Por que iFood e Uber estão unindo forças e o que pretendem com isso

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O iFood, maior app de delivery do Brasil, e o Uber, maior aplicativo de mobilidade do mundo, anunciaram uma união de forças que pode acelerar – e muito – o avanço das duas empresas no País. A partir do segundo semestre, os dois aplicativos serão integrados mantendo independência.

Os usuários do iFood entrarão no app e encontrarão a aba “Mobilidade”, na qual poderão pedir solicitar o serviço do Uber. Já os usuários do Uber encontrarão a aba “Mercado”, onde terão a possibilidade de usar os serviços do iFood. Em ambos os casos, os usuários farão a operação no app sem a necessidade de serem redirecionados.

Após o anúncio, o NeoFeed conversou com algumas fontes do mercado para entender o impacto desse movimento para as companhias. Trata-se de uma operação sem fricção e que pode gerar muito ganho para as duas empresas. “É growth na veia para as duas companhias, milhões de clientes dos dois lados”, diz um profissional de mercado.

O iFood conta com 60 milhões de clientes ativos e entrega 120 milhões de pedidos por mês. O Uber já foi usado, pelo menos uma vez, por 120 milhões de brasileiros. Estima-se que mais da metade dos usuários de ambas as plataformas podem ser agregados. Ou seja, clientes que nunca pediram delivery em app e outros que nunca pediram Uber.

Não é a primeira parceria do tipo que o Uber faz. Nos Estados Unidos, a companhia tem uma integração com o Instacart. No caso, o UberEats é a opção de food delivery para os usuários do Instacart. Já para os usuários do UberEats, a opção de entrega de supermercado é o Instacart.

O que chama a atenção de quem analisa mais a fundo a parceria entre Uber e iFood no Brasil é que as duas empresas, agora amigas, já foram “inimigas”. Em 2021, quando o Uber operava o serviço Uber Eats no país, a companhia entrou com uma representação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra o iFood.

No fim das contas, o Uber Eats deixou o Brasil e saiu atirando contra o iFood. Agora, curiosamente, as duas empresas estarão do mesmo lado no front de batalha. Uma batalha, é bom salientar, que tem ficado cada vez mais acirrada de todos os lados. Tanto para iFood como para Uber.

Nas últimas semanas, outros players internacionais anunciaram pesados investimentos no Brasil. A 99, competidora de Uber e iFood, disse que vai investir R$ 1 bilhão na 99Food para zerar a taxas e comissões de restaurantes. O Rappi, por sua vez, seguiu a mesma linha com um investimento de R$ 1,4 bilhão.

Não bastasse isso, o iFood agora terá como rival em terras nacionais a maior plataforma de food delivery do mundo. Trata-se da Meituan, que confirmou a chegada ao Brasil com um aporte de R$ 5,6 bilhões – uma notícia que havia sido antecipada pelo NeoFeed em abril deste ano.

A Meituan vai atuar com sua marca internacional Keeta para desafiar a hegemonia do iFood, que domina cerca de 80% do mercado brasileiro. E trata-se de um desafiante peso-pesado. Na China, a companhia conta com 770 milhões de usuários ativos, realizou 98 milhões de pedidos por dia em 2024 e faturou US$ 46,65 bilhões no ano passado.

Um executivo que conhece o mercado de mobilidade e delivery como poucos disse ao NeoFeed que a parceria entre iFood e Uber coincidiu com a chegada da Meituan e que não acreditava ser uma reação ao novo concorrente. Mas diz que esse é um jogo de evolução. “Os players precisam agregar mais serviços e ir melhorando para reter e atrair clientes”, diz essa fonte.

O Uber, por exemplo, vem fazendo essas parcerias com estratégicos. No Brasil, também já é possível solicitar o serviço da companhia de mobilidade diretamente pelo WhatsApp. Já o iFood vem aumentando sua presença em outros serviços e avançando na parte de fintech. Recentemente, a empresa entrou com uma campanha publicitária no ar para mostrar que não entrega só comida.

No mundo da tecnologia, empresas dos mais variados segmentos têm entrado em cada vez mais áreas e compartilhado informações. Resta saber se cada uma “ficará em seu quadrado” ou se, no futuro, entrará no território da outra. Por enquanto, é uma relação de ganha-ganha. Mas até quando?

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Neofeed

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