Filho de Miriam Leitão reconhece: intimação de Bolsonaro na UTI é erro grave de Moraes e “um dos atos mais abjetos do Supremo”

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Nem os analistas mais críticos do bolsonarismo — nem mesmo aqueles historicamente alinhados à defesa institucional do Supremo Tribunal Federal — conseguiram defender o que aconteceu nesta semana. O jornalista Matheus Leitão, filho da colunista Miriam Leitão, publicou uma análise categórica sobre o episódio, chamando a intimação de Jair Bolsonaro na UTI de “um dos atos mais abjetos do Supremo nos últimos anos”.

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Quando até mesmo a voz de um dos círculos mais firmemente ligados ao campo progressista alerta para o erro de Alexandre de Moraes, é sinal de que o Supremo ultrapassou todos os limites do aceitável — jurídica e politicamente.

Leitão não amenizou. Em texto publicado na quinta-feira, disse que não se recorda de algo tão indigno vindo do STF, mesmo após anos cobrindo a Corte diretamente de Brasília. A crítica não veio da direita, nem do campo bolsonarista, mas de um jornalista reconhecido por sua proximidade com a esquerda. Quando esse tipo de voz se levanta, é porque o Supremo errou feio — e sabe disso.

Bolsonaro, internado após uma sétima cirurgia decorrente do atentado de 2018, foi intimado por uma oficial de Justiça enquanto se recuperava em uma UTI, ainda sob os efeitos de um procedimento de grande porte. A imagem é devastadora. Mesmo para os que o acusam de ‘crimes graves’ no processo da suposta tentativa de golpe, a cena da intimação em um leito hospitalar tem o potencial simbólico de um terremoto político.

Matheus Leitão apontou com clareza o estrago: a intimação alimenta a principal narrativa de Bolsonaro: a de ele que é alvo de perseguição política. E pior: transforma um processo judicial legítimo em palco de disputa simbólica, justamente no momento em que o STF deveria agir com máxima sobriedade, pelo menos em tese.

“O STF caiu na armadilha do bolsonarismo”, escreveu o jornalista, acrescentando que o gesto de Moraes foi “totalmente desnecessário”.

A crítica vinda de Matheus Leitão tem peso por um motivo simples: ela parte de quem não está jogando o jogo eleitoral, mas observando as instituições. Quando até esse núcleo de comentaristas aponta o erro, o Supremo precisa entender que não se trata de um embate político — é uma crise de imagem institucional.

A nota divulgada pelo próprio STF, tentando justificar a ação com base em uma live feita por Bolsonaro no hospital, só piorou a situação. Não apenas soou frágil como deixou evidente o desconforto interno. Como bem escreveu Leitão: em Brasília, quando uma instituição precisa explicar um gesto, é porque o gesto deu errado.

O hospital onde o ex-presidente está internado divulgou boletim confirmando piora no quadro clínico após a intimação, com elevação da pressão arterial. A oficial de Justiça na UTI virou uma cena de mais um desgaste e de exposição gratuita para o tribunal.

O STF transformou um passo burocrático em ponto de virada na guerra narrativa. O que poderia ser resolvido com um simples adiamento, foi executado com pressa e rigidez, mesmo sendo juridicamente questionável: o Código de Processo Penal proíbe intimações em estado grave de saúde.

O próprio Matheus Leitão relembrou que, no caso de Lula, a Justiça errou ao correr demais. Condenado em tempo recorde na Lava Jato, Lula se tornou símbolo da judicialização da política — e mais tarde teve sua condenação anulada pelo próprio STF. Agora, a história ameaça se repetir com Bolsonaro: um processo colocado em risco por decisões ruins.

Se até os aliados institucionais do Supremo estão dizendo isso, o tribunal deveria ouvir. Porque o custo dessa imagem — da oficial de Justiça na UTI, da pressão subindo, da intimação em estado grave — será cobrado com juros e correção política nas ruas, nas redes e, mais adiante, nas urnas.

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Fonte : Hora Brasilia

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