Na agenda econômica de Alckmin, a prioridade está nos principais alvos da guerra tarifária de Trump

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Brasília – Geraldo Alckmin tomou uma decisão nos primeiros dias de 2023 que tenta seguir até hoje, 28 meses depois: dividiu a agenda de trabalho para atuar como vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

Pela manhã, o vice-presidente se reúne com integrantes da Esplanada dos Ministérios e com representantes de governos estrangeiros. Os despachos são feitos no gabinete da vice-presidência, localizado no Anexo 2 do Palácio do Planalto.

À tarde, o ministro atua no MDIC, que fica a quase um quilômetro do Planalto. Ali, a agenda está reservada para o setor empresarial. A divisão nem sempre funciona, até porque, em meio às atividades, Alckmin recebe políticos que acabam atendidos nos dois turnos.

A partir do cruzamento da agenda empresarial de Alckmin, é possível ver uma pluralidade nos encontros com empresários. Mas dois setores se destacam: o de aço e alumínio e o automotivo, alvos principais da guerra tarifária de Donald Trump.

Ranking dos encontros

Desde o início de 2023, Alckmin se reuniu por 30 vezes com empresários do setor de metalurgia e de automóveis – foram 15 encontros para cada uma das áreas, segundo levantamento do NeoFeed a partir da agenda pública do ministro.

Neste ano, Alckmin esteve reunido em Brasília com executivos da GAC Motors, da Stellantis, da Mercedes-Benz, da GWM e da Toyota, além da Didi, dona da empresa de mobilidade 99 (veja imagens no carrossel abaixo).

Alex Zhou, CEO da GAC Motors, entrega convite para o lançamento da GAC no Brasil a Geraldo Alckmin, em Brasília, no dia 24 de abril (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

Luiz Carlos Moraes, diretor de relações institucionais da Mercedes-Benz do Brasil, sentado à direita de Geraldo Alckmin, em Brasília, no dia 24 de abril (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

Reunião com Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, que está à direita de Geraldo Alckmin, em 24 de abril (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

Stephen Zhu, CEO do grupo de negócios internacionais da Didi Global (dona da empresa de mobilidade 99, e Geraldo Alckmin, em Brasília, no dia 16 de abril (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

Janaína Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), com Geraldo Alckmin em 11 de abril (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

Lars Fruergaard, CEO Global da Novo Nordisk, com Geraldo Alckmin, em Brasília, no dia 8 de abril (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

João Paulo de Souza, CEO da GE HealthCare, com Geraldo Alckmin, em Brasília, em 7 de março (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

Ricardo Bastos, diretor de relações institucionais e governamentais da GWM, com Geraldo Alckmin, em Brasília, em 5 de fevereiro (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

Evandro Maggio, presidente da Toyota do Brasil, está à direita de Geraldo Alckmin na reunião, em Brasília, no dia 8 de janeiro (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

Alexandre Gibim, presidente da Pfizer Brasil, no centro da foto na reunião com Geraldo Alckmin, em Brasília, em 30 de abril (Foto: Júlio César Silva/MDIC)

Em relação às empresas de carros, a quantidade de encontros com os empresários está relacionada aos programas Mover e Rota 2030, liderados pelo ministério de Alckmin em conjunto com outras pastas na Esplanada.

No caso da metalurgia, o número de reuniões se explica pela pressão da indústria, entre 2023 e 2024, por uma cota e aumento de tarifa na importação, antes mesmo da eleição de Trump, mas já como um indicativo à “invasão” estrangeira.

Guerra de tarifas

Com a guerra tarifária de Trump, a ameaça de chegada em massa de produtos vindos da China volta a inquietar empresários que defendem uma ação mais efetiva do governo Lula nas cotas e tarifas, como apontam reportagens do NeoFeed nas últimas semanas.

Na teleconferência de resultados da Gerdau, por exemplo, o CEO Gustavo Werneck voltou a cobrar pressa do governo federal em aumentar a eficiência e bloquear a entrada de aço do mercado chinês no Brasil. Ele disse que reforçou essa urgência ao presidente Lula em um “olho no olho” no dia da inauguração da fábrica da Gerdau em Ouro Branco, Minas Gerais, em 11 de março.

O mesmo ocorre com o setor automotivo nacional, a partir da pressão para que se antecipe as alíquotas de veículos elétricos. Desde a posse de Trump, Alckmin se encontrou 11 vezes com representantes de empresas de carros e outras 3 com empresários da metalurgia.

O levantamento levou em conta apenas as agendas diretas de Alckmin, sem considerar encontros de empresários com outros integrantes do MDIC. A divulgação das ações de Alckmin ocorre no dia anterior às agendas, na maior parte das vezes.

Os demais setores com mais reuniões diretas com Alckmin são os de medicamentos (13), de ensino (14), investimentos (9), tecnologia (9), comunicação (8), energia (7), aviação (6) e eletrodomésticos (6).

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Neofeed

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