Navalny, o mártir bem-humorado

O documentário Navalny (disponível no Max) tem um momento em especial que o torna inesquecível. E que mostra a personalidade única de Alexei Navalny, o dissidente russo que morreu numa prisão infernal no Círculo Polar Ártico. (Mais detalhes a respeito na última edição da revista Oeste).

Resumindo: Navalny, o inimigo número um do ditador Vladimir Putin, havia passado muito mal durante uma viagem à Sibéria en 2020. Mas conseguiu sobreviver e foi levado para tratamento na Alemanha. Onde se constatou que ele havia sido envenenado com Novichok, produzido pelo governo russo. Recuperado, uniu-se ao cineasta Daniel Roher e rapidamente os dois conseguiram levantar os oito agentes da FSB (polícia política sucessora da KGB) responsáveis pelo envenenamento.

E então o dissidente começa a ligar para cada um dos agentes de Putin e diz: “Oi, aqui é Alexei Navalny e eu gostaria de saber por que você tentou me matar”. Como todos desligavam na sua cara, Navalny e Roher partiram para o plano B: a pegadinha. Alexei ligou para um dos químicos responsáveis pela produção do veneno. Fingiu ser um general furioso com a falha do grupo da FSB. (“Como vocês não mataram esse cara de uma vez?!”)

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E então o documentário mostra o químico confessando pelo celular à própria vítima os detalhes da tentativa de seu assassinato. É surreal, cômico e histórico. Funciona como uma confissão do próprio Putin. Em pouco tempo a gravação estava sendo espalhada à imprensa internacional e atingiu 7 milhões de visualizações no YouTube.

O documentário dirigido por Daniel Roher (que ganhou o Oscar de 2021) tem outros momentos divertidos, pois Alexei Navalny não perdia o bom humor em nenhuma circunstância. Mas mostra também a impiedosa brutalidade da polícia russa. E o final é um convite às lágrimas. Recuperado do envenenamento, Navalny embarca com a mulher e a filha num avião rumo a Moscou. E todos sabemos que, quando desembarcar, o herói bem humorado jamais verá o mundo fora das masmorras. Mas sua coragem é um exemplo para todos que lutam contra tiranias pelo mundo todo.

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Fonte : Revista Oeste

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