Popularidade em queda: como Lula pretende combater alta dos alimentos

Em meio à crise envolvendo as ações da Petrobras, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) corre atrás de solucionar um outro problema que tem impactado a vida dos brasileiros e, consequentemente, a percepção sobre o governo: a alta no preço dos alimentos.

Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados nessa terça-feira (12/3), mostram que o custo da alimentação em casa registrou um aumento de 1,12%, puxado pela alta nos preços da cebola (7,37%), da batata-inglesa (6,79%), das frutas (3,74%), do arroz (3,69%) e do leite longa vida (3,49%).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento é consequência de eventos climáticos, como as temperaturas elevadas e o maior volume de chuvas, que diminuiu a colheita de parte desses produtos.

A inflação dos alimentos é vista como uma das razões para a queda de popularidade do governo em pesquisas recentes. Levantamento da Quaest de março mostra que a aprovação do trabalho de Lula recuou três pontos percentuais, chegando a 51%. Já na pesquisa Ipec, a queda foi de cinco pontos percentuais.

Para correr atrás do prejuízo, o presidente convocou ministros para uma reunião fora da agenda. Conforme mostrou a coluna Igor Gadelha, do Metrópoles, o objetivo era discutir estratégias para melhorar a comunicação do governo e conversar sobre o cenário político, incluindo as eleições municipais, marcadas para outubro.

Governo mobilizado

Nessa segunda-feira (11/3), o petista admitiu a necessidade de reduzir preços de itens essenciais para a população, como alimentos e energia.

“Para a sociedade estar feliz com o governo, é preciso que a economia esteja crescendo, o salário esteja crescendo e o preço da comida esteja baixando”, disse Lula em entrevista ao SBT News.

Pela manhã, ele se reuniu com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, em busca de maneiras para reduzir os preços, principalmente, do arroz, feijão e da energia.

Lula revelou também ter feito alertas aos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) para reduzir o valor “daquilo que vai na mesa do trabalhador”.

O presidente quer ações concretas e executáveis, e chegou a rir quando perguntado sobre a possibilidade do governo federal criar um “vale-carne”.

“É uma bobagem muito grande, por quê, veja, isso foi o seguinte: um cidadão entregou uma carta ao ministro, e esse ministro mandou a carta para Casa Civil e disse para a imprensa que iria estudar”, falou. “Eu ri muito quando vi a notícia do vale-carne, sinceramente. Eu não acreditei que pudesse ser verdade”, completou.

Aproximação com o agro

O chefe do Executivo também busca projetos de estímulo à produção agrícola, em aceno ao agronegócio. Além disso, Lula e o ministro Carlos Fávaro têm planejado ações para minimizar o impacto de eventos climáticos nas safras dos produtores.

“Estamos trabalhando em conjunto com o Ministério da Fazenda e o BNDES. Vamos ajudar quem precisa e devemos anunciar medidas em março”, pontuou o ministro.

Além da questão econômica, essa aproximação é relevante para o ano de eleições municipais. O governo articula um “giro” por estados onde o setor é prevalente, como Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins e Rio Grande do Sul.

Nesta quarta-feira (13/3), o presidente vai a Minas Gerais, participar da inauguração do complexo industrial da empresa Eurochem, voltado à produção de fertilizantes.

Há ainda a ideia de receber representantes dessa área em Brasília, em um “churrasquinho” na Granja do Torto, para dar o tom informal desejado pelo presidente, semelhante ao utilizado em happy hours com lideranças do Congresso.

Outra relevância é a contribuição notável do agronegócio para o bom desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que teve alta de 2,9% em 2023.

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Por Metrópoles

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