
De acordo com as leis brasileiras, bonecos e demais objetos não são considerados sujeitos de direito. Psicanalista diz que é difícil pensar o que patrocina a condição das mães de bebês reborn, mas que cada caso é um caso. Advogada diz que foi procurada por “mãe” de bebê reborn
A advogada Suzana Ferreira viralizou nas redes sociais ao trazer uma situação em que foi procurada por uma “mãe” de bebê reborn para defender o direito à guarda da boneca após o fim de um relacionamento. Ao g1, Suzana afirmou ter recusado o caso, pois “não é possível regulamentar a guarda de uma boneca”.
“A mãe ficou bem nervosa e me acusou de ‘intolerância materna’ por eu não ter aceitado o caso em relação à guarda”, declarou.
De acordo com a legislação brasileira, bonecos e demais objetos não são considerados sujeitos de direito, isto quer dizer que não possuem personalidade jurídica para ajuizar ações, ter direitos e deveres, ou até mesmo ser objeto de tutela judicial.
Entretanto, a advogada afirmou que ofereceu ajuda para a cliente apenas na disputa pela mídia social da bebê que, segundo ela, é uma causa legítima.
“A bebê reborn tem um Instagram, que a outra parte também deseja ser administradora, porque o perfil já está rendendo monetização e publicidade. E como ele está crescendo bastante, ela acredita que deveria ser das duas partes”, contou.
De acordo com Suzana, a mulher afirmou ter constituído uma família, na qual a boneca fazia parte. Mas, como o relacionamento acabou, o ex-companheiro insistiu em ficar com a bebê pelo apego emocional.
Bebês reborn fabricadas por artesã em Goiás
Weimer Carvalho/O Popular
Apego Emocional
Em meio às questões ligadas aos bonecos ultrarrealistas que imitam bebês, os vereadores do Rio de Janeiro aprovaram um projeto de lei que inclui o Dia da Cegonha Reborn no calendário da cidade, a ser celebrado no dia 4 de setembro. O texto ainda precisa ser sancionado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), o que não havia ocorrido até a última atualização da reportagem. A intenção é homenagear “a arte das cegonhas”, nome dado às artesãs que confeccionam as bonecas Reborn.
A psicanalista Maysa Balduíno pontuou que é difícil pensar o que patrocina a condição das mães de bebês reborn. “Arrisco dizer que cada caso é um caso”.
Maysa disse que não auxilia um paciente enlutado usando bonecas, mas reconhece que existem várias abordagens terapêuticas. Segundo ela, o medo da morte faz parte do dia a dia de quem se torna mãe e é preciso ter muita coragem e esperança para ser mãe.
“Quando recebo notícias sobre os bebês reborn, tenho a impressão de que, para algumas pessoas, deve ser um alívio: um bebê sem vida, mas extremamente vivo para quem se sente mãe. Uma condição mais lúdica do que a de uma mãe de um bebê humano mortal”, destacou a psicanalista.
A profissional explicou que vida e morte permeiam a maternidade. “À medida que o filho cresce e vai “vingando”, como se dizia antigamente, o medo da morte se movimenta como uma montanha-russa, com momentos mais tranquilos e outros mais aflitos”, analisou.
Advogada diz que foi procurada por “mãe” de bebê reborn, em Goiás
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