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Em uma rara demonstração pública de admissão, o Governo Federal utilizou seus canais oficiais para reconhecer a gravidade do esquema de corrupção que atingiu o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e afetou milhares de aposentados e pensionistas em todo o país. A publicação, feita no perfil oficial do governo (@govbr) no Instagram, anunciou a criação de um grupo de trabalho com a missão de recuperar o dinheiro das vítimas da fraude — um movimento que, na prática, escancara a extensão e a profundidade do rombo no sistema previdenciário.
A imagem compartilhada nas redes sociais mostra a fachada envidraçada de uma sede da Previdência Social com o texto em letras garrafais:
“GOVERNO CRIA GRUPO DE TRABALHO PARA RECUPERAR DINHEIRO DAS VÍTIMAS DE FRAUDE NO INSS.”
A legenda complementa:
“O Governo Federal já começou a trabalhar para recuperar o dinheiro das vítimas da fraude no INSS.”
É uma confissão pública e direta — rara em um ambiente político onde as palavras são geralmente pesadas à colher de chá. Ao assumir a existência de vítimas, prejuízos e fraudes, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não apenas confirma a existência de corrupção institucionalizada, mas também assume responsabilidade sobre um escândalo bilionário que já resultou no afastamento da cúpula do INSS, inclusive do presidente Alessandro Stefanutto.
A megaoperação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal, revelou um esquema nacional de descontos associativos não autorizados aplicados diretamente nas aposentadorias de milhões de brasileiros — a maioria, idosos e pensionistas em situação de vulnerabilidade. Estima-se que o esquema tenha desviado mais de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Parte significativa do valor teria sido repassada a entidades conveniadas com o INSS, algumas delas ligadas a empresas de fachada.
O episódio levou ao afastamento de pelo menos seis altos funcionários do INSS, além da suspensão de diversos convênios com associações suspeitas. A Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério da Justiça participam das investigações, que incluem suspeitas de corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A postagem do governo nas redes sociais é vista como um movimento estratégico para tentar controlar a narrativa diante de um escândalo que ameaça abalar a credibilidade da Previdência Social e da gestão pública. A criação de um grupo de trabalho soa como medida de resposta, mas também implica que os próprios órgãos de controle falharam em detectar e impedir as irregularidades a tempo.
A tentativa de recuperar valores desviados soa como remédio amargo depois do estrago. O desafio agora será não apenas ressarcir os prejudicados, mas convencer a população de que o sistema previdenciário pode ser seguro novamente.

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Fonte : Hora Brasilia