À CNN, Guaidó critica declarações de Lula e defende união por María Corina Machado na Venezuela

O ex-líder da oposição venezuelana Juan Guaidó afirmou à CNN nesta quarta-feira (6) que as declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o processo eleitoral na Venezuela são  “graves” e “lamentáveis”.

Falando à CNN por telefone, Guaidó disse que o Acordo de Barbados — que estabelece um diálogo político entre o regime de Nicolás Maduro e a oposição — foi descumprido e defendeu a manutenção da candidatura de María Corina Machado para enfrentar o atual presidente.

Para ele, aceitar a retirada de Machado do processo seria “a eliminação de uma liderança escolhida por milhões de venezuelanos em eleições primárias reconhecidas amplamente pela oposição”.

“Que garantia teremos de que Maduro não eliminará mais um candidato? Quem vai escolher o candidato da oposição? Se for assim, melhor fazermos logo uma lista com 50 nomes para que ele diga quem prefere enfrentar”, acrescentou.

Guaidó vê uma “perseguição judicial típica de ditaduras” contra María Corina e ressaltou que “é grave a relativização feita por Lula”.

“Se alguém deveria falar disso com muito mais cuidado, é justamente ele”, afirmou o ex-líder oposicionista, que resgatou uma entrevista dada pelo petista ao jornal espanhol “El País” em janeiro de 2018.

Naquela entrevista, Lula classificou como “fraude” uma eleição no Brasil em que ele seria impedido de concorrer. “O problema não é Lula. O problema é a democracia”, pontuou o petista na ocasião.

Meses mais tarde, sua candidatura foi rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O vice na chapa, Fernando Haddad, assumiu o lugar e perdeu para Jair Bolsonaro.

De acordo com Guaidó, 14 veículos de imprensa internacionais e mais de 300 internacionais foram suspensos ou retirados da Venezuela durante os governos de Hugo Chávez e Maduro.

O Acordo de Barbados, em sua visão, já foi descaracterizado. Ele cita a inabilitação política de María Corina, a detenção de quatro assessores dela e a rejeição de Maduro à presença de observadores eleitorais da União Europeia como elementos que tiram a credibilidade do acordo.

“Não existe algo de democracia. Ou existe democracia, ou não existe democracia. Há uma relativização sistemática dos direitos humanos e da democracia na Venezuela em declarações do presidente Lula. É lamentável”, avaliou.

Guaidó chegou a ser reconhecido por mais de 60 países — inclusive os Estados Unidos, a União Europeia e o Brasil sob comando de Bolsonaro — como o presidente legítimo da Venezuela.

Ele era presidente da Assembleia Nacional quando Maduro assumiu seu mandato atual, em 2019, após eleições que foram colocadas em xeque pela comunidade internacional.

Como principal líder da oposição, à época, Guaidó se autoproclamou presidente legítimo da Venezuela.

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Fonte : CNN BRASIL

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