Fraude no INSS: aposentados serão atendidos nos Correios, anuncia governo

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou nesta quinta-feira (22) que utilizará a estrutura das agências dos Correios para atender aposentados e pensionistas que foram alvo de descontos indevidos em benefícios — especialmente aqueles relacionados a associações e entidades de classe.
A decisão foi tomada em um momento em que as agências próprias do Instituto estão sobrecarregadas, com filas expressivas e alta demanda de atendimento.
“Esse atendimento presencial que estamos anunciando hoje, para os próximos dias, significa atendimento olho no olho. Embora saibamos que há um contingente enorme que acessam o aplicativo INSS 135, sabemos que existem aquelas pessoas que preferem os atendimentos nas agências, atendimentos presenciais. É para essas pessoas que estamos abrindo um canal de alternativa para que seja atendidas”, disse o ministro da Previdência, Wolney Queiroz.
A ideia é que os funcionários dos Correios orientem os segurados sobre como proceder para solicitar o reembolso. Esses trabalhadores já realizam atendimentos em nome do INSS, como emissão de extratos e prova de vida.
O que se sabe sobre a fraude
Segundo a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades investigadas ofereciam o pagamento de propina a servidores do INSS para obter dados dos beneficiários.
Há registros de aposentados que, no mesmo dia, foram filiados a mais de uma entidade. A liberação de descontos “em lote” pelo INSS, sem autorização individual dos beneficiários, também foi identificada como um fator para a “explosão” de fraudes.
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) dizem que o prejuízo pode chegar a R$ 6 bilhões, considerados os anos de 2019 a 2024.
A Advocacia-Geral da União (AGU entrou neste mês com um pedido de bloqueio de R$ 2,56 bilhões em bens de 12 associações investigadas.
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão no início deste mês. A avaliação, nos bastidores do governo, é que houve omissão de Lupi.
Uma reportagem do Jornal Nacional revelou que o ministro recebeu os primeiros alertas em junho de 2023 e levou quase um ano para agir.
Alessandro Stefanutto, que presidia o INSS e foi indicado ao cargo por Lupi, foi demitido após o escândalo ser revelado. Ele foi alvo de uma operação da PF para colher provas da fraude.
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