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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou um superavit primário de R$ 1,096 bilhão nas contas públicas em março de 2025, conforme dados divulgados nesta terça-feira (29) pelo Tesouro Nacional. O resultado é o melhor saldo para o mês de março desde 2021 e representa uma reversão em relação ao deficit de R$ 1,081 bilhão observado no mesmo mês do ano anterior, considerando a correção pela inflação.
O superavit veio acima das expectativas do mercado, que projetava um saldo positivo próximo de R$ 700 milhões. O resultado primário — que mede a diferença entre receitas e despesas, sem contar os juros da dívida pública — é um dos principais indicadores para aferir o cumprimento da meta fiscal do governo.
O saldo positivo no mês corresponde a 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e foi composto por:
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R$ 174,7 bilhões em receita líquida;
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R$ 173,6 bilhões em despesas totais.
Melhor desempenho no trimestre
No acumulado do primeiro trimestre de 2025 (janeiro a março), o governo acumulou um superavit de R$ 55,95 bilhões, também corrigido pela inflação. Esse foi o maior saldo para o período desde 2022, quando havia alcançado R$ 59,34 bilhões a preços atuais. O desempenho trimestral representa 0,7% do PIB.
Ainda assim, no acumulado de 12 meses até março, o governo registra um deficit de R$ 10,85 bilhões, equivalente a 0,07% do PIB — uma melhora em relação ao cenário de 2024, mas que mantém o desafio de equilibrar as contas públicas até o fim do ano.
Meta fiscal e margens de tolerância
A equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trabalha para cumprir a meta de deficit zero em 2025 — isto é, terminar o ano com arrecadação igual às despesas. A meta permite variações dentro de uma faixa de tolerância:
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Superavit de até 0,25% do PIB (margem superior);
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Resultado neutro (0% do PIB) (centro da meta);
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Deficit de até 0,25% do PIB (margem inferior).
A manutenção ou o descumprimento dessas metas terá impacto direto sobre a credibilidade fiscal do governo e a confiança do mercado.
Receitas e despesas: evolução desigual
A receita líquida do governo cresceu R$ 1,4 bilhão em termos reais (+0,8%) em comparação a março de 2024. Destaques de arrecadação incluem:
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Imposto de Importação: alta de R$ 1,5 bilhão (+26,8%);
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Imposto de Renda: alta de R$ 3 bilhões (+5%).
As despesas, por outro lado, apresentaram um aumento mais contido, subindo apenas R$ 808 milhões em termos reais (+0,5%).
Entre os fatores que ajudaram a conter os gastos estão:
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Despesas não obrigatórias: queda de R$ 2,9 bilhões (-22,9%);
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Despesas obrigatórias com controle de fluxo: queda de R$ 1,8 bilhão (-5,9%).
Entretanto, algumas áreas pressionaram o gasto, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), cujo desembolso cresceu 9,8% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 926,2 milhões a mais.
“O BPC exige um monitoramento mais constante, mais de perto. Há um entendimento completo e consensual no governo quanto à preocupação com a dinâmica desse benefício”, afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ao comentar o desempenho das contas.

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Fonte : Hora Brasilia