Sabará, em Minas Gerais, festeja volta de imagem barroca furtada há 30 anos


O Ministério Público recebeu uma denúncia, pela internet, de que a peça estava em um leilão, em Campinas, no interior de São Paulo. As investigações para entender como ela foi parar lá estão em andamento. Sabará, em Minas Gerais, festeja volta de imagem barroca furtada há 30 anos
Jornal Nacional/ Reprodução
A cidade histórica de Sabará, em Minas Gerais, fez festa para receber de volta uma estátua barroca de Nossa Senhora do Carmo, que tinha sido roubada há 30 anos.
A imagem chegou dentro de uma caixa. Quem presenciou a abertura se emocionou.
“A gente tem muita devoção e é com muita alegria e felicidade que a gente vê esse retorno da Nossa Senhora do Carmo”, diz a artesã Dirléia Conceição Neves Peixoto.
A obra pertence à Igreja de Nossa Senhora do Carmo, de Sabará. A igreja e todo o acervo são tombados pelo Iphan.
“É uma peça, com certeza, da segunda metade do século XVIII. Então, é uma peça antiga, lindíssima. Ela foi anunciada como sendo uma obra de Francisco Vieira Servas que, sim, é contemporâneo de Aleijadinho, e para a gente confirmar isso é necessário exames técnicos”, afirma Paula Carolina Miranda Novaes, historiadora da Coordenadoria de Patrimônio Cultural do MP-MG.
A imagem foi levada da sacristia há 30 anos. Ela estava parafusada dentro de um oratório que, na época, não tinha vidro. Segundo investigações, um homem passou a imagem pela janela e pela grade, e deixou para trás a coroa e o menino Jesus que ficava na mão esquerda da santa.
“No princípio, a gente rezava muito, pedia muito a Deus para voltar, para achar”, comemora Célia Lúcia Duarte de Paula, zeladora da igreja.
O Ministério Público recebeu uma denúncia, pela internet, de que a peça estava em um leilão, em Campinas, no interior de São Paulo. As investigações para entender como ela foi parar lá estão em andamento.
“Muito importante não só para Sabará e para a ordem, mas para Minas, que vem lutando contra esse tipo de roubo de patrimônio histórico, que, na realidade, é patrimônio do povo”, diz o historiador José Arcanjo do Couto Bouzas.
Sabará, em Minas Gerais, festeja volta de imagem barroca furtada há 30 anos
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O Sondar – plataforma que reúne informações sobre objetos mineiros desaparecidos – ajudou a recuperar 23 bens culturais nos últimos 12 meses. Peças como a imagem de São Benedito, de Congonhas, que ficou perdida por quase 30 anos; e os castiçais de Bonfim, sumidos há 20 anos. Cientistas da UFMG, em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais, criaram o Sondar. Qualquer pessoa, em todo o Brasil, pode usá-lo para fazer denúncias.
“O Brasil demorou muito tempo para criar uma consciência da necessidade de proteção do patrimônio cultural. Eu acredito que hoje em dia todo mundo saiba da importância desses objetos, que representam a nossa história e a nossa identidade. Convidamos a sociedade civil para participar conosco do processo de vigilância e resgate desse patrimônio cultural desaparecido”, afirma o promotor de Justiça Marcelo Mafra.
E quando a cidade recebe a imagem, é uma festa.
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