Equipes do Comando Ambiental da Brigada Militar (CABM) realizaram nesta segunda-feira (05), buscas para identificar o animal que teria atacado um agricultor no distrito de Barra do Ouro, em Maquiné. Após ter sido socorrido por um vizinho, o homem, de 78 anos, relatou às autoridades ter sido ferido por um puma (puma concolor). O caso ocorreu no domingo.
O agricultor Darci Pelisser, de 78 anos, disse ter sido atacado pelo animal em sua propriedade. Ele teve ferimentos no braço esquerdo.
O produtor rural relatou à BM que estava andando a cavalo junto do seu cachorro, um veadeiro-pampeano, raça empregada para caça. O cão começou a latir para algo que vinha da mata. Nesse momento, Darci afirmou ter se aproximado e visto o puma, que estava acuado. Ao se assustar com o cão, o felino teria atacado o agricultor, que usou o braço para se proteger.
Pelisser foi socorrido por um vizinho e encaminhado para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Maquiné. O filho do idoso, Ronaldo Pelisser, mora em Caxias do Sul, na Serra, mas foi até o Litoral Norte para auxiliar o pai.
— Ele desceu do cavalo e viu que o bicho estava sendo acuado pelo cachorro. Ele não imaginava que seria um puma. Quando o pai chegou próximo, ele (puma) veio reto e agrediu com mordida. O cachorro também avançou contra o puma. Nesse meio tempo, o pai conseguiu ir se afastando e o bicho fugiu. Então, realmente foi por Deus — relata Ronaldo, que acrescenta que o pai realizou, há um mês, uma cirurgia cardíaca de ponte de safena.
Depois de ser atendido na UPA, Pelisser voltou para casa e está em repouso, sendo medicado e com curativos no braço.
Ataque de puma não é comum, diz biólogo
As buscas do Comando Ambiental começaram durante a manhã e seguiam durante a tarde desta segunda-feira. Foram acionados órgãos ambientais, como o Ibama e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), para auxiliar na identificação e acompanhamento do animal.
O biólogo e pesquisador Felipe Peters avalia que, apesar do relato detalhado do agricultor, é impossível cravar com certeza de que se trata mesmo de um puma sem provas como imagens ou um laudo médico. No entanto, garante que se trataria de um caso raro, pois o animal não costuma atacar seres humanos.
— É muito mais fácil que pumas já tenham visto pessoas do que as pessoas terem visto puma nas suas atividades rotineiras. Não precisa ter medo. Se realmente foi um ataque, foi condicionado à ação do cachorro. Então, se um puma for visualizado, no máximo ele vai olhar para a pessoa e vai seguir seu caminho. Na maioria das vezes, o puma até já está percebendo que a pessoa está ali e não se mostra. Eles são muito discretos e furtivos, e dificilmente acontece de ter um contato tão direto assim — analisa o pesquisador.
O puma, também conhecido como onça-parda, leão-baio ou sussuarana, é nativo de biomas como a Mata Atlântica e o Pampa. Seu habitat se estende por todo o continente, da Patagônia na Argentina até o Canadá.
Por isso, sua presença em regiões como Norte e Noroeste do Estado é comum, embora esteja em risco de extinção. No entanto, conforme Peters, há registros recentes do animal em áreas das Missões, região metropolitana de Porto Alegre e Litoral Norte.
Espécie controladora de pragas, o leão-baio está no topo de cadeia alimentar e auxilia no equilíbrio ecológico. Um puma adulto pode medir até 2,4 metros e pesar de 40kg a 80kg, só ficando atrás da onça-pintada em tamanho.
Morte de bezerros
Ao contar sobre a história do pai, Ronaldo lembra que, recentemente, a família deu falta de bezerros nascidos recentemente de uma vaca da propriedade. Agora, desconfia de que possam ter sido alvos de ataque do puma.
— Há umas duas semanas, teve uma vaca que deu cria e nós não encontramos a terneira e o terneirinho. Achei estranho, não ficou vestígio, não ficou nada. Então, eu deduzo hoje que pode ter sido o puma que tenha matado eles, porque sumiram e só apareceu a vaca — relembra.
Para o biólogo, é possível que isso tenha ocorrido, mas não deve representar um risco maior:
— Realmente tem muitos indícios e relatos de conflitos em relação a isso. O puma é um bicho que não vai pegar um boi, um cavalo, um touro, mas vai pegar um cordeiro, um cachorro, bichos menores. Isso pode acontecer e já ocorre em outras regiões, mas não de maneira sistemática a ponto de dizimar um rebanho. (GauchaZH)