{"id":255945,"date":"2025-03-24T08:13:29","date_gmt":"2025-03-24T11:13:29","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/255945"},"modified":"2025-03-24T08:13:29","modified_gmt":"2025-03-24T11:13:29","slug":"o-homem-que-serve-de-cobaia-para-chip-de-elon-musk-no-cerebro-para-controlar-computador-com-pensamento","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/255945","title":{"rendered":"O homem que serve de ‘cobaia’ para chip de Elon Musk no c\u00e9rebro para controlar computador com pensamento"},"content":{"rendered":"

Noland Arbaugh conta \u00e0 BBC como ser o primeiro paciente da Neuralink mudou sua vida Nolan Arbaugh foi a primeira pessoa a receber um implante do chip da Neuralink, do bilion\u00e1rio Elon Musk
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/Neuralink
\nTer um chip no c\u00e9rebro capaz de traduzir seus pensamentos em comandos para um computador pode parecer fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica, mas \u00e9 uma realidade para Noland Arbaugh.
\nEm janeiro de 2024, oito anos ap\u00f3s ter ficado paralisado, o jovem de 30 anos se tornou a primeira pessoa a receber tal dispositivo da empresa de neurotecnologia americana Neuralink.
\nEmbora n\u00e3o tenha sido o primeiro chip desse tipo \u2014 v\u00e1rias outras empresas tamb\u00e9m desenvolveram e implantaram dispositivos semelhantes \u2014 o caso de Arbaugh inevitavelmente atrai mais aten\u00e7\u00e3o devido ao fundador da Neuralink: Elon Musk.
\nNo entanto, Arbaugh afirma que o mais importante n\u00e3o \u00e9 ele nem Musk, mas a ci\u00eancia por tr\u00e1s disso.
\nEle contou \u00e0 BBC que estava ciente dos riscos envolvidos, mas acreditava que, “seja bom ou ruim, o que quer que acontecesse, estaria ajudando”.
\n“Se tudo der certo, ent\u00e3o poderei ajudar sendo um participante da Neuralink”, disse ele. “Se algo terr\u00edvel acontecer, sei que eles aprender\u00e3o com isso.”
\n‘Sem controle e sem privacidade’
\nArbaugh, natural do Arizona, ficou paralisado abaixo dos ombros em um acidente de mergulho em 2016. Seus ferimentos foram t\u00e3o graves que ele temia n\u00e3o poder estudar, trabalhar ou at\u00e9 mesmo jogar videogames novamente.
\n“Voc\u00ea simplesmente n\u00e3o tem controle, n\u00e3o tem privacidade, e \u00e9 dif\u00edcil”, disse ele. “Voc\u00ea tem que aprender a depender de outras pessoas para tudo.”
\nO chip da Neuralink busca restaurar uma parte de sua independ\u00eancia anterior, permitindo que ele controle um computador com a mente.
\nTrata-se de uma interface c\u00e9rebro-computador (BCI), que funciona detectando os pequenos impulsos el\u00e9tricos gerados quando os humanos pensam em se mover e traduzindo-os em comandos digitais, como mover o cursor na tela.
\n\u00c9 um campo complexo no qual os cientistas trabalham h\u00e1 v\u00e1rias d\u00e9cadas.
\nInevitavelmente, o envolvimento de Elon Musk no campo da neurotecnologia catapultou tanto a tecnologia quanto Noland Arbaugh para as manchetes.
\nIsso ajudou a Neuralink a atrair grandes investimentos, al\u00e9m de gerar um escrut\u00ednio sobre a seguran\u00e7a e a relev\u00e2ncia de um procedimento t\u00e3o invasivo.
\nQuando o implante de Arbaugh foi anunciado, especialistas o consideraram um “marco significativo”, embora tenham alertado que seria necess\u00e1rio tempo para uma avalia\u00e7\u00e3o real \u2014 especialmente levando em conta a habilidade de Musk em “gerar publicidade para sua empresa”.
\nNa \u00e9poca, Musk foi reservado em p\u00fablico, limitando-se a escrever em uma postagem nas redes sociais: “Os resultados iniciais mostram detec\u00e7\u00e3o promissora de picos neuronais”.
\nNa realidade, Arbaugh disse que o bilion\u00e1rio \u2014 com quem conversou antes e depois da cirurgia \u2014 estava muito mais otimista.
\n“Acho que ele estava t\u00e3o empolgado quanto eu para come\u00e7ar”, afirmou.
\nAinda assim, ele enfatiza que a Neuralink \u00e9 mais do que seu propriet\u00e1rio e afirma que n\u00e3o a considera “um dispositivo de Elon Musk”.
\nSe o resto do mundo a v\u00ea dessa maneira \u2014 especialmente considerando o papel cada vez mais controverso de Musk no governo dos EUA \u2014 ainda \u00e9 uma quest\u00e3o em aberto.
\nNo entanto, n\u00e3o h\u00e1 d\u00favida do impacto que o dispositivo teve na vida de Arbaugh.
\nNeuralink faz demonstra\u00e7\u00e3o com 1\u00ba paciente a receber seu chip cerebral
\n‘Isso n\u00e3o deveria ser poss\u00edvel’
\nQuando Arbaugh acordou da cirurgia que implantou o dispositivo, ele disse que, inicialmente, conseguiu controlar o cursor na tela apenas pensando em mover os dedos.
\n“Honestamente, eu n\u00e3o sabia o que esperar \u2014 parecia algo de fic\u00e7\u00e3o cient\u00edfica”, disse ele.
\nMas, ao ver seus neur\u00f4nios disparando na tela \u2014 cercado por funcion\u00e1rios animados da Neuralink \u2014 ele percebeu que podia controlar o computador apenas com seus pensamentos.
\nE, ainda melhor, com o tempo, sua habilidade de usar o implante cresceu a ponto de ele agora conseguir jogar xadrez e videogames.
\n“Eu cresci jogando”, disse ele, acrescentando que era algo que teve que “abrir m\u00e3o” quando se tornou deficiente. “Agora estou vencendo meus amigos em jogos, o que realmente n\u00e3o deveria ser poss\u00edvel, mas \u00e9.”
\nArbaugh \u00e9 uma demonstra\u00e7\u00e3o poderosa do potencial da tecnologia para transformar vidas, mas tamb\u00e9m podem existir desvantagens.
\n“Um dos principais problemas \u00e9 a privacidade”, disse Anil Seth, professor de neuroci\u00eancia na Universidade de Sussex. “Se estamos exportando nossa atividade cerebral […] ent\u00e3o estamos, de certa forma, permitindo o acesso n\u00e3o apenas ao que fazemos, mas potencialmente ao que pensamos, no que acreditamos e ao que sentimos”, afirmou \u00e0 BBC. “Uma vez que se tem acesso ao que est\u00e1 dentro da sua cabe\u00e7a, realmente n\u00e3o h\u00e1 mais barreiras para a privacidade pessoal.”
\nNo entanto, essas preocupa\u00e7\u00f5es n\u00e3o afetam Arbaugh \u2014 ele deseja ver os chips evolu\u00edrem ainda mais no que podem fazer.
\nEm entrevista \u00e0 BBC, ele afirmou que espera que o dispositivo, eventualmente, permita que ele controle sua cadeira de rodas ou at\u00e9 mesmo um rob\u00f4 humanoide futurista.
\nMesmo com a tecnologia ainda em um est\u00e1gio mais limitado, nem tudo foi f\u00e1cil.
\nEm determinado momento, um problema no dispositivo fez com que ele perdesse o controle total do computador, quando o implante se desconectou parcialmente do seu c\u00e9rebro.
\n“Isso foi realmente frustrante, para dizer o m\u00ednimo”, disse ele. “Eu n\u00e3o sabia se seria poss\u00edvel usar o Neuralink novamente.”
\nA conex\u00e3o foi reparada \u2014 e subsequentemente aprimorada \u2014 quando engenheiros ajustaram o software, mas o incidente destacou uma preocupa\u00e7\u00e3o frequentemente levantada por especialistas sobre as limita\u00e7\u00f5es dessa tecnologia.
\nGrandes neg\u00f3cios
\nA Neuralink \u00e9 apenas uma das muitas empresas que est\u00e3o explorando maneiras de acessar digitalmente o poder do nosso c\u00e9rebro.
\nA Synchron \u00e9 uma dessas empresas, que afirma que seu dispositivo Stentrode, voltado para ajudar pessoas com esclerose lateral amiotr\u00f3fica (ELA), exige uma cirurgia menos invasiva para ser implantado. Em vez de exigir uma cirurgia cerebral aberta, o dispositivo \u00e9 instalado na veia jugular do pesco\u00e7o, sendo ent\u00e3o direcionado at\u00e9 o c\u00e9rebro atrav\u00e9s de um vaso sangu\u00edneo.
\nAssim como a Neuralink, o dispositivo se conecta, por fim, \u00e0 regi\u00e3o motora do c\u00e9rebro.
\n“Ele detecta quando algu\u00e9m est\u00e1 pensando em tocar ou n\u00e3o o dedo”, explicou o diretor de tecnologia, Riki Bannerjee. “Ao ser capaz de identificar essas diferen\u00e7as, ele pode criar o que chamamos de sa\u00edda motora digital.”
\nEssa sa\u00edda \u00e9 ent\u00e3o transformada em sinais de computador, sendo utilizada atualmente por 10 pessoas.
\nUma dessas pessoas, que preferiu n\u00e3o revelar seu sobrenome, contou \u00e0 BBC que foi o primeiro a usar o dispositivo com o headset Vision Pro da Apple.
\nMark disse que isso lhe permitiu fazer f\u00e9rias virtuais em locais distantes \u2014 desde ficar em cachoeiras na Austr\u00e1lia at\u00e9 caminhar por montanhas na Nova Zel\u00e2ndia.
\n“Eu consigo ver no futuro um mundo onde essa tecnologia realmente, realmente pode fazer a diferen\u00e7a para algu\u00e9m que tenha essa condi\u00e7\u00e3o ou qualquer tipo de paralisia”, afirmou ele.
\nMas, para Arbaugh, h\u00e1 uma ressalva com seu chip Neuralink \u2014 ele concordou em participar de um estudo que implantaria o dispositivo por seis anos, ap\u00f3s os quais o futuro se torna menos claro.
\nIndependentemente do que aconte\u00e7a com ele, Arbaugh acredita que sua experi\u00eancia pode ser apenas o come\u00e7o do que um dia pode se tornar uma realidade.
\n“Sabemos t\u00e3o pouco sobre o c\u00e9rebro e isso est\u00e1 nos permitindo aprender muito mais”, afirmou.
\n‘O que a Neuralink est\u00e1 dizendo \u00e9 algo que j\u00e1 foi feito 20 anos atr\u00e1s’, diz Miguel Nicolelis
\nReportagem adicional de Yasmin Morgan-Griffiths.<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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