Alerta de evacuação de Israel aumenta temor da população do Líbano para escalada do conflito


Vídeos nas redes sociais mostram famílias fugindo do sul do país, onde bombardeios foram registrados nesta segunda (23). Na capital, Beirute, pais foram buscar os filhos nas escolas e relataram ter recebido ameaças por telefone. Após alertas de Israel, população começa a deixar o sul do Líbano
A escalada do conflito entre Israel e o grupo extremista libanês Hezbollah está causando pânico entre a população do Líbano.
Depois de uma manhã de bombardeios no sul do país e alertas de evacuação recebidos por telefone e mensagens de texto, libaneses estão correndo para buscar áreas seguras.
Imagens postadas nas redes sociais mostram um grande êxodo de cidadãos do sul que estão fugindo em massa de suas casas. Há relatos de congestionamentos significativos nas estradas principais.
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Em uma declaração após os primeiros ataques, o porta-voz militar israelense, contra-almirante Daniel Hagari, orientou os moradores do Vale de Bekaa, no sul do território libanês, a deixarem o local e acusou o Hezbollah de armazenar mísseis e drones militares e casas de civis.
“O Hezbollah está colocando vocês em perigo. Colocando vocês e suas famílias em perigo”, disse.
Voluntários distribuindo água e comida para os deslocados do sul do Líbano
Telegram/Reprodução
Questionado por repórteres sobre uma possível incursão terrestre israelense no Líbano , Hagari disse que Israel fará “o que for necessário” para devolver os moradores evacuados do norte de Israel às suas casas em segurança.
Na capital, Beirute, onde ocorreram os ataques que levaram à explosão de pagers e walkie-talkies de membros do grupo extremista na semana passada, o medo também predomina. A agência de notícias Reuters registrou imagens de pais indo às escolas buscar os filhos.
“Eles estão ligando para todo mundo e ameaçando as pessoas por telefone. Então, estamos aqui para tirar meu filho da escola. A situação não é tranquilizadora”, contou um cidadão.
Pais buscando os filhos na escola em Beirute
REUTERS
Um homem que não quis se identificar afirmou ainda que, em Beirute, os libaneses também receberam telefonemas alertando sobre um ataque.
No distrito de Sassine, no leste de Beirute, o funcionário público Joseph Ghafary disse temer que o Hezbollah respondesse aos ataques intensificados de Israel e que uma guerra total eclodisse:
“Se o Hezbollah realizar uma grande operação, Israel responderá e destruirá mais do que isso. Não podemos suportar isso. Israel quer atacar, quer continuar, o que significa que está pressionando Sayyed Hassan para começar uma guerra. É definitivamente perigoso”, lamentou o libanês, referindo-se ao líder do Hezbollah.
Troca de ataques
Libaneses registram fumaça e destruição após ofensiva de Israel ao sul do país
O Ministério da Saúde do Líbano disse que 182 pessoas morreram e mais de 727 ficaram feridas depois de Israel lançar um ataque aéreo amplo no país nesta segunda.
Mais de 300 alvos do grupo foram atacados, segundo os militares israelenses. O bombardeioé o mais amplo territorialmente já conduzido desde o início da troca de agressões entre as duas partes, há quase um ano, e o mais mortal no Líbano desde o início da nova onda do conflito, iniciado em outubro de 2023.
Os moradores das regiões do Líbano atacadas receberam mensagens de texto e de voz enviadas por Israel alertando sobre a iminência dos ataques.
Ataque israelense no sul do Líbano
REUTERS/Aziz Taher
Esse foi o primeiro alerta do tipo em quase um ano de conflito em constante escalada entre Israel e Hezbollah. O aviso foi enviado após uma intensa troca de tiros no domingo (22), quando o Hezbollah lançou cerca de 150 foguetes, mísseis e drones no norte de Israel. Os ataques foram uma retaliação ao bombardeio israelense que matou cerca de dez comandantes do grupo extremista, sendo um deles do alto escalão.
Segundo o governo libanês, os mortos e feridos no ataque incluem mulheres, crianças e profissionais de saúde.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou um “plano de destruição” executado por Israel.
“A agressão persistente de Israel contra o Líbano é uma guerra de extermínio em todos os aspectos, um plano de destruição que pretende pulverizar os vilarejos e cidades libaneses”, afirmou Mikati em um comunicado, no qual pede à ONU e aos “países influentes” para “dissuadir a agressão”.
O ministro do Interior do Líbano disse que vai converter escolas em abrigos em Beirute, Trípoli e no sul do país para lidar com o “intenso deslocamento” de libaneses no país.
Já o Ministério da Saúde ordenou que as cirurgias eletivas sejam canceladas em todos os hospitais para que as unidades de saúde tenham espaço para receber os feridos nos bombardeios.
Amplitude inédita
Os caças israelenses atacaram cidades ao longo da fronteira sul do Líbano e no Vale do Bekaa, cerca de 30 km a leste de Beirute. Na capital, há relatos de tráfego intenso de carros saindo da cidade em direção a locais que seriam mais seguros.
Segundo o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, residências no Vale do Bekaa estão sendo usadas para alojar mísseis e drones, e os ataques visam atingi-los antes que eles sejam disparados.
A área fica entre aldeias cristãs e muçulmanas xiitas, e não havia sido atingida antes por ataques israelenses. O bombardeio revela que Israel está atacando uma área mais ampla do território libanês a partir de agora — antes, os bombardeios ocorriam exclusivamente no sul do país e no sul de Beirute, considerados bastiões do Hezbollah.
O Hezbollah afirma ter retaliado o ataque com o disparo de “dezenas” de mísseis em diração a Israel. Os militares israelenses confirmam 35 disparos, com alguns deles caindo em terra.
Fumaça em vários pontos do Líbano após ataque de Israel
REUTERS/Aziz Taher
Ministro de Israel pede para cidadãos obedecerem alertas
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, pediu para que os israelenses obedeçam às sirenes de alerta que indicam bombardeios inimigos e se refugiem em abrigos.
“À nossa frente estão dias em que o povo terá que mostrar compostura, disciplina e total obediência às diretrizes do Comando da Frente Interna. A diferença entre o sucesso e o fracasso está no fato de que os cidadãos entraram em salas protegidas e outros lugares de acordo com as instruções que demos a eles”.
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No domingo, foguetes disparados pelo Hezbollah atingiram a cidade de Haifa, ao norte de Israel. Segundo o grupo, o alvo eram complexos industriais militares da empresa Rafael, que desenvolve armas e tecnologia militar.
O ataque foi confirmado pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), que afirmaram, no entanto, que os foguetes foram disparados “em direção a áreas civis”.
Em resposta, o Exército israelense realizou bombardeios em alvos do Hezbollah no sul do Líbano.
A troca de agressões entre Israel e Hezbollah se intensificou desde as explosões de pagers e de walkie-talkies de membros do grupo extremista no Líbano na semana passada.
As duas partes vêm trocando agressões desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza. O Hezbollah afirma que os foguetes lançados são uma retaliação contra o massacre de palestinos na Faixa de Gaza, iniciado após os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023.
Por conta dos bombardeios partindo do Líbano, moradores do norte de Israel foram evacuados de suas casas.
Na semana passada, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que as operações no Líbano continuariam até que os israelenses removidos pudessem retornar em segurança. A fala indica um conflito prolongado, já que o Hezbollah, apoiado pelo Irã, prometeu lutar até que houvesse um cessar-fogo guerra de Gaza.
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