MPSP denuncia jornalista por matéria de tiroteio na agenda de Tarcísio

São Paulo — O promotor Fabiano Augusto Petean, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), denunciou os jornalistas Artur Rodrigues, do jornal Folha de S.Paulo, e Joaquim Carvalho, do portal Brasil 247, por publicação de reportagens sobre o tiroteio ocorrido em Paraisópolis, na zona sul paulistana, durante uma agenda do então candidato a governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), na campanha eleitoral de 2022.

A investigação havia sido aberta com base em uma representação feita por um advogado de um candidato do Podemos, que acusou Tarcísio e seu staff de forjarem um atentado durante a agenda de campanha, em outubro de 2022. Sem provas contra o governador, o promotor pediu o arquivamento da investigação e, no mesmo documento, defendeu que os jornalistas fossem investigados por suposta divulgação de informações falsas.

Após o episódio na agenda de campanha, a Folha publicou uma reportagem mostrando que a equipe de Tarcísio mandou que um cinegrafista apagasse o vídeo do tiroteio, que acabou com um suspeito morto com um tiro no peito em confronto com a Polícia Militar (PM).

Assim como a portaria de abertura de inquérito contra os jornalistas, a denúncia de sete páginas assinada pelo promotor Fabiano Petean, que é da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, incorre em uma série de erros factuais. Segundo ele, os jornalistas “divulgaram reportagens discrepantes da realidade (e que sabiam inverídicas)” e apontaram a “participação de pessoas integrantes da equipe de Tarcísio na troca de tiros”.

O promotor atribui ao jornalista o possível cometimento de crime previsto artigo 323 do Código Eleitoral, que consiste em divulgar, durante período eleitoral, “fatos que sabe inverídicos em relação a partidos ou a candidatos e capazes de exercer influência perante o eleitorado”. A Folha informou que o jornal e o repórter não foram notificados da denúncia.

Segundo Petean, os denunciados “afirmaram que o candidato e membros de sua equipe teriam ordenado ao cinegrafista Marcos Andrade a indevida supressão de imagens captadas durante o tiroteio, uma vez que tais imagens teriam registrado um segurança do candidato efetuando disparos de arma de fogo, possivelmente para simular um ‘atentado fraudulento’ a Tarcísio”.

A denúncia não cita nenhum trecho da reportagem publicada por Artur Rodrigues na Folha, que não apontou a participação de pessoas da equipe de Tarcísio na troca de tiros. O jornal também não fez qualquer menção a “atentado fraudulento” ao então candidato ao governo de São Paulo.

Na reportagem, pelo menos quatro parágrafos são dedicados à descrição feita pelos próprios policiais militares sobre como começou o confronto, com uma “rajada de tiros” de motociclistas com armas longas.

O relato sobre o apagamento das imagens foi confirmado pelo cinegrafista em entrevistas e em depoimento durante a investigação. Segundo ele, “um membro da comitiva de Tarcísio que tinha um distintivo do Abin [Agência Brasileira de Inteligência] pediu para apagar as imagens”. Ele disse não ter apagado.

Na denúncia, o promotor cita um trecho do depoimento do cinegrafista em que ele nega ter afirmado que havia uma farsa para beneficiar a campanha de Tarcísio. O depoimento é mencionado por Petean para sustentar a afirmação de que ficou “amplamente demonstrado que os fatos reportados nas matérias não correspondem ao que ocorreu”.

O depoimento do cinegrafista, contudo, não contradiz o foi publicado na reportagem da Folha. A apuração da reportagem foi corroborada por uma declaração de Tarcísio, no mesmo texto, de que sua equipe, de fato, pediu para o cinegrafista “não enviar parte do vídeo para não expor as pessoas que estavam lá”.

O próprio Tarcísio disse, na mesma reportagem, que “bandidos notaram” a presença da campanha “ali desde cedo”. “[Homens em] Motocicletas filmaram a nossa equipe, fizeram perguntas e voltaram armados. Não foi algo corriqueiro. Foi um tiroteio enquanto estávamos lá”, afirmou o atual governador na ocasião.

Inquérito arquivado

Na esfera criminal, a Justiça arquivou o inquérito que apurava a morte de um homem de 27 anos durante a agenda de campanha de Tarcísio.

O juiz Jair Antonio Pena Junior, do 1º Tribunal do Júri da capital, acolheu um pedido feito pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Segundo o promotor Fabio Tosta Honer, o disparo partiu da arma de um policial militar, acionado para prestar apoio após o início do tiroteio, e as provas colhidas indicariam que a morte foi resultado de ação de legítima defesa do PM.

Ainda segundo o relatório da Promotoria, os agentes envolvidos no confronto não teriam relação direta com a segurança de Tarcísio e “usaram os meios necessários para repelir atual e injusta agressão, sem incorrer em excesso”.

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Por Metrópoles

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