A Justiça do Rio de Janeiro aceitou uma queixa-crime movida pela deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) contra o influenciador digital Felipe Neto, tornando-o réu por injúria e difamação. A ação foi motivada por uma publicação feita por Neto em junho de 2024, na qual ele associou o uso de uma tiara de flores pela parlamentar a símbolos relacionados ao nazismo.
Na postagem, Felipe Neto afirmou que “a tiara de flores na cabeça é tida por muita gente como um símbolo de apologia ao nazismo”. Ele também observou que, embora a deputada negue essa associação, “curiosamente” não utilizou o acessório ao discursar no Parlamento Europeu.
A defesa de Júlia Zanatta argumenta que a publicação teve a intenção deliberada de ofender sua honra e prejudicar sua imagem pública. Segundo a parlamentar, a tiara de flores se tornou sua marca pessoal desde a campanha eleitoral de 2022, após uma foto em que aparece com o adereço e uma arma viralizar nas redes sociais.
A 41ª Vara Criminal da Capital do Rio de Janeiro aceitou a queixa-crime após recomendação do Ministério Público. Uma tentativa de conciliação entre as partes foi realizada no início de abril, mas não houve acordo. Com a decisão, Felipe Neto terá um prazo de 10 dias para apresentar sua defesa por escrito.
Até o momento, ambos os envolvidos não se pronunciaram publicamente sobre o processo.

Histórico de Conflitos
Em 2020, Felipe Neto chegou a ser investigado após chamar o então presidente Jair Bolsonaro de “genocida”, o que gerou grande repercussão e mobilizou entidades ligadas à liberdade de expressão. Também já protagonizou embates públicos com parlamentares conservadores como Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG), criticando duramente suas pautas e comportamentos nas redes sociais.
As constantes manifestações de Felipe Neto (um dos maiores youtubers do Brasil), contra ideologias de direita, o colocam com frequência no centro de debates acalorados sobre os limites da opinião pública e o papel de influenciadores digitais na política.