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Criada em 2000 pelo bilionário americano Bill Gates, fundador da Microsoft, e por Melinda Gates, com quem foi casado até 2021, a Gates Foundation (chamada, inicialmente, de Fundação Bill & Melinda Gates) já destinou mais de US$ 100 bilhões para ações filantrópicas. Mas, agora, as atividades da instituição têm data para acabar.
Gates afirmou que estabeleceu a data de 31 de dezembro de 2045 para encerrar a Gates Foundation. Até lá, quando ele completará 90 anos, pretende ter destinado US$ 200 bilhões para a entidade filantrópica.
O anúncio do encerramento das atividades foi feito em entrevista aos ao jornal The New York Times. A Gates Foundation completa 25 anos nesta terça-feira, 8 de maio, justamente em um momento em que as ações ligadas à ajuda humanitária começam a perder força nos Estados Unidos, principalmente após o retorno de Donald Trump ao comando da Casa Branca.
“Nos próximos quatro anos, ou oito, o dinheiro real que vai para essas causas será reduzido muito além do que eu esperava”, disse Gates ao NYT.
Um estudo recente da revista científica The Lancet calculou que os cortes nos gastos americanos com Pepfar, programa global criado em 2003 pelo governo dos Estados Unidos para fornecer tratamento, prevenção e pesquisas para vítimas do vírus HIV, podem custar a vida de 500 mil crianças até 2030. E é justamente contra essa escassez de recursos e de prioridades que Gates vem se concentrando nos últimos tempos.
“Ninguém esperava que o Poder Executivo cortasse o dinheiro do Pepfar ou do combate à poliomielite sem o envolvimento do Congresso. Faremos o nosso melhor para mudar essas coisas. Eu serei um defensor. Mas esses são ventos contrários reais”, afirmou ele.
Gates reconhece, no entanto, que essa mudança de postura não parte apenas dos Estados Unidos. Segundo ele, o Reino Unido chegou a destinar 0,7% de seu PIB para ações humanitárias, depois caiu para 0,5% sob a liderança dos conversadores e, agora, cai para 0,3%. “A Alemanha está propondo cortar seu orçamento de ajuda. A França tem grandes problemas orçamentários. Portanto, a ajuda está sendo espremida.”
De qualquer forma, ele faz duras críticas a Elon Musk, dono da Tesla e da plataforma X, e, ainda, diretor do Departamento de Eficiência Governamental (Doge) do governo Trump, responsável pelo plano de corte de gastos públicos.
Gates responsabiliza Musk pela redução significativa dos repasses à Agência dos Estados Unido. Há intenção, inclusive, de fechar o órgão humanitário governamental. Em fevereiro, Musk chegou dizer que a Usaid “é um ninho de vermes”.
“As reduções para a Usaid são impressionantes. Eu pensei que haveria, tipo, um corte de 20%. Em vez disso, agora, é como um corte de 80%. Eu não esperava isso. Acho que ninguém esperava isso”, disse Gates.
Nesse sentido, o bilionário tem ampliado os investimentos sociais, justamente para acelerar o impacto desses aportes nas próximas duas décadas. “Se estivéssemos tentando ser uma fundação para sempre, em vez de poder gastar US $ 9 bilhões por ano, teríamos que cair para gastar US $ 6 bilhões por ano.”
As ações prioritárias da entidade filantrópicas de Gates no curto prazo passam pela redução da mortalidade infantil e materna, a queda dos casos de tuberculose e malária, e a busca definitiva da cura da Aids, inclusive com a utilização de ferramentas de Inteligência Artificial (IA).
Com a mudança de rota que Gates estabeleceu para sua fundação, já que a ideia inicial passava em garantir o funcionamento da instituição até 50 anos após sua morte, o bilionário americano acredita que é necessário que haja mais participação social daqueles que possuem muita riqueza. “E eu acho que bons exemplos influenciam outras pessoas. Os ricos, daqui a 20 anos, deveriam fazer mais filantropia.”
Durante muito tempo o homem mais rico do mundo, Gates tem hoje fortuna avaliada em US$ 112,8 bilhões, o que coloca na 13ª posição do ranking global, segundo a Forbes. No topo da tabela está justamente Elon Musk, com riqueza avaliada em US$ 342 bilhões.
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Neofeed
