{"id":13861,"date":"2024-03-24T12:14:49","date_gmt":"2024-03-24T15:14:49","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/13861"},"modified":"2024-03-24T12:14:49","modified_gmt":"2024-03-24T15:14:49","slug":"como-os-lideres-devem-agir-em-meio-a-epidemia-de-transtornos-mentais","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/13861","title":{"rendered":"Como os l\u00edderes devem agir em meio \u00e0 epidemia de transtornos mentais?"},"content":{"rendered":"
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\"Sandro<\/a>Quando iniciei minha trajet\u00f3ria profissional como vendedor, no in\u00edcio dos anos 90, adquiri, por dever do of\u00edcio, uma incr\u00edvel capacidade de memorizar a localiza\u00e7\u00e3o de ruas e caminhos. Meu \u201cGuia de Ruas Mapograf\u2019 sempre estava a postos, mas raramente recorria ao diret\u00f3rio.<\/p>\n

Me recordei dessa experi\u00eancia recentemente quando fui abordado no tr\u00e2nsito por um jovem, desnorteado, que me pediu ajuda para encontrar uma rua localizada a poucas quadras de onde est\u00e1vamos, pois a bateria de seu celular tinha acabado e ele n\u00e3o conseguia acessar o Waze.<\/p>\n

Nesse momento me dei conta que h\u00e1 uma gera\u00e7\u00e3o inteira que aprendeu a se locomover na \u201cEra do Waze\u201d. Essa turma n\u00e3o tem em seu repert\u00f3rio o recurso de se dirigir ao posto de gasolina mais pr\u00f3ximo para obter informa\u00e7\u00f5es de tr\u00e2nsito, j\u00e1 que a tecnologia se transformou em um de seus melhores amigos.<\/p>\n

Confesso que minha capacidade de me locomover autonomamente pelas ruas de S\u00e3o Paulo tamb\u00e9m ficou comprometida, pois \u00e9 muito mais f\u00e1cil recorrer \u00e0 tecnologia que est\u00e1 sempre \u00e0 m\u00e3o \u2014 literalmente.<\/p>\n

As maravilhas das novas tecnologias nos deixam estupefatos e mudam nossa rotina. A bola da vez agora \u00e9 a intelig\u00eancia artificial generativa. \u00c9 ou n\u00e3o \u00e9 uma maravilha ter todas as perguntas respondidas pelo ChatGPT? Esse \u00e9 outro cara que est\u00e1 se transformando em meu melhor amigo, pois tem todas as respostas na ponta da l\u00edngua (ou da tela?).<\/p>\n

Recentemente, o Google informou que o Bard, sua aplica\u00e7\u00e3o de Intelig\u00eancia artificial, est\u00e1 testando uma funcionalidade em que interpreta um texto complexo, transforma seus principais pontos em t\u00f3picos e extrai as principais perguntas que o conte\u00fado endere\u00e7a. \u00c9 ou n\u00e3o \u00e9 outra maravilha da modernidade? N\u00e3o precisarei mais interpretar textos complexos nem refletir sobre as principais li\u00e7\u00f5es. Tudo vir\u00e1 \u201cmastigadinho\u201d. Que espet\u00e1culo, n\u00e3o \u00e9?<\/p>\n

S\u00f3 que n\u00e3o. N\u00e3o estamos nos dando conta que essa \u00e9 uma das facetas da ambiguidade da contemporaneidade: ao mesmo tempo em que a tecnologia facilita o acesso ao conhecimento, ela pode atrofiar nossa capacidade cognitiva.<\/p>\n

Contextualizando essa vis\u00e3o: cogni\u00e7\u00e3o \u00e9 o processo de constru\u00e7\u00e3o do conhecimento, que todo ser humano utiliza, e nossa capacidade cognitiva \u00e9 o ve\u00edculo para que ela aconte\u00e7a. De forma bastante simplificada, o c\u00e9rebro recorre a essa capacidade para memorizar, raciocinar, ler e, sobretudo, aprender.<\/p>\n

Ou seja, o comprometimento da capacidade cognitiva resulta em um impacto determinante na habilidade de aprendizagem do indiv\u00edduo.<\/p>\n

Deu para entender o tamanho do problema?<\/p>\n

O desafio de ligar os pontos<\/strong><\/p>\n

No livro \u201cLideran\u00e7a Disruptiva\u201d, que escrevi a quatro m\u00e3os com Jos\u00e9 Salibi Neto, definimos, como fruto de nossos estudos, que uma das compet\u00eancias centrais que todo l\u00edder deve desenvolver \u00e9 a sua capacidade de conex\u00e3o. Para tangibilizar essa tese criamos a alcunha do \u201cL\u00edder Conector\u201d, cujo representante mais emblem\u00e1tico \u00e9 Steve Jobs.<\/p>\n

O fundador da Apple se autodenominava como o CIO de sua empresa: o\u00a0Chief Integration Officer<\/em>, algo como o chefe da integra\u00e7\u00e3o da companhia. Um dos seus discursos mais c\u00e9lebres foi realizado para formandos da Universidade de Stanford e tem como t\u00edtulo a express\u00e3o \u201cConnecting the Dots<\/em>\u201d (algo como \u201cLigando os Pontos\u201d).<\/p>\n

A din\u00e2mica que justifica essa compet\u00eancia est\u00e1 relacionada a um ambiente cada vez mais multifacetado, complexo e interdependente. Nesse contexto, a capacidade de adotar uma vis\u00e3o sist\u00eamica, que permite conectar os principais agentes, recursos e compet\u00eancias de um ecossistema, \u00e9 um dos imperativos para que o indiv\u00edduo obtenha sucesso.<\/p>\n

Vamos ent\u00e3o ligar os pontos (ops!): essa compet\u00eancia est\u00e1 ou n\u00e3o intimamente relacionada \u00e0 capacidade cognitiva do indiv\u00edduo?<\/p>\n

\u00c9 \u00f3bvio que sim.<\/p>\n

Ent\u00e3o, observe a alarmante amea\u00e7a com a qual nos defrontamos nesse contexto. O ambiente requer cada vez mais pessoas que tenham a capacidade de lidar com demandas complexas e de gerar respostas originais e criativas. Por outro lado, corremos o risco de termos seres aut\u00f4matos, que perderam sua capacidade de desenvolvimento cognitivo por n\u00e3o precisarem mais raciocinar em profundidade rotineiramente.<\/p>\n

Ao longo das \u00faltimas d\u00e9cadas, in\u00fameras promessas das tecnologias, como o maior empoderamento do ser humano, o aumento da intelig\u00eancia coletiva e a democratiza\u00e7\u00e3o da informa\u00e7\u00e3o, dentre outras, foram caindo por terra, uma a uma, devido \u00e0 profunda inabilidade de utilizarmos os novos recursos em prol do incremento do potencial de cada indiv\u00edduo.<\/p>\n

Ser\u00e1 que estamos diante de mais uma fal\u00e1cia e a intelig\u00eancia artificial resultar\u00e1 em um maior emburrecimento do ser humano?<\/p>\n

S\u00f3 o tempo e o pr\u00f3prio ser humano responder\u00e3o a essa indaga\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

\u00a0<\/p>\n

Por Sandro Magaldi<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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