Com apoio a Cícero, PC do B e PV esquecem federação e ideologia em nome de conveniências

O PC do B anunciou ontem que apoiará o projeto de reeleição do prefeito Cícero Lucena, do Progressistas, em João Pessoa. O entendimento segue o PV, que já havia firmado posição em sentido idêntico. O detalhe é que as duas legendas formam, junto com o PT, a Federação Brasil da Esperança. E o PT, na Capital, aprovou a manutenção das prévias para ter uma candidatura própria – muito provavelmente com a deputada Cida Ramos.

Além de o arranjo ser, ideologicamente questionável, considerando a distância programática entre os dois partidos e o Progressistas – base do bolsonarismo até pouco tempo – a costura rasga completamente os princípios da federação partidária.

O instituto prega a união de legendas durante, pelo menos, 4 anos. Mas na prática a regra tem sido esquecida em nome das conveniências paroquiais. Não é o caso somente do PC do B e do PV, claro. Mas não há como não dizer que, também aqui, as conveniências têm primazia em detrimento a outros aspectos.

Na maior parte das cidades paraibanas há gargalos. A direção do PT, inclusive, convocou uma reunião para a próxima terça-feira para discutir o tema.

A tese defendida pelo PC do B para apoiar Cícero é a de que os partidos precisariam fortalecer o projeto, apoiado também pelo PSB de João Azevêdo, como forma de evitar que legendas de extrema direita sejam vitoriosas nas eleições pessoenses. Tese que não se sustenta.

Ora, se existe a disposição em fortalecer uma frente de centro-esquerda na Capital seria muito mais lógico PC do B e PV apoiarem a candidatura do PT no primeiro turno, partido bem mais alinhado com o pensamento de esquerda. E não o prefeito Cícero, do Progressistas, que em 2022 ‘lavou as mãos’ na disputa entre o presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro.

O movimento de apoio a Cícero avisa à Executiva Nacional do PT que a federação irá dividida para as urnas e isola a candidatura de Cida Ramos. Ao mesmo tempo, sacramenta as conveniências locais das duas legendas, já que alguns de seus dirigentes ocupam cargos no Governo João Azevêdo – aliado de Cícero. 

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Fonte: Jornal da Paraíba

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