{"id":1090,"date":"2024-02-20T09:54:19","date_gmt":"2024-02-20T12:54:19","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/1090"},"modified":"2024-02-20T09:54:19","modified_gmt":"2024-02-20T12:54:19","slug":"piora-nas-contas-publicas-aumenta-incerteza-sobre-o-crescimento-da-economia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia4.jornalfloripa.com.br\/leragencia4\/1090","title":{"rendered":"Piora nas contas p\u00fablicas aumenta incerteza sobre o crescimento da economia"},"content":{"rendered":"
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A piora nas contas p\u00fablicas est\u00e1 elevando as incertezas em rela\u00e7\u00e3o ao crescimento da economia brasileira nos pr\u00f3ximos anos.<\/p>\n

\u201cA dificuldade de aumentar a arrecada\u00e7\u00e3o para fazer frente ao aumento de gastos permitido pelo regime fiscal resultar\u00e1 na mudan\u00e7a de meta n\u00e3o s\u00f3 para 2024, mas tamb\u00e9m para 2026. Esse aumento na percep\u00e7\u00e3o de risco reflete-se principalmente em um n\u00edvel de incerteza maior, pesando nas principais vari\u00e1veis econ\u00f4micas\u201d, diz Alessandra Ribeiro, s\u00f3cia da consultoria Tend\u00eancias.<\/p>\n

Depois de um super\u00e1vit em 2022, o governo federal fechou 2023 com d\u00e9ficit prim\u00e1rio de R$ 230,5 bilh\u00f5es, o segundo maior da hist\u00f3ria.<\/p>\n

Mesmo descontando os efeitos do pagamento de precat\u00f3rios e de compensa\u00e7\u00f5es a estados e munic\u00edpios, ainda haveria um rombo de R$ 117,2 bilh\u00f5es no ano, resultado da combina\u00e7\u00e3o de forte aumento nas despesas e queda na arrecada\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

O cen\u00e1rio b\u00e1sico da consultoria, com probabilidade de 65%, aponta que o governo n\u00e3o atingir\u00e1 uma taxa de sucesso elevada na recomposi\u00e7\u00e3o da carga tribut\u00e1ria, o que dificulta o ajuste desenhado no novo arcabou\u00e7o fiscal pela equipe econ\u00f4mica do governo de Luiz In\u00e1cio Lula da Silva (PT).<\/p>\n

Pelas contas da consultoria, nesse cen\u00e1rio mais prov\u00e1vel o crescimento econ\u00f4mico ser\u00e1 de 2,4% ao ano, em m\u00e9dia, at\u00e9 2033.<\/p>\n

As maiores incertezas deste cen\u00e1rio encontram-se diante da fraqueza precoce da coaliz\u00e3o governista e do capital pol\u00edtico limitado do presidente Luiz In\u00e1cio Lula da Silva (PT) na defini\u00e7\u00e3o da agenda legislativa.<\/p>\n

\u201cO ciclo econ\u00f4mico projetado no cen\u00e1rio b\u00e1sico \u00e9
\nreflexo de um governo inseguro com o seu capital pol\u00edtico e, portanto, com
\nreflexos para a agenda econ\u00f4mica. Essa relut\u00e2ncia em emprestar capital pol\u00edtico
\npara a aprova\u00e7\u00e3o da agenda \u00e9 resultado da divis\u00e3o entre esquerda e direita
\ndentro da coaliz\u00e3o governista\u201d, destaca a consultoria.<\/p>\n

Segundo ela, a agenda econ\u00f4mica que serve de ponto de partida para a defini\u00e7\u00e3o das proje\u00e7\u00f5es do cen\u00e1rio \u00e9 resultante da divis\u00e3o de poderes, o que limita o sucesso da gest\u00e3o fiscal e ao mesmo tempo impede voluntarismos econ\u00f4micos do governo.<\/p>\n

Um dos efeitos dessa dispers\u00e3o pode ser observado no longo processo de aprova\u00e7\u00e3o da reforma tribut\u00e1ria do consumo, com a cria\u00e7\u00e3o do IVA dual e uma quantidade relevante de regimes especiais e al\u00edquotas reduzidas \u2013 o que pode fazer com que a al\u00edquota-base do novo imposto fique em torno de 27,5% ou at\u00e9 mais, uma das mais altas do mundo.<\/p>\n

As press\u00f5es pol\u00edticas em torno da agenda econ\u00f4mica s\u00e3o constantes nesse cen\u00e1rio, com as tens\u00f5es se deslocando do Banco Central para o Minist\u00e9rio da Fazenda. A expectativa \u00e9 de que a equipe econ\u00f4mica continue a n\u00e3o ter o respaldo necess\u00e1rio para o encaminhamento da estrat\u00e9gia fiscal.<\/p>\n

A Tend\u00eancias aponta que a preserva\u00e7\u00e3o do capital pol\u00edtico de Lula aparece na pouca disposi\u00e7\u00e3o do governo de fazer contingenciamento de despesas para conter a frustra\u00e7\u00e3o de despesas. Isso, de acordo com a consultoria, deve resultar em revis\u00e3o das metas de super\u00e1vit prim\u00e1rio definidas pela equipe econ\u00f4mica para os pr\u00f3ximos anos.<\/p>\n

\u201cA pol\u00edtica fiscal passa a ser objeto de desconfian\u00e7a
\ndos agentes, com efeitos negativos nas expectativas, o que deve resultar em um
\npatamar mais elevado da taxa de juros ao longo do tempo e tamb\u00e9m afetado pela
\ncena internacional\u201d, informa a consultoria. Este quadro acaba por limitar
\no crescimento do PIB.<\/p>\n

Cen\u00e1rio pessimista \u00e9 influenciado por quest\u00f5es globais e fragilidade
\npol\u00edtica<\/h2>\n

A consultoria trabalha com outros dois cen\u00e1rios para a economia brasileira. O pessimista, com probabilidade de 25%, decorre de um cen\u00e1rio bastante perverso para as economias emergentes. Esse quadro \u00e9 influenciado por dois elementos relevantes:<\/p>\n

    \n
  1. continuidade de apertos monet\u00e1rios nas economias avan\u00e7adas; e<\/li>\n
  2. instabilidade pol\u00edtica em fun\u00e7\u00e3o da amplitude dos riscos geopol\u00edticos, aumentando a era do protecionismo econ\u00f4mico no contexto global.<\/li>\n<\/ol>\n

    Aspectos dom\u00e9sticos tamb\u00e9m contribuem para esse cen\u00e1rio: \u201cA fragilidade pol\u00edtica do governo resulta em dificuldade de aprova\u00e7\u00e3o da agenda para aumento da arrecada\u00e7\u00e3o, o que alimenta de maneira mais expressiva os riscos sobre a sustentabilidade das contas p\u00fablicas\u201d.<\/p>\n

    Nesse cen\u00e1rio, para tentar conter a perda de popularidade decorrente dos efeitos negativos do ambiente global e da maior percep\u00e7\u00e3o de risco dom\u00e9stica, o governo refor\u00e7aria pol\u00edticas para estimular o crescimento econ\u00f4mico por meio de estatais, cr\u00e9dito subsidiado pelos bancos p\u00fablicos e mudan\u00e7as no Banco Central. Nessa conjuntura, a economia cresceria apenas 1,5% ao ano at\u00e9 2033, em m\u00e9dia, pelas contas da Tend\u00eancias.<\/p>\n

    Cen\u00e1rio otimista depende de mais apoio \u00e0 agenda de Haddad<\/h2>\n

    Outro cen\u00e1rio apresentado pela Tend\u00eancias \u00e9 o otimista, com probabilidade de apenas 10%. Ele contempla que, no \u00e2mbito dom\u00e9stico, a ampla coaliz\u00e3o do governo passaria a dar apoio mais sistem\u00e1tico \u00e0 agenda de recupera\u00e7\u00e3o de receitas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.<\/p>\n

    Este cen\u00e1rio tamb\u00e9m considera a aprova\u00e7\u00e3o da reforma tribut\u00e1ria do consumo com redu\u00e7\u00e3o dos regimes especiais e al\u00edquotas reduzidas, aproximando-se de uma proposta ideal. Neste caso, a economia cresceria, em m\u00e9dia, 3,1% ao ano no per\u00edodo citado.<\/p>\n

    Incertezas no cen\u00e1rio internacional s\u00e3o desafiadoras<\/h2>\n

    Um complicador para os pa\u00edses emergentes \u00e9 o cen\u00e1rio
    \ninternacional desafiador, resultado de quest\u00f5es econ\u00f4micas e de um ambiente
    \nconflituoso na cena geopol\u00edtica.<\/p>\n

    Segundo Ribeiro, a economia global, al\u00e9m da desacelera\u00e7\u00e3o
    \nmais pronunciada em 2024, deve enfrentar um per\u00edodo de crescimento abaixo dos
    \n\u00edndices registrados no pr\u00e9-pandemia e juros relativamente mais elevados. O
    \nFundo Monet\u00e1rio Internacional (FMI) projeta um crescimento de 3,1% para a
    \neconomia mundial em 2024 e de 3,2% para 2025.<\/p>\n

    Os bancos centrais das principais economias globais est\u00e3o encerrando o ciclo de alta nos juros, mas as taxas devem permanecer em n\u00edveis altos no curto prazo.<\/p>\n

    Ainda que o Federal Reserve (o BC norte-americano) e o Banco Central Europeu iniciem a redu\u00e7\u00e3o em meados deste ano, as taxas devem permanecer acima dos n\u00edveis pr\u00e9-pandemia. Um dos fatores que contribuem para isso s\u00e3o as crescentes dificuldades fiscais nas maiores economias, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.<\/p>\n

    O ritmo de crescimento da China, segunda maior economia do mundo, est\u00e1 desacelerando. Dos 5,2% projetados pelo FMI para 2023, deve cair para 4,1% em 2025. O governo chin\u00eas vem tentando suavizar a queda, mas persistem desafios estruturais ligados ao forte endividamento p\u00fablico e privado, excesso de capacidade em diferentes setores, demografia desfavor\u00e1vel e a necessidade do cumprimento de metas ambientais.<\/p>\n

    Quest\u00f5es geopol\u00edticas tamb\u00e9m ter\u00e3o peso nos pr\u00f3ximos anos.
    \nAs tens\u00f5es entre chineses e norte-americanos seguem como fonte de risco. O
    \nresultado das elei\u00e7\u00f5es nos Estados Unidos, em novembro, poder\u00e1 redefinir o
    \npapel da pol\u00edtica externa do pa\u00eds.<\/p>\n

    Al\u00e9m disso, h\u00e1 evid\u00eancias crescentes na dire\u00e7\u00e3o de maior protecionismo por parte dos pa\u00edses. E, se de um lado espera-se maior seguran\u00e7a na cadeia de suprimentos e melhora log\u00edstica, de outro h\u00e1 potencial perda de efici\u00eancia do processo com ado\u00e7\u00e3o de pr\u00e1ticas como o nearshoring (compra de insumos e mat\u00e9rias-primas de pa\u00edses pr\u00f3ximos) e o friendshoring (compra de insumos e mat\u00e9rias-primas de pa\u00edses amigos), tendo em vista que o crit\u00e9rio do menor custo deixa de ser o principal na defini\u00e7\u00e3o dos locais de produ\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

    Tamb\u00e9m merece destaque a quest\u00e3o da transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica, devido \u00e0s implica\u00e7\u00f5es nos pr\u00f3ximos anos. Apesar de a consultoria destacar que a migra\u00e7\u00e3o para fontes mais limpas e sustent\u00e1veis seja uma imposi\u00e7\u00e3o, quest\u00f5es relacionadas a custos e efici\u00eancia tornam esse processo mais desafiador.<\/p>\n

    \u201cDe forma geral s\u00e3o quest\u00f5es que apontam para o risco de uma era de maiores custos e, consequentemente, de infla\u00e7\u00e3o global mais pressionada, em especial quando comparada ao pr\u00e9-pandemia\u201d, ressalta a Tend\u00eancias em seu relat\u00f3rio.<\/p>\n<\/div>\n

    source
    Fonte : Gazeta do Povo<\/p>\n

    <\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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