BofA rebaixa a B3. A “culpa” é do provável aumento do juros

Diante da expectativa de que o Banco Central (BC) elevará a taxa básica de juros (Selic) nas reuniões marcadas para os dias 17 e 18 de setembro, o Bank of America (BofA) decidiu rebaixar a recomendação para as ações da B3 de compra para neutro.

Os analistas Mario Pierry e Antonio Ruette também reduziram o preço-alvo dos papéis, de R$ 14 para R$ 13, avaliando que o aperto monetário pesará sobre os resultados da operadora da bolsa brasileira, por conta dos efeitos em renda variável. O novo valor sugere uma valorização de 5%.

“Nós reduzimos nossas expectativas para o lucro por ação e nossa projeção para o múltiplo P/E para refletir as perspectivas de um cenário prolongado de taxas elevadas, com os nossos economistas esperando que o BC embarque num ciclo de aperto monetário até o início de 2025”, diz trecho do relatório.

Os economistas do BofA revisaram suas expectativas para a Selic, em relatório divulgado na segunda-feira, 9 de setembro. Para eles, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar os juros em 0,25 ponto percentual na semana que vem e deve decidir por mais duas altas de 0,50 ponto percentual até o fim do ano, levando a Selic a 11,75% ao ano, acima dos 10,50% ao ano projetados anteriormente.

Em 2025, o Copom deve realizar mais um aperto de 0,25 ponto percentual em janeiro, deixando a taxa básica de juros em 12% por mais quatro encontros. Ao fim de 2025, a Selic deve estar em 10,75% ao ano, segundo a estimativa dos analistas do BofA.

A situação deve ter consequências sobre o desempenho operacional da B3. Para o BofA, o volume médio diário negociado (ADTV, na sigla em inglês) deve fechar 2025 em R$ 24 bilhões, praticamente em linha com o esperado para esse ano, mas abaixo dos R$ 26 bilhões que estimavam anteriormente.

A projeção para o giro de mercado (turnover) foi reduzida de 120% para 110%. O número, porém, ainda é superior à média verificada antes da pandemia, de 90%, graças à diversificação de produtos feita pela B3 ao longo dos anos e a maior participação de investidores pessoa física em renda variável.

Essa diversificação, por sinal, limitou a revisão negativa para o lucro por ação em 2025 em 4%, a R$ 0,90. Em relação a 2024, o valor representa um aumento de 5% e uma taxa anual de crescimento composta (CAGR, na sigla em inglês) de apenas 2% desde 2021.

O múltiplo P/E esperado para 2025 passou de 15 vezes para 14 vezes, com os analistas do BofA destacando que está em linha com o que foi visto nos papéis da B3 nos momentos em que a Selic ficou acima de 10% ao ano.

Por volta das 15h40, as ações da B3 recuavam 2,73%, a R$ 12,10. No ano, elas acumulam queda de 14,6%, levando o valor de mercado a R$ 68,4 bilhões.

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