta evitar que essa taxa\u00e7\u00e3o entre de fato em vigor, ao mesmo tempo em que negocia para que o pa\u00eds seja poupado de um amplo tarifa\u00e7o, mas o cen\u00e1rio continua incerto.
\nEle n\u00e3o descarta acionar a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio (OMC) ou retaliar os EUA com mais barreiras, caso as negocia\u00e7\u00f5es n\u00e3o funcionem.
\n“Antes de fazer a briga da reciprocidade, ou de fazer a briga na Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio, a gente quer gastar todas as palavras que est\u00e3o no nosso dicion\u00e1rio para fazer um livre com\u00e9rcio com os Estados Unidos”, disse Lula no s\u00e1bado (29\/03), durante viagem oficial ao Vietn\u00e3.
\nDia da Liberta\u00e7\u00e3o: Trump promete novas tarifas sobre produtos importados
\nJ\u00e1 o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem dito que um tarifa\u00e7o do governo Trump contra o Brasil seria “injustific\u00e1vel”.
\n“Nossa conta \u00e9 deficit\u00e1ria com os Estados Unidos. Ent\u00e3o, nos causaria uma certa estranheza se o Brasil sofresse algum tipo de retalia\u00e7\u00e3o injustificada”, refor\u00e7ou na segunda-feira (31\/03).
\nEsse tem sido o principal argumento do governo brasileiro nas negocia\u00e7\u00f5es com a Casa Branca: destacar que, historicamente, o Brasil importa mais do que vende para os americanos.
\nNos \u00faltimos dez anos (2015 a 2024), o pa\u00eds acumulou d\u00e9ficit de US$ 43 bilh\u00f5es nas trocas comerciais com os EUA, segundo as estat\u00edsticas do Minist\u00e9rio do Desenvolvimento, Ind\u00fastria, Com\u00e9rcio e Servi\u00e7os.
\nO rombo, por\u00e9m, tem recuado. No \u00faltimo ano, o saldo ficou positivo para os americanos em cerca de US$ 300 milh\u00f5es apenas, com o pa\u00eds de Trump comprando US$ 40,4 bilh\u00f5es em produtos do Brasil (12% das exporta\u00e7\u00f5es brasileiras) e vendendo US$ 40,7 bilh\u00f5es para c\u00e1 (15,5% das importa\u00e7\u00f5es do Brasil).
\n“Caso as medidas [do tarifa\u00e7o de Trump] sejam direcionadas apenas aos pa\u00edses com os quais os EUA t\u00eam grandes d\u00e9ficits comerciais ou que t\u00eam participa\u00e7\u00e3o relevante no com\u00e9rcio norte-americano, o Brasil provavelmente n\u00e3o ser\u00e1 impactado inicialmente”, prev\u00ea relat\u00f3rio econ\u00f4mico do banco BTG Pactual, publicado em 26 de mar\u00e7o.
\n“Contudo, se forem aplicadas tarifas generalizadas a setores espec\u00edficos, como ocorreu recentemente com o a\u00e7o, ou se os crit\u00e9rios inclu\u00edrem pa\u00edses com barreiras comerciais superiores \u00e0s americanas, o Brasil poder\u00e1 ser diretamente afetado, possivelmente com impacto mais significativo neste segundo cen\u00e1rio”, continua o relat\u00f3rio.
\nSegundo o BTG Pactual, os setores mais afetados por uma alta mais generalizada de tarifas sobre itens brasileiros seriam “produtos manufaturados e semimanufaturados que hoje entram com baixo imposto nos EUA”.
\n“Exporta\u00e7\u00f5es de bens de capital e automotivos (m\u00e1quinas, equipamentos de transporte) poderiam sofrer leve retra\u00e7\u00e3o na demanda nos EUA. No agroneg\u00f3cio, produtos como caf\u00e9 e suco de laranja \u2013 dos quais os EUA s\u00e3o importantes compradores \u2013 enfrentariam encarecimento moderado no mercado americano, potencialmente levando a uma pequena perda de participa\u00e7\u00e3o para concorrentes de outros pa\u00edses”, analisa ainda o relat\u00f3rio.
\nA consultoria de risco pol\u00edtico internacional Eurasia Group, por sua vez, acredita que o Brasil deve entrar na lista de pa\u00edses que receber\u00e3o uma tarifa global sobre seus produtos.
\nCaso isso se confirme, a expectativa \u00e9 que seja aplicada uma tarifa de 10% a 25% sobre as exporta\u00e7\u00f5es brasileiras, disse \u00e0 BBC News Brasil o diretor-executivo para as Am\u00e9ricas da Eurasia Group, Christopher Garman.
\nPara ele, dois fatores devem contribuir para o Brasil entrar na lista ampla de taxa\u00e7\u00e3o: a percep\u00e7\u00e3o do governo Trump de que o Brasil \u00e9 um pa\u00eds protecionista contra os EUA, e o momento ruim na rela\u00e7\u00e3o pol\u00edtica dos dois pa\u00edses.
\nEle lembra que a atual gest\u00e3o da Casa Branca tem proximidade com a fam\u00edlia do ex-presidente Jair Bolsonaro, opositor de Lula, e tem criticado o Brasil por decis\u00f5es do Supremo Tribunal Federal contra redes sociais como o X, de Elon Musk, que integra o governo Trump.
\n“A rela\u00e7\u00e3o bilateral pol\u00edtica est\u00e1 numa situa\u00e7\u00e3o bem prec\u00e1ria”, nota ele.
\n“Igualmente importante [do que o fator da reciprocidade tarif\u00e1ria], eu diria que \u00e9 por raz\u00f5es pol\u00edticas. O Brasil est\u00e1 na mira da Casa Branca, o Trump tem repetido usar o Brasil como um exemplo m\u00faltiplas vezes”, refor\u00e7ou.
\nExporta\u00e7\u00f5es de a\u00e7o brasileiro para EUA j\u00e1 est\u00e3o sendo taxadas em 25%
\nGetty Images via BBC
\nO Brasil, de fato, cobra tarifas maiores dos EUA?
\nA possibilidade de o Brasil ser alvo de um amplo tarifa\u00e7o foi levantada por Trump em seu discurso ao Congresso Americano, no in\u00edcio de mar\u00e7o.
\n“Outros pa\u00edses usaram tarifas contra n\u00f3s por d\u00e9cadas e agora \u00e9 a nossa vez de come\u00e7ar a us\u00e1-las contra esses outros pa\u00edses”, declarou na ocasi\u00e3o.
\n“Em m\u00e9dia, a Uni\u00e3o Europeia, China, Brasil, \u00cdndia, M\u00e9xico e Canad\u00e1 \u2014 voc\u00eas j\u00e1 ouviram falar deles? \u2013 e in\u00fameros outros pa\u00edses nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles”, continuou.
\nEstat\u00edsticas de com\u00e9rcio exterior apontam que, de fato, o Brasil cobra, em m\u00e9dia, tarifas de importa\u00e7\u00e3o maiores sobre os produtos americanos do que o contr\u00e1rio.
\nPor outro lado, os itens com maior volume de importa\u00e7\u00e3o t\u00eam tarifas menores ou mesmo zeradas.
\nDe acordo com o governo brasileiro, entram no pa\u00eds sem pagar imposto produtos oriundos dos EUA como aeronaves e suas partes, petr\u00f3leo bruto e g\u00e1s natural.
\nSegundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Funda\u00e7\u00e3o Getulio Vargas (FGV Ibre) a partir de dados do Banco Mundial, a tarifa m\u00e9dia simples aplicada pelo Brasil \u00e0s importa\u00e7\u00f5es dos EUA foi de 11,3% em 2022 (dado mais recente dispon\u00edvel).
\nOu seja, era mais que cinco vezes a tarifa m\u00e9dia simples cobrada dos EUA sobre as importa\u00e7\u00f5es brasileiras (2,2%).
\nJ\u00e1 quando se calcula uma m\u00e9dia ponderada pelo volume das importa\u00e7\u00f5es, a taxa brasileira continua maior, mas a diferen\u00e7a cai.
\nIsso ocorre porque a tarifa m\u00e9dia paga pelos exportadores, na pr\u00e1tica, \u00e9 menor, j\u00e1 que produtos com maior volume de importa\u00e7\u00e3o dos dois lados t\u00eam tarifas mais baixas ou mesmo zeradas.
\nConsiderando essa tarifa efetiva, o Brasil cobrou em m\u00e9dia 4,7% sobre importa\u00e7\u00f5es vindas dos EUA em 2022, informa a nota do FGV Ibre, a partir de dados do Banco Mundial.
\nPor outro lado, diz o documento, produtos brasileiros sofreram taxa\u00e7\u00e3o efetiva m\u00e9dia de 1,3% ao entrarem no mercado americano.
\nO governo brasileiro, por sua vez, diz que a tarifa m\u00e9dia cobrada pelo Brasil de produtos dos EUA seria ainda menor, de 2,7%.
\n“No geral, \u00e9 importante destacar que 74% das exporta\u00e7\u00f5es dos EUA para o Brasil entram sem tributa\u00e7\u00e3o, gra\u00e7as a v\u00e1rios regimes alfandeg\u00e1rios e linhas tarif\u00e1rias isentas de impostos”, argumentou o Itamaraty em um documento protocolado em uma consulta p\u00fablica do governo americano sobre as mudan\u00e7as de pol\u00edtica tarif\u00e1ria.
\n“Por exemplo, o Brasil aplica um imposto de importa\u00e7\u00e3o zero sobre produtos-chave dos EUA, como petr\u00f3leo, aeronaves, pe\u00e7as de aeronaves, g\u00e1s natural e carv\u00e3o. A tarifa m\u00e9dia ponderada efetiva coletada \u00e9 de apenas 2,73%, significativamente menor do que a tarifa nominal m\u00e9dia do Brasil de 11%”, dizia ainda o documento.
\nUm relat\u00f3rio sobre o tema publicado pelo departamento econ\u00f4mico do Bradesco em fevereiro estimou qual ser\u00e1 o efeito caso o governo Trump decida igualar todas as tarifas de importa\u00e7\u00e3o cobradas do Brasil com as que o pa\u00eds cobra de produtos dos EUA \u2014 ou seja, elevar sua tarifa m\u00e9dia para 11,3%.
\n“Nesse exerc\u00edcio, encontramos uma redu\u00e7\u00e3o de cerca de US$ 2,0 bilh\u00f5es nas exporta\u00e7\u00f5es (5% do total embarcado)”, diz o relat\u00f3rio.
\nO impacto poderia ser reduzido em caso de nova desvaloriza\u00e7\u00e3o do real.
\n“Em um exerc\u00edcio hipot\u00e9tico, a deprecia\u00e7\u00e3o equivalente do real, necess\u00e1ria para compensar essa perda, seria da ordem de 1,5%, com um impacto potencial estimado ligeiramente inferior a 0,1 ponto percentual no IPCA [\u00edndice de infla\u00e7\u00e3o], como resposta direta \u00e0 deprecia\u00e7\u00e3o cambial”, afirma o banco.
\nA possibilidade de uma taxa global mais elevada, de 25%, tamb\u00e9m est\u00e1 no radar dos analistas, porque \u00e9 o patamar que o governo Trump j\u00e1 anunciou para alguns produtos, como a\u00e7o e autom\u00f3veis, e pa\u00edses, como Canad\u00e1 e M\u00e9xico.
\nPara o banco BTG Pactual, isso representaria um “cen\u00e1rio extremo”.
\n“Na pr\u00e1tica, diversas exporta\u00e7\u00f5es atualmente competitivas tornar-se-iam pouco vi\u00e1veis comercialmente no mercado americano [com uma tarifa global de 25% sobre o Brasil], a n\u00e3o ser com substancial redu\u00e7\u00e3o de pre\u00e7o pelo exportador brasileiro. No entanto, essa al\u00edquota de 25% representa um cen\u00e1rio extremo”, diz o relat\u00f3rio do banco.
\nJ\u00e1 a Eurasia Group n\u00e3o descarta esse cen\u00e1rio.
\n“A gente sabe que o presidente Trump est\u00e1 com o n\u00famero 25 na cabe\u00e7a, ent\u00e3o a equipe [econ\u00f4mica dele] est\u00e1 tentando reduzir. Se vc colocar uma taxa dentro da ideia de reciprocidade, a tarifa do Brasil deveria ser bem menos que 25%. Por isso que a gente est\u00e1 com [previs\u00e3o de que venha] um intervalo de 10% a 25%”, afirma Christopher Garman.
\n“E a\u00ed, depois disso, voc\u00ea tenta negociar setor por setor, \u00e9 um processo que vai ser dif\u00edcil”, continuou, em refer\u00eancia a poss\u00edveis redu\u00e7\u00f5es de tarifas setoriais ou cotas de importa\u00e7\u00e3o (quantidades que poderiam ser vendidas com tarifa menor).
\nDonald Trump disse que o com\u00e9rcio internacional \u00e9 manipulado contra os EUA
\nGetty Images via BBC
\nEtanol no alvo
\nAt\u00e9 o momento, os pa\u00edses que t\u00eam sido mais impactados pelas tarifas de Trump s\u00e3o China, M\u00e9xico e Canad\u00e1.
\nEm meio \u00e0 grande incerteza, Welber Barral, ex-secret\u00e1rio de Com\u00e9rcio Exterior do Brasil, acredita que a Uni\u00e3o Europeia deve ser um alvo importante no an\u00fancio de quarta-feira.
\n“O que se sabe \u00e9 que deve sair muitos an\u00fancios com rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia, principalmente, pois os Estados Unidos t\u00eam muito d\u00e9ficit com a Uni\u00e3o Europeia”, disse \u00e0 BBC News Brasil.
\nNo caso brasileiro, avalia, a expectativa maior \u00e9 sobre o etanol.
\n“Isso [a taxa de 18% cobrada do etanol pelo Brasil] j\u00e1 \u00e9 uma reclama\u00e7\u00e3o americana antiga”, ressalta.
\nMaiores produtores de etanol do mundo, o Brasil produz o seu combust\u00edvel a partir da cana-de-a\u00e7\u00facar, enquanto os EUA fazem do milho.
\nSegundo a Uni\u00e3o da Ind\u00fastria de Cana-de-A\u00e7\u00facar e Bioenergia (UNICA), que representa o setor no Brasil, o etanol brasileiro \u00e9 mais sustent\u00e1vel e, por isso, n\u00e3o deveria ser equiparado ao americano.
\n“A medida pretende colocar no mesmo patamar o etanol produzido no Brasil e nos Estados Unidos, embora possuam atributos ambientais e potencial de descarboniza\u00e7\u00e3o diferentes, e portanto n\u00e3o faz sentido falar em reciprocidade. Se a medida se confirmar, ser\u00e1 mais um passo dos Estados Unidos rumo ao abandono \u00e0 rota de combate \u00e0 mudan\u00e7a do clima”, destacou a \u00danica em comunicado em fevereiro, quando foi anunciado o poss\u00edvel aumento da tarifa.
\nPara Lia Valls, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Funda\u00e7\u00e3o Getulio Vargas (FGV Ibre) e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a esperada eleva\u00e7\u00e3o da tarifa americana sobre o etanol brasileiro n\u00e3o seria t\u00e3o impactante.
\n“Hoje, o Brasil cobra 18% de tarifa e eles cobram 2,5%. S\u00f3 que mexer nisso \u00e9 uma maluquice porque os Estados Unidos n\u00e3o t\u00eam excesso de etanol pra exportar para o Brasil, nem o Brasil precisa importar tanto etanol assim”, disse \u00e0 BBC News Brasil no in\u00edcio de mar\u00e7o.
\nA poss\u00edvel rea\u00e7\u00e3o brasileira
\nEm visita ao Jap\u00e3o na semana passada, Lula criticou a eleva\u00e7\u00e3o de tarifas pelo governo americano e disse que o Brasil vai recorrer \u00e0 Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio (OMC) contra esse tipo de medida.
\nSegundo o presidente, caso n\u00e3o haja resultado nessa inst\u00e2ncia, o pa\u00eds vai impor taxas rec\u00edprocas aos EUA.
\n“Sinceramente, estou muito preocupado com o comportamento do governo americano, com essa taxa\u00e7\u00e3o de todos os produtos de todos os pa\u00edses”, afirmou Lula.
\n“Estou preocupado porque o presidente americano n\u00e3o \u00e9 xerife do mundo. Ele \u00e9 apenas presidente dos Estados Unidos”, disse, sugerindo que Trump converse com os “pol\u00edticos de outros pa\u00edses para tomar suas decis\u00f5es”.
\nO Congresso pode aprovar um projeto de lei que ampliaria os instrumentos de rea\u00e7\u00e3o do governo brasileiro. Como a proposta foi aprovada na Comiss\u00e3o de Assuntos Econ\u00f4micos (CAE) do Senado nesta ter\u00e7a-feira (01\/04) de forma terminativa, seguir\u00e1 direto para a C\u00e2mara sem passar no plen\u00e1rio.
\n“Falaremos com o presidente da C\u00e2mara dos Deputados, o deputado Hugo Motta, para que a C\u00e2mara possa apreciar essa mat\u00e9ria em car\u00e1ter de urg\u00eancia”, defendeu o senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da CAE.
\nPesquisadora do FGV Ibre, Lia Valls ressalta que, segundo as regras atuais, as tarifas brasileiras n\u00e3o s\u00e3o fixadas de forma espec\u00edfica para um ou outro pa\u00eds, mas valem para produtos, independentemente da sua origem.
\nIsso s\u00f3 varia quando h\u00e1 acordos de livre com\u00e9rcio, como no caso do Mercosul.
\nDe modo geral, explica, o Brasil protege pouco o setor agropecu\u00e1rio na compara\u00e7\u00e3o com outros pa\u00edses, mas h\u00e1 mais protecionismo para a ind\u00fastria.
\n“Na \u00e1rea industrial, por exemplo, se voc\u00ea compara com a \u00cdndia, que tamb\u00e9m \u00e9 muito protecionista, em alguns setores, o Brasil protege at\u00e9 mais do que a \u00cdndia, principalmente alguns tipos de bens de capital, de alguns bens eletr\u00f4nicos”, compara.
\n“Ent\u00e3o, em termos de m\u00e9dias tarif\u00e1rias, pensando em pa\u00eds grande, o Brasil tem tarifas m\u00e9dias mais elevadas. E existe todo um debate sobre se a gente deve reduzir essas tarifas, principalmente de bens de capital e bens intermedi\u00e1rios, que t\u00eam um efeito direto sobre o custo de produ\u00e7\u00e3o da ind\u00fastria”, nota a professora.<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Presidente americano amea\u00e7a elevar tarifas sobre toda importa\u00e7\u00e3o brasileira, mas confirma\u00e7\u00e3o da medida \u00e9 incerta Reuters via BBC Governo e exportadores brasileiros aguardam com apreens\u00e3o o an\u00fancio de um novo tarifa\u00e7o pelo governo Donald Trump que promete elevar impostos de importa\u00e7\u00e3o nos Estados Unidos contra diversos pa\u00edses e produtos. O… Continue lendo → <\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[1],"tags":[],"class_list":["post-265711","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-sem-categoria"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/265711","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=265711"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/265711\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=265711"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=265711"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=265711"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}