Petrobras: reserva de dividendos servirá para garantir pagamento a acionistas em anos de maior investimento

A direção da Petrobras sinalizou em entrevista a jornalistas nesta sexta-feira (8) que a decisão de destinar R$ 43 bilhões em lucros a uma reserva, em vez de pagar dividendos, considera a necessidade de garantir o pagamento a acionistas nos próximos anos, que preveem maiores investimentos.

Jean Paul Prates, presidente da empresa, e Sérgio Caetano Leite, diretor de Relacionamento com Investidores, detalham o processo para a decisão de não pagar dividendos extraordinários referentes ao quarto trimestres 2023.

Segundo os relatos, a direção da Petrobras levou “cenários” ao Conselho de Administração — entre eles, um preferido. A proposta era dividir 50-50, metade do valor para dividendos e outra metade para a reserva. Decisão “soberana” do CA negou a possibilidade.

Caetano Leite afirmou que a decisão da Petrobras considerou o Plano Estratégico 2024-2028 da empresa, que prevê fortes investimentos no próximo biênio. O diretor tratou de negar mais de uma vez a possibilidade de o dinheiro da reserva possa ser usado para outro fim que não o repasse a acionistas.

O diretor afastou, por exemplo, a possibilidade de qualquer reserva ser utilizada para reverter prejuízos.

“A lei diz que qualquer reserva contábil estatutária pode ser incorporada ao capital e se a empresa tiver prejuízo, pode ser usada para reverter. Isso é o que está escrito na lei. Não quer dizer que estes cenários estejam sendo analisados. Ninguém está discutindo isso, até porque não está no horizonte da Petrobras prejuízos”

Sobre o racional da decisão de destinar o dinheiro ao fundo — considerando que sua finalidade é apenas remunerar acionistas — Prates indicou que este dinheiro pode ser usada para pagar dividendos no futuro, de forma “equânime”, caso haja à frente “alguma ruptura”.

“A conta de reserva para remuneração de capital é uma novidade. É uma conta exclusivamente destinada a guardar dividendos para uma distribuição ao longo da linha do tempo diferente daquela trimestralidade habitual”, disse.

Reação do mercado

As ações da companhia caiam quase de 11% nesta sexta, em reação à decisão de não distribuir dividendos extraordinários aos investidores. A perda chegou a R$ 70 bilhões do valor de mercado da companhia.

A Petrobras argumenta que cumpriu a regra de distribuição de dividendos mínimos de 45% do fluxo de caixa livre e o Conselho de Administração votou pela retenção apenas dos dividendos extraordinários.

O total de dividendos distribuídos referentes a 2023, por enquanto, ultrapassa R$ 72 bilhões, valor 66% menor que o ano anterior, 2022, último da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando R$ 215 bilhões foram repassados aos acionistas. Àquela época, o valor foi impulsionado pela venda de ativos da empresa.

Na coletiva, Prates ainda destacou a margem dos lucros da empresa em relação aos seus pares no exterior. A Petrobras apresentou lucro líquido de R$ 124,6 bilhões em 2023, cerca de US$ 25 bilhões a mais que as multinacionais globais TotalEnergies, da França, e Chevron, dos Estados Unidos.

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Fonte : CNN BRASIL

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