Governo federal convoca bombeiros da Força Nacional para combates queimadas

O governo ainda vai editar uma medida provisória com o Estatuto Jurídico para Emergência Climática, com regras gerais para serem usadas sempre que houver situações de crise. Governo cria um comitê pra centralizar ações de combate ao fogo em todo o país
O governo brasileiro convocou bombeiros da Força Nacional para combater as queimadas e criou um comitê para centralizar essas ações.
O Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo terá a participação de 11 ministérios, estados, municípios e o ICMBio, e ficará sob sob responsabilidade do Ibama. O presidente do instituto disse que a ajuda da população será fundamental.
“Infelizmente, a gente deve permanecer com essa previsão de calor intenso e de baixa umidade no centro-sul do país até, provavelmente, o final de setembro. Na Amazônia, a gente ainda tem previsão de estiagem até o final de dezembro. Então, essa é uma crise que deve persistir ainda, e é muito importante que as pessoas se conscientizem. Não é hora de colocar fogo. Não utilizem o fogo porque pode perder o controle”, diz Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama.
O governo ainda vai editar uma medida provisória com o Estatuto Jurídico para Emergência Climática, com regras gerais para serem usadas toda vez que houver situações de crise. E também prepara um projeto para a criação da Autoridade Climática.
Em entrevista à Rádio Rede Norte, de Manaus, o presidente Lula disse que a ideia é ter mecanismos de longo prazo para o enfrentamento das questões do clima.
“Nosso foco precisa ser adaptação e preparação para o enfrentamento deste fenômeno. Por isso, vamos estabelecer uma Autoridade Climática e um comitê técnico-científico que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federal junto com o governo estadual e junto com as prefeituras. Não é mais uma questão secundária, não é mais uma questão da universidade, não é mais uma questão apenas de cientista. É uma questão de responsabilidade de todos nós”, afirmou Lula.
Como medida prática imediata, o Ministério da Justiça convocou mais 150 bombeiros da Força Nacional para atuarem na Amazônia Legal. A medida atende a uma determinação do ministro do STF – Supremo Tribunal Federal Flávio Dino.
O secretário nacional de Segurança Pública se reuniu com o comando da Força Nacional e os comandantes dos bombeiros, e disse que os bombeiros devem estar prontos para trabalhar até o fim desta semana.
“Eles devem chegar na região amazônica e em outras regiões do Brasil, onde os focos de incêndio estão fora de controle. Há uma dificuldade de nós acharmos policiais, forças do Corpo de Bombeiro suficientes. Mas nós estamos trabalhando contando com as forças estaduais e com o que já temos em termos de Força Nacional atuando”, afirma Mário Sarrubbo, secretário Nacional de Segurança Pública.
Em vários pontos do país, a cena se repete: os bombeiros recebem centenas de chamados todos os dias. No Distrito Federal, até 15h, os bombeiros já receberam 27 chamados de emergência para apagar incêndios. Uma equipe trabalha desde o meio-dia para combater o incêndio que se aproximava de uma casa.
A diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia lembrou que a maioria dos incêndios é provocada e disse que é fundamental que União, estados e municípios ajam nesses casos.
“São vários ministérios, várias agências, vários estados que têm que estar imbuídos de trabalhar em uma perspectiva de planejamento e mitigação e adaptação desses problemas criados pelas mudanças climáticas. Então, essa agência é muito bem-vinda. Mas, nesse momento, nós precisamos ter um engajamento de todos, da sociedade, até agora, recentemente, das Forças Armadas, para que a gente consiga combater desde o uso do fogo sem necessidade até o crime, chegando aos incêndios florestais”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.
Além das questões ambientais, os incêndios e a estiagem têm provocado preocupação com a saúde da população. De acordo com o Ministério da Saúde, nas últimas semanas, aumentou o número de pessoas procurando atendimento médico com sintomas como náuseas e vômitos. O ministério disse que, se for necessário, vai montar tendas para atendimento da população – como as usadas para pacientes com dengue.
O climatologista Carlos Nobre classificou a situação climática como assustadora e disse que o aumento da temperatura global surpreendeu os cientistas.
“Milhares de cientistas, hoje, estão procurando explicar porque que aqueceu tanto de 2023 para 2024, nesses 14 meses com a temperatura acima de 1,5 desde junho do ano passado. Assustador. Se a temperatura passar de 2 graus, chegar a 2,5 graus, nós vamos perder a Amazônia. Nós vamos descongelar o solo congelado da Sibéria, Canadá, Alasca… Vai jogar centenas de bilhões de toneladas de gás efeito estufa na atmosfera. Perdendo a Amazônia, nós vamos jogar mais de 300 bilhões de toneladas de gás efeito estufa do CO2”, afirma.
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