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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), advertiu de forma enérgica o advogado do ex-ministro da Justiça Anderson Torres durante uma audiência nesta segunda-feira (20), no âmbito da ação penal que apura a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A intervenção ocorreu enquanto o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno Novacki interrogava o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército e testemunha de acusação no processo.
A tensão aumentou quando Novacki passou a questionar a origem e a circulação da chamada “minuta do golpe”, documento encontrado na casa de Torres e apontado como peça central da narrativa golpista. Ao sugerir que a minuta poderia já estar circulando na internet e não necessariamente ter origem exclusiva na residência do ex-ministro, Novacki foi repreendido por Moraes após insistir no mesmo ponto.
O general afirmou não ter conhecimento da circulação prévia do documento e negou confusão quanto ao conteúdo. Diante da insistência do advogado, Moraes interrompeu:
“A testemunha já disse que não pode afirmar com certeza ser o mesmo documento, mas que os pontos importantes eram semelhantes. Se o senhor puder continuar, por favor?”
Ao ser questionado por Novacki sobre a equidade no tratamento da acusação e da defesa, o ministro reagiu duramente:
“Doutor, nós não estamos aqui para fazer circo. Eu não vou permitir. Eu não vou permitir que vossa senhoria faça circo no meu tribunal. Vossa senhoria já foi desrespeitoso quando disse que não haveria necessidade de falar da advertência do falso testemunho.”
Moraes seguiu, em tom firme, reforçando a autoridade do tribunal sobre a condução do processo:
“Seguimos com tranquilidade até aqui. Então, vamos continuar com tranquilidade. Vossa senhoria faz as perguntas, mas não adianta ficar repetindo seis vezes a mesma pergunta para tentar que a testemunha mude. Ela foi muito clara em relação a isso. Pode continuar, doutor.”
Apesar da repreensão, o interrogatório seguiu normalmente.
A audiência integra a ação penal que investiga o chamado “núcleo 1” da suposta tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota nas urnas em 2022. Anderson Torres, que era então ministro da Justiça, figura entre os principais alvos da investigação conduzida por Moraes, relator dos processos no STF relacionados ao 8 de Janeiro e às articulações golpistas anteriores à posse de Lula.

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Fonte : Hora Brasilia