Cópias manipuladas de Ozempic e Wegovy nos EUA devem reduzir lucro da Novo Nordisk

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A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk já sente no bolso os efeitos do avanço na produção de cópias manipuladas de seus blockbusters para o tratamento da diabetes e obesidade Wegovy e Ozempic nos Estados Unidos.

O grupo reduziu as previsões de vendas e de lucro para 2025 devido à forte expansão das versões produzidas em farmácias com a utilização de princípios ativos dos medicamentos patenteados.

Até então, a empresa previa um crescimento entre 14% e 24%, em relação ao ano anterior. Agora, a companhia acredita que irá avançar entre 13% e 21%. O lucro operacional, que tinha previsão de alta entre 19% e 27%, agora deve ficar entre 16% e 24%.

“No primeiro trimestre de 2025, entregamos um crescimento de vendas de 18% e continuamos a expandir o alcance de nossos tratamentos inovadores de GLP-1”, diz Lars Fruergaard Jørgensen, CEO da Novo Nordisk, em entrevista à Reuters. “No entanto, reduzimos nossa perspectiva para o ano inteiro devido à penetração do GLP-1 abaixo do planejado, que é impactada pela rápida expansão da composição nos EUA.”

A autorização para a produção e comercialização de versões manipuladas desses medicamentos foi concedida pelo Food and Drug Administration (FDA), a Anvisa dos Estados Unidos, que declarou, em 2022, escassez oficial nas prateleiras de Wegovy, Ozempic e também de Zepbound, este fabricado pela Eli Lily, rival da Novo Nordisk. Com isso, os pacientes passaram a ter a cópia por US$ 199, ao contrário do preço de tabela dos originais, que passa de US$ 1 mil.

Só que essa liberação tem prazo para acabar. Recentemente, o FDA afirmou que a escassez no país chegou ao fim, o que significa que as farmácias só poderão vender as versões manipuladas dos medicamentos para emagrecimento até o dia 22 de maio.

Na prática, a decisão reafirma que a patente do Ozempic, por exemplo, em solo americano segue garantida à Novo Nordisk até 2032. No Brasil, ela expira em julho de 2026.

De qualquer forma, os números da farmacêutica dinamarquesa sobre o resultado dos primeiros três meses de 2025 são positivos. No período, as vendas alcançaram 78,1 bilhões de coroas dinamarquesas (U$ 11,9 bilhões). O lucro cresceu 20%, para 38,8 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 5,9 bilhões).

O plano de crescimento da gigante dinamarquesa inclui acordos com grandes redes de farmácias nos Estados Unidos, como a CVS, para vender Wegovy com desconto. Também integra a estratégia a expansão internacional do medicamento, além dos Estados Unidos.  “Lançamos em cerca de 25 mercados atualmente e vemos um cronograma de lançamento acelerado após o aumento da oferta”, diz Karsten Munk Knudsen, CFO da companhia.

Mas há barreiras que ainda precisam ser superadas. Além das cópias manipuladas, a farmacêutica também revela outra preocupação, que é o impacto prático do tarifaço determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos importados.

“Embora a Novo Nordisk mantenha nossa aspiração global de uma representação mínima de 45% para cada gênero até o fim de 2025, as operações da Novo Nordisk nos EUA não participarão mais desta iniciativa global devido à evolução dos requisitos legais”, afirma a companhia nesta quarta-feira, 7 de maio. “As tarifas podem ter um impacto negativo na Novo Nordisk e em nossa indústria”, completa o texto.

A dinamarquesa já tem capacidade de produção significativa nos Estados Unidos e exporta mais do país do que importa, segundo informou o CEO. Na última década, a empresa anunciou investimentos acima de US$ 24 bilhões nos Estados Unidos.

Com valor de mercado de US$ 231,5 bilhões, a Novo Nordisk chegou a ocupar, a partir de setembro de 2023, a liderança do ranking das empresas europeias mais bem avaliadas, justamente por conta do sucesso global do Ozempic, quando superou o grupo francês LVMH. No fim de março, foi ultrapassada pela alemã SAP, que hoje tem um valuation de US$ 348,8 bilhões.

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Neofeed

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