Marajó: gestão Damares gastou R$ 1,6 milhão em exposição em Dubai

A gestão da senadora Damares Alves à frente do Ministério dos Direitos Humanos gastou R$ 1,6 milhão para divulgar o programa Abrace o Marajó em uma exposição em Dubai em 2021. O governo Lula cancelou o programa na Ilha de Marajó (PA) e apontou falhas e irregularidades cometidas pelo governo Bolsonaro.

O Ministério dos Direitos Humanos pagou R$ 1,4 milhão para a empresa Pico Internacional, sediada em Dubai, além de R$ 200 mil com diárias e passagens para a ExpoDubai, em dezembro de 2021. Um dos objetivos da pasta era dar “visibilidade mundial” à iniciativa, segundo documentos da contratação.

A exposição no pavilhão do Brasil na ExpoDubai contou com réplicas de locais da Ilha de Marajó, como casas de palafita em regiões alagadas. “O paraíso fica no Marajó”, disse Damares na ocasião, em Dubai. Naquela época, o governo Bolsonaro tentava colher dividendos políticos com o programa Abrace o Marajó, que prometia reforçar políticas públicas no arquipélago.

Durante a eleição do ano seguinte, contudo, Damares fez denúncias falsas expondo supostos casos de abuso sexual infantil no arquipélago, segundo o Ministério Público Federal (MPF). O caso fez com que, em 2023, o MPF cobrasse uma indenização de R$ 5 milhões da ex-ministra e da União, por danos morais e sociais à população de Marajó.

Para o governo Lula, o programa defendido por Damares teve diversas irregularidades, inclusive “atender a interesses estrangeiros”. Esse trecho destacado pelo Planalto consta de um relatório técnico da Comissão de Integração, Desenvolvimento Regional e Amazônia da Câmara. “O programa foi utilizado para a exploração de riquezas naturais e para atender a interesses estrangeiros, sem benefício ou participação social da população local”, afirmou o governo.

Ainda segundo o governo Lula, a gestão Damares falhou em melhorar indicadores sociais na região. A cobertura vacinal caiu de 59,2% em 2019 para 42,2% em 2022, em meio aos ataques de Jair Bolsonaro à imunização. A taxa de mortalidade infantil subiu de 7,54 em 2018 para 7,89 em 2022. A taxa de gravidez na adolescência, uma das vulnerabilidades da Ilha de Marajó, aumentou de 27,5% em 2020 para 28% em 2021. O programa da gestão Bolsonaro foi cancelado em setembro do ano passado e reformulado.

Procurada, Damares Alves defendeu a exposição em Dubai, alegou que não teve tempo de obter todos os avanços sociais no Marajó e atacou o governo Lula. “A ExpoMarajó foi realizada para promover a região para o mundo, abrir o arquipélago para investimentos e parcerias, tanto para o desenvolvimento humano e econômico, quanto pela preservação e exploração sustentável das belezas naturais”, afirmou, completando:

“O governo atual jamais faria qualquer programa para aquela região não fosse a iniciativa da senadora em tentar resolver a questão. Permanece tentando se explicar culpando o governo anterior pela própria incompetência”.

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Por Metrópoles

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