Muriçocas reúne milhares de foliões

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O maior bloco de arrasto da Paraíba incendiou a noite de ontem, Quarta-Feira de Fogo, na principal avenida de João Pessoa. A festa começou às 20h30, com cortejos de maracatus, blocos de percussão, Cordão dos Estandartes e seguiu até a madrugada de hoje, com o trio do cantor Nattan.

Outros cinco trios desfilaram pela Avenida Epitácio Pessoa, a Via Folia, com as seguintes atrações: Fuba; Capilé; Trio Maravilha, composto por Thaíse Porto, Ana Regina Limeira, Sandra Belê e Val Donato; Juzé; e Raifi Souza.

Para Fuba, um dos fundadores da festa, o Muriçocas do Miramar é mais que um bloco. “É um movimento cultural, porque a gente homenageia o artista plástico na camiseta, no estandarte. Já homenageamos a orquestra sinfônica, cinema, teatro, circo, fizemos até um picadeiro na Epitácio Pessoa. A gente já homenageou Geraldo Vandré, Elba Ramalho, Ariano Suassuna. Neste ano, a gente está homenageando a dama do teatro paraibano, Zezita Matos. E a cultura popular que a gente faz questão de colocar também”, declarou o icônico puxador do bloco.

As Calungas é um desses grupos populares. Composto apenas por mulheres, o bloco de percussão reúne mais de 200 integrantes, como a doutoranda de Psicologia Bia Lima, de 27 anos. O pré-Carnaval 2025 é o primeiro em que ela desfila e toca tambor. “Sempre vi o grupo tocando no Carnaval de rua de João Pessoa. E é um grupo só de mulheres de todas as idades. Isso me encanta muito. Sempre tive muita vontade, mas, por conta de outros compromissos, não dava certo”, comentou, visivelmente arrepiada.

Bia enfatiza que não precisa saber tocar para participar das Calungas. O próprio grupo oferece oficinas. “No início do cortejo, a gente toca parada. A gente consegue manter um ritmo que todas consigam tocar”, ressaltou.

E o pré-Carnaval que realça a capacidade de artistas amadoras também transforma profissionais em foliões assíduos. É o caso do músico Mateus França, de 26 anos. Desde 2021 morando no Rio Grande do Norte, o pessoense sempre retorna para sua cidade nessa época. “Se eu estiver em outro mundo, ou em outro planeta, eu venho pra João Pessoa, que é a melhor prévia do Brasil sem dúvida”, sentenciou.

Além de aproveitar o Muriçocas, ele vai exibir seu talento na rabeca (instrumento nordestino semelhante ao violino), no bloco E Tome Ladeira, cujos instrumentos são apenas pifes (instrumento nordestino semelhante a uma flauta) e rabecas, no próximo domingo (2), no Centro Histórico.

Até a rainha e o rei do Folia de Rua, que organizam o Carnaval em 28 bairros de João Pessoa, curtiram o primeiro trio do Muriçocas. “Sempre fui uma pessoa do Folia de Rua. Agora estou conhecendo o Via Folia. Sou muito apaixonada pela folia que vem da rua. E ser rainha disso é um prêmio”, contou a atriz Suzy Lopes. Também no exercício do seu reinado, o diretor e dramaturgo Paulo Vieira considera o título um combustível para cair exemplarmente na folia, inclusive na Quarta-Feira de Fogo. “É uma brincadeira. Então, esse título só nos deu incentivo para ainda mais diversão”, disse o rei.

Casa camarote

Na Rua Tito Silva, nas proximidades da Epitácio Pessoa, o aposentado Aurélio Lucena, de 63 anos, decora a varanda da casa, dispõe cadeiras e mesas e convida amigos e família para ver o bloco passar na Quarta-Feira de Fogo. “Vêm amigos, irmã, irmãos, sobrinhos. Faz 40 anos aqui. Algumas pessoas saem junto com o bloco, outras ficam por aqui. Mas neste ano está fraco, passavam mais antes”, comparou o líder da folia caseira.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de fevereiro de 2025.

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A União

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