As cientistas gaúchas Izabel Vianna Villela e Miriana Machado, PhDs, conquistaram a prestigiosa certificação DABT – Diplomate of the American Board of Toxicology. O título, concedido pelo American Board of Toxicology (ABT), um dos órgãos mais respeitados do setor, reconhece profissionais com alto nível de conhecimento e competência global em toxicologia.
Izabel detém o título desde 2022. Agora, chegou a vez da parceira Miriana. Com a conquista, a InnVitro, empresa capitaneada por ambas, consolida-se como referência nacional e internacional na área, além de ser a primeira a contar com duas toxicologistas DABT na América Latina.
Izabel e Miriana são amigas e colegas há 23 anos. Conheceram-se em 2002, no laboratório Genotox, no Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Integraram o mesmo grupo de pesquisa científica durante seus estudos na Ufrgs, participaram de vários projetos de pesquisa nacionais e internacionais, trabalharam juntas em empresas, até resolverem criar a sua própria, juntamente com outros dois sócios em 2014, onde atuam como Diretora Executiva e Diretora Técnica.
“Percebemos que as empresas precisavam do conhecimento que nós tínhamos sobre a avaliação da segurança de produtos, em especial as indústrias farmacêuticas e de agroquímicos, mas também indústrias de cosméticos e dispositivos médicos”, conta Miriana.
Como funciona a avaliação toxicológica
Relatórios gerados a partir dos ensaios realizados com os produtos são analisados criticamente e interpretados à luz da regulamentação e do conhecimento científico atual. Esse processo permite compreender se há algum risco toxicológico previsto na utilização de determinado produto.
A avaliação engloba matérias-primas, impurezas, contaminantes de processo e embalagens, fornecendo um panorama completo referente à segurança daquele produto para encaminhamento ao órgão responsável pela regulação, como ANVISA, IBAMA e MAPA.
“Para a população, a análise de toxicologia de produtos para industrialização e utilização cotidiana, como alimentos, medicamentos e cosméticos, entre outros tantos, comprova sua segurança para uso ou consumo”, explica Izabel. “Para os fabricantes, o resultado da análise de toxicologia vem em forma de economia, inclusive, de tempo, para a obtenção da aprovação ou registro de um produto e sua disponibilização no mercado.”
O caso do polimetilmetacrilato, conhecido pela sigla PMMA, é um exemplo recente que tem levantado discussões. O Conselho Federal de Medicina (CFM) solicitou à Anvisa a proibição de uso, produção e distribuição do PMMA. A substância plástica popularizou-se como “preenchedor”, porém tem provocado lesões crônicas e inflamatórias em pacientes com usos e aplicações indevidas.
Do ponto de vista toxicológico, a matéria-prima PMMA não é classificada como perigosa pela Agência Europeia de Químicos (ECHA, em dados de 2021). Contudo, é liberada para utilização como tratamento reparador em correções volumétricas faciais e corporais, tratando alterações de volume provocadas por sequelas de doenças como a AIDS e a paralisia infantil.
“Para a utilização ser segura e não ter a probabilidade dos efeitos adversos, é fundamental que os produtos tenham sido previamente avaliados do ponto de vista toxicológico e aprovados pela ANVISA, sejam utilizados para o tipo de uso aprovado e aplicados por profissionais qualificados”, reforça a especialista.