
A Televisa, maior emissora de língua espanhola do mundo, conhecida no Brasil por produzir grandes sucessos exibidos pelo SBT como ‘Chaves’, ‘A Usurpadora’, ‘Maria do Bairro’ e outros, está no centro de uma grave acusação após uma investigação revelar a existência de uma operação secreta para manipular a opinião pública por meio de notícias falsas. Documentos obtidos pelo jornal britânico The Guardian indicam que a empresa manteve uma unidade interna dedicada a favorecer o então candidato presidencial Enrique Peña Nieto, do PRI, e a difamar seus adversários políticos durante a eleição de 2012 no México.
Segundo os arquivos, a emissora criou e distribuiu conteúdos que exaltavam Peña Nieto e atacavam opositores como Andrés Manuel López Obrador. Esses materiais, apresentados como notícias legítimas, foram veiculados principalmente nas redes sociais e em plataformas como o YouTube, em uma estratégia digital orquestrada para influenciar o eleitorado. A equipe responsável pela ação ficou conhecida pelo codinome “Handcock”.
A autenticidade dos documentos foi confirmada por ex-funcionários da empresa e reforçada por cabos diplomáticos divulgados pelo WikiLeaks, que já apontavam para práticas semelhantes envolvendo pagamento por cobertura favorável na mídia mexicana. A Televisa, embora tenha negado as acusações, não conseguiu desacreditar por completo as provas apresentadas. Em vez disso, exigiu uma retratação do The Guardian, que seguiu publicando novas evidências.
O escândalo impulsionou o surgimento de movimentos sociais como o “YoSoy132”, formado por estudantes que criticavam a parcialidade da imprensa e exigiam eleições limpas. A repercussão internacional expôs a fragilidade da regulação midiática no México e levantou alertas sobre o impacto da desinformação em processos democráticos.