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Um relatório recente revelou que o Tribunal de Contas da União (TCU) tinha conhecimento detalhado sobre a ascensão meteórica e suspeita da ONG Ambec (Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos), mas demorou mais de um ano para agir, enquanto milhares de aposentados eram vítimas de descontos indevidos em seus benefícios do INSS. A informação é do site Diário do Poder.
Segundo o documento, a Ambec, que tinha apenas três filiados em 2021, saltou para 40.557 em 2022 e, surpreendentemente, atingiu 601.624 “filiados” em 2023, registrando um crescimento de 20 milhões por cento — um número tão absurdo quanto o faturamento de R$ 105 milhões naquele ano, oriundo de repasses automáticos feitos pelo sistema da Previdência.
O relatório ainda aponta que a omissão do TCU coincidiu com o envolvimento de dirigentes do governo e da alta cúpula do INSS, o que levanta suspeitas de conivência ou, no mínimo, negligência grave.
Reclamações ignoradas
A reputação da Ambec já era alvo de alerta. O site Reclame Aqui registrou quase 7,6 mil reclamações relacionadas à entidade nos últimos três anos. A maioria absoluta dos registros — 81,7% — está ligada a cobranças indevidas, conforme demonstra a tabela anexada ao relatório do TCU.
Apesar dos sinais de alerta evidentes, o tribunal “segurou” a investigação durante meses, enquanto a associação multiplicava seus lucros e sua base de filiados em uma velocidade nunca antes vista no sistema previdenciário brasileiro.
De zero a milhões em um ano
A escalada financeira da Ambec impressiona: em 2021, a associação não recebeu nenhum repasse público. Com o crescimento de sua base em 2022, passou a faturar R$ 14,7 mil. Já em 2023, com a adesão suspeita de centenas de milhares de “filiados”, a cifra saltou para mais de R$ 90,3 milhões, apenas em repasses do INSS.
A explosão de receitas e a falta de transparência sobre a autorização de descontos em folha levaram a Polícia Federal a deflagrar a Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de fraudes envolvendo sindicatos, associações de fachada e servidores públicos.
O nome da Ambec aparece como um dos principais alvos da investigação, apontada como peça-chave no chamado “laranjal previdenciário” montado para sugar aposentados sem consentimento.
Atraso do TCU pode agravar crise institucional
O relatório levanta questões sobre a efetividade dos mecanismos de controle do TCU diante de fraudes sistemáticas e de alto impacto social. A inércia institucional permitiu que um escândalo bilionário florescesse à sombra da burocracia, afetando diretamente a população mais vulnerável do país.
Diante das revelações, cresce a pressão para que o tribunal explique por que demorou tanto a agir, e para que o Congresso avance em propostas de fiscalização sobre as entidades que operam descontos via INSS, incluindo a possibilidade de criação de uma CPI da Previdência.
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Fonte : Hora Brasilia
