Sem o refor\u00e7o do quadro de profissionais de sa\u00fade e a ado\u00e7\u00e3o estrat\u00e9gias efetivas, o Distrito Federal corre o risco real de sair da epidemia de dengue e cair direto em um explos\u00e3o de casos de chikungunya. Segundo o boletim epidemiol\u00f3gico, divulgado pela Secretaria de Sa\u00fade em fevereiro de 2024, foram registrados 167 casos prov\u00e1veis de infec\u00e7\u00e3o em 2023. No c\u00e1lculo parcial de 2024, s\u00e3o 487. O crescimento \u00e9 de 191,6%.<\/p>\n
Pelo diagn\u00f3stico do sanitarista e professor do Departamento de Sa\u00fade Coletiva da Universidade Bras\u00edlia (UnB) Jonas Brant, a maior preocupa\u00e7\u00e3o para 2025 n\u00e3o seria a dengue \u2013 a n\u00e3o ser que surja uma nova variante. \u201cO que \u00e9 alarmante no DF \u00e9 o crescimento da chikungunya. \u00c9 um outro v\u00edrus que vem crescendo ano a ano, mas que, nesse momento, na propor\u00e7\u00e3o dos casos de dengue \u00e9 pequeno. Mas que pode ganhar uma propor\u00e7\u00e3o muito grande\u201d, alertou.<\/p>\n
Brant destacou a gravidade da situa\u00e7\u00e3o. \u201cEla mata mais do que a dengue e gera problemas de longo prazo, problemas cr\u00f4nicos. Ent\u00e3o, 30% dos casos de chikungunya v\u00e3o ter muitas dores articulares, pelo corpo, por at\u00e9 seis meses. E 30% dos casos ter\u00e3o problemas cr\u00f4nicos por mais de seis meses, que geram uma sequela muito grande\u201d, explicou.<\/p>\n
Nestes casos, os pacientes precisam de servi\u00e7os atualmente fr\u00e1geis no Sistema \u00danico de Sa\u00fade (SUS), como fisioterapia, psicologia e acupuntura, por exemplo. \u201cO cen\u00e1rio para o ano que vem n\u00e3o \u00e9 melhor do que o deste ano. \u00c9 um cen\u00e1rio de maior risco, se n\u00f3s n\u00e3o conseguirmos aprender com a epidemia que tivemos neste ano. Por isso a nomea\u00e7\u00e3o dos agentes de endemias e comunit\u00e1rios s\u00e3o t\u00e3o importantes\u201d, ressaltou.<\/p>\n
Na avalia\u00e7\u00e3o do sanitarista, o DF precisa, urgentemente, adotar estrat\u00e9gias mais eficazes e recompor o quadro de profissionais de sa\u00fade, especialmente os Agentes de Vigil\u00e2ncia\u00a0 Ambiental (AVAs), Agente Comunit\u00e1rios de Sa\u00fade (ACSs), estrat\u00e9gicos para a conten\u00e7\u00e3o dos focos do Aedes aegypti, transmissor da chikungunya, dengue e zica.<\/p>\n
De acordo com o especialista, o quadro atual \u00e9 deficit\u00e1rio e insuficiente para quebrar a cadeia de reprodu\u00e7\u00e3o do mosquito.<\/p>\n
O Tribunal de Contas do DF (TCDF) cobra a nomea\u00e7\u00e3o de AVAs e ACSs, aprovados no \u00faltimo concurso. A decis\u00e3o \u00e9 resultado de representa\u00e7\u00e3o do deputado distrital Gabriel Magno (PT). Diante da crise, a sociedade civil se mobilizou, a partir de uma convoca\u00e7\u00e3o do Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF), e fez 17 recomenda\u00e7\u00f5es para o GDF, incluindo a contrata\u00e7\u00e3o de profissionais de sa\u00fade.<\/p>\n
O Metr\u00f3poles<\/strong> conversou com um agente do quadro efetivo. Para evitar eventuais repres\u00e1lias, a identidade dele ser\u00e1 mantida em sigilo. O servidor revelou que os profissionais est\u00e3o \u201cpresos\u201d em servi\u00e7os burocr\u00e1ticos. \u201cNossa m\u00e3o de obra n\u00e3o \u00e9 suficiente. No passado, cada equipe de sa\u00fade tinha cinco ACSs para at\u00e9 4 mil pacientes. Hoje, s\u00f3 tem um agente. Estamos sobrecarregados\u201d, alertou.<\/p>\n \u201c\u00c9 humanamente imposs\u00edvel atender a popula\u00e7\u00e3o. N\u00e3o estamos tendo tempo de fazer as visitas e o servi\u00e7o externo de preven\u00e7\u00e3o contra a dengue, por conta desse servi\u00e7o burocr\u00e1tico, com fichas e cadastros. Muitos de n\u00f3s est\u00e3o doentes e com problemas emocionais. O ideal era ter cinco agentes por equipe\u201d, contou.<\/p>\n<\/blockquote>\n Para ele, sem nomea\u00e7\u00f5es suficientes, fatalmente o DF viver\u00e1 uma nova explos\u00e3o de casos de dengue em 2024. \u201cA press\u00e3o \u00e9 enorme. A popula\u00e7\u00e3o est\u00e1 todo dia reclamando nos postos de sa\u00fade porque n\u00e3o est\u00e1 vendo os agentes na rua. E n\u00e3o tem mesmo. Sofremos com excesso de trabalho. Temos poucos colegas para ajudar. Minha maior ang\u00fastia n\u00e3o \u00e9 salarial. Minha frustra\u00e7\u00e3o \u00e9 n\u00e3o poder prestar um servi\u00e7o de qualidade para a popula\u00e7\u00e3o\u201d, desabafou o agente.<\/p>\n Segundo a Secretaria de Sa\u00fade do DF, a chikungunya j\u00e1 circula na capital, por\u00e9m em taxas baixas, por enquanto, sem caracter\u00edsticas epid\u00eamicas relevantes. \u201cMas n\u00e3o se pode descartar o risco futuro\u201d, afirmou a pasta, em nota.<\/p>\n A Sa\u00fade ressaltou que o Aedes aegypti \u00e9 o vetor de, ao menos, tr\u00eas arboviroses urbanas: dengue, zika, chikungunya. E que o mosquito tamb\u00e9m tem o potencial de transmiss\u00e3o da Febre Amarela, uma arbovirose predominantemente silvestre.<\/p>\n \u201cA pasta realiza monitoramento cont\u00ednuo das notifica\u00e7\u00f5es e intensifica\u00e7\u00e3o da vigil\u00e2ncia ambulatorial, como, por exemplo, teste tr\u00edplex, que detecta simultaneamente as tr\u00eas arbovioreses\u201d, afirmou.<\/p>\n<\/blockquote>\n A secretaria afirmou que tem investido esfor\u00e7os nas a\u00e7\u00f5es de combate ao vetor, como a instala\u00e7\u00e3o de armadilhas de monitoramento de ovos (ovitrampas), contrata\u00e7\u00e3o de novos agentes de vigil\u00e2ncia ambiental, amplia\u00e7\u00e3o da frota de carros fumac\u00ea.<\/p>\n At\u00e9 o momento, segundo a pasta, foram instalados 1.935 ovitrampas. A pasta n\u00e3o informou se ir\u00e1 realmente contratar novos ACSs e AVAs e nem qual ser\u00e1 o quantitativo do eventual refor\u00e7o do quadro de pessoal.<\/p>\n De acordo com a Sa\u00fade, tamb\u00e9m est\u00e3o sendo realizadas tratativas para in\u00edcio do uso de duas novas estrat\u00e9gias de combate aos mosquitos, as armadilhas de dispers\u00e3o de larvicida e a borrifa\u00e7\u00e3o residual intradomiciliar (BRI).<\/p>\n A esta\u00e7\u00e3o disseminadora de larvicida \u00e9 uma estrat\u00e9gia de controle de mosquito promissora. \u00c9 indicada pelo Minist\u00e9rio da Sa\u00fade como uma nova tecnologia a ser incorporada no servi\u00e7o de vigil\u00e2ncia ambiental em sa\u00fade.<\/p>\n A esta\u00e7\u00e3o \u00e9 um recipiente com \u00e1gua onde \u00e9 colocado um tecido preto que estar\u00e1 umedecido e recoberto por larvicida em p\u00f3 extremamente fino. Os mosquitos s\u00e3o atra\u00eddos pela \u00e1gua acumulada e pela cor do tecido na esta\u00e7\u00e3o e, ao pousarem, o inseticida fica aderido \u00e0s suas patas. Ao visitar outros locais com \u00e1gua, est\u00e3o disseminando o larvicida. A contamina\u00e7\u00e3o da \u00e1gua ocorre de maneira suficiente para impedir o desenvolvimento das larvas.<\/p>\n Inicialmente, as esta\u00e7\u00f5es ser\u00e3o instaladas a cada 300m nas resid\u00eancias. A cada 30 dias receber\u00e3o manuten\u00e7\u00e3o pelo agente de vigil\u00e2ncia ambiental. Elas ser\u00e3o instaladas prioritariamente em \u00e1reas com maior incid\u00eancia de dengue.<\/p>\n A BRI \u00e9 tamb\u00e9m uma estrat\u00e9gia indicada pelo minist\u00e9rio. Consiste na aplica\u00e7\u00e3o de inseticida residual em paredes. Durante o per\u00edodo de aproximadamente 60 dias, os mosquitos, ao pousarem nas paredes tratadas, morrer\u00e3o. A ideia \u00e9 inicialmente fazer aplica\u00e7\u00f5es em lugares com grande circula\u00e7\u00e3o e tamb\u00e9m perman\u00eancia de pessoas, tais como, escolas, \u00f3rg\u00e3o p\u00fablicos etc.<\/p>\n S\u00e3o estrat\u00e9gias com a\u00e7\u00f5es diferentes: uma indicada para eliminar larvas de criadouros. A outra, o alvo \u00e9 o mosquito adulto.<\/p>\n\n
Outro lado<\/h4>\n
\n
Novas estrat\u00e9gias<\/h4>\n