Ataques foram feitos por mensagens de texto enviadas pela prefeita do munic\u00edpio, durante o ano de 2024. Caso foi denunciado como crime de injuria racial na delegacia de pol\u00edcia. Prefeita do munic\u00edpio de S\u00e3o Jo\u00e3o da Baliza, Luiza Maura.
\nReprodu\u00e7\u00e3o\/Facebook\/Arquivo
\nA estudante de t\u00e9cnico em enfermagem Whini Castro de Jesus, de 36 anos, acusa a prefeita de S\u00e3o Jo\u00e3o da Baliza, Luiza Maura (PP), por injuria racial e transfobia. As ofensas foram feitas em conversas por meio de mensagens de texto entre a prefeita e uma servidora do munic\u00edpio. Whini teve acesso ao conte\u00fado e registrou boletim de ocorr\u00eancia na Pol\u00edcia Civil.
\nDe acordo com a v\u00edtima, a situa\u00e7\u00e3o aconteceu em 2024, depois que ela foi demitida do cargo de servidora seletiva do munic\u00edpio, localizado ao Sul de Roraima. Ela trabalhava na secretaria de uma escola.
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\n“Quero que ela pague pelo crime de homofobia. Ela, como chefe do executivo municipal, tem que respeitar as pessoas. Por isso quero justi\u00e7a, n\u00e3o podemos aceitar essa situa\u00e7\u00e3o e baixar a cabe\u00e7a”, afirmou Whini Castro.
\nProcurada pelo g1, a prefeita assumiu que fez coment\u00e1rios homof\u00f3bicos contra a v\u00edtima, mas justificou que eles ocorreram em “consequ\u00eancia de postagens p\u00fablicas que ela havia feito com palavras ofensivas e falsas a meu respeito em redes sociais”.
\nA prefeita alegou que foi chantageada por Whini para que ela n\u00e3o denunciasse o caso. Luiza registrou um boletim de ocorr\u00eancia contra a estudante na delegacia de S\u00e3o Jo\u00e3o da Baliza, em fevereiro de 2025.
\n‘Querendo ser mulher’
\nMulher acusa prefeita de S\u00e3o Jo\u00e3o da Baliza, Luiza Maura (PP), de transfobia.
\nArquivo pessoal
\nEm mensagens de texto, trocadas com uma servidora, Luiza Maura teria chamado a v\u00edtima de “a gay”, dito que Whini havia “feito macumba para ela”, al\u00e9m de coment\u00e1rios relacionados a identidade de g\u00eanero.
\nAo g1, a v\u00edtima contou que s\u00f3 soube das ofensas depois que as imagens da conversa foram divulgadas nas redes sociais. Ela registrou um boletim de ocorr\u00eancia por inj\u00faria racial \u2014 que envolve atos de transfobia e homofobia \u2014 em maio de 2024, mas retirou a queixa depois de um acordo com a prefeita.
\nNo entanto, ao perceber que o acordo n\u00e3o seria cumprido, ela registrou um novo boletim de ocorr\u00eancia na delegacia do munic\u00edpio, em janeiro de 2025.
\n“Acordo que ela n\u00e3o cumpriu, apenas me usou porque era ano de elei\u00e7\u00f5es. [Ela] n\u00e3o estava preocupada comigo e sim com ela, pela elei\u00e7\u00e3o que j\u00e1 estava iniciando”, afirmou Whini.
\nProcurada, a Pol\u00edcia Civil informou que as investiga\u00e7\u00f5es sobre inj\u00faria racial “est\u00e3o em andamento e que dilig\u00eancias ser\u00e3o realizadas para a devida apura\u00e7\u00e3o dos fatos”. O g1 aguarda resposta sobre a denuncia feita pela prefeita.
\nNatural da cidade de S\u00e3o Jo\u00e3o da Baliza, a v\u00edtima contou que se mudou para outra cidade com a fam\u00edlia devido ao medo que sente de uma persegui\u00e7\u00e3o por parte da prefeita e por temer pela pr\u00f3pria vida “nesse momento”.
\n“Eu fico muito triste e depressiva, sou muito reservada sobre minha sexualidade e s\u00f3 veio tudo a tona por causa dessas falas preconceituosas dela ao meu respeito. Moro em outra cidade por causa de tudo isso”, ressaltou.
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\nEm nota divulgada nas redes sociais na ter\u00e7a-feira (18), o Grupo DiveRRsidade repudiou os ataques e prestou solidariedade \u00e0 v\u00edtima. “Repudiamos veementemente qualquer forma de discrimina\u00e7\u00e3o e viol\u00eancia contra a popula\u00e7\u00e3o LGBTQIA+, especialmente quando parte de agentes p\u00fablicos que deveriam garantir o respeito e a dignidade de todos os cidad\u00e3os”, disse.
\n“A LGBTfobia n\u00e3o pode ser tolerada, e exigimos que as autoridades competentes tomem as devidas provid\u00eancias para que esse caso n\u00e3o fique impune”, completou a organiza\u00e7\u00e3o.
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\nQuem \u00e9 Luiza Maura
\nLuiza Maura est\u00e1 no segundo mandato como prefeita de S\u00e3o Jo\u00e3o da Baliza. No dia 6 de mar\u00e7o, ela foi alvo de uma opera\u00e7\u00e3o que investiga a interfer\u00eancia dela em processos seletivos para contrata\u00e7\u00e3o de profissionais da Educa\u00e7\u00e3o no munic\u00edpio. A a\u00e7\u00e3o cumpriu mandados de buscas e apreens\u00e3o na casa dela, na sede da prefeitura.
\nEla chegou a eliminar uma candidata porque ela n\u00e3o a seguia nas redes sociais. O g1 teve acesso a trechos de conversas em que a prefeita diz, em tom de ironia, que a pessoa foi “eliminada do Big Brother”.
\nEste ano, 13 dias ap\u00f3s assumir para o segundo mandato, ela sancionou uma lei que aumentava o pr\u00f3prio sal\u00e1rio e o do vice-prefeito. Com a mudan\u00e7a, o sal\u00e1rio dela subiu para R$ 13,5 mil e do vice R$ 9,5 mil.
\nAinda em 2022, no primeiro mandato, Luiza sancionou uma honraria que concedia a ela mesma o t\u00edtulo de Cidad\u00e3 Honor\u00e1ria de Baliza. Com isso, passou a ser um conterr\u00e2nea, “filha da cidade” \u2014 ela \u00e9 natural de Nova Igua\u00e7u, no Rio de Janeiro. \u00c0 \u00e9poca, ela justificou que a iniciativa havia partido da C\u00e2mara Municipal e que havia a apenas sancionado a ideia.
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