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A instabilidade do dólar gerada pela turbulência econômica global desencadeada pelas tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, está abrindo espaço para que ativistas suíços a favor das criptomoedas intensifiquem os apelos para que o Banco Nacional Suíço (BNS) compre bitcoin para diversificar suas reservas.
Em dezembro do ano passado, esses ativistas lançaram uma campanha a favor de um referendo para alterar a constituição suíça, exigindo que o BNS mantenha bitcoin em suas reservas, juntamente com o ouro.
Três quartos das reservas nacionais suíças estão em dólar e euro. Mas, na visão desse grupo, comprar bitcoin livraria o BNS da influência política sobre o valor de suas reservas em moeda estrangeira.
Luzius Meisser, membro do conselho da corretora de criptomoedas Bitcoin Suisse e um dos líderes desse movimento, discursará na assembleia geral anual do BNS em Berna na sexta-feira, 25 de abril, pedindo a aquisição do bitcoin.
“Manter bitcoin faz mais sentido à medida que o mundo caminha para uma ordem multipolar, onde o dólar e o euro estão se enfraquecendo”, disse o ativista em entrevista à Reuters.
O pedido vem dentro do contexto de que a Suíça é um dos grandes polos de inovação em blockchain e criptomoedas, com projetos como o ethereum tendo sido fundado na cidade de Zug, que é chamada de “Vale das Criptomoedas”.
E a população do país é uma grande adepta. Segundo um estudo da Universidade de Ciências Aplicadas e Artes de Lucerna, 11% da população suíça atualmente tem investimentos em criptoativos.
Mas o banco central da Suíça permanece cético, citando grandes oscilações de preços, preocupações com liquidez e riscos de segurança. O banco não possui bitcoin.
Em março, o presidente do BNS, Martin Schlegel, afirmou que as “criptomoedas são essencialmente software. E todos sabemos que softwares podem frequentemente apresentar bugs e outras vulnerabilidades”.
Na época, Yves Bennaim, um dos organizadores da Iniciativa Bitcoin, rebateu ao afirmar que a tecnologia por trás do bitcoin era um dos sistemas de TI mais confiável e seguro já criados e estava em constante aprimoramento.
Segundo ele, o mercado de bitcoin alcançou uma capitalização de quase US$ 2 trilhões e ganhou estabilidade. De qualquer forma, seria uma diversificação. O banco central não abandonaria as moedas tradicionais, mas passaria a ter uma moeda cuja flutuação de valor independe de tensões políticas.
“Não estamos dizendo para investir tudo em bitcoin, mas se você tem quase 1 trilhão de francos em reservas, como o Banco Nacional da Suíça, então faz sentido ter de 1% a 2% disso em um ativo que está se valorizando, se tornando mais seguro e que todos querem possuir”, afirmou Bennaim.
Por enquanto, nenhum banco central respeitável – como o Federal Reserve (Fed), o Banco da Inglaterra, o Banco Central Europeu, o Banco do Japão ou o Banco da China – considera o bitcoin como um ativo adequado para reservas. Caso o BC suíço dê esse passo, seria o primeiro.
Mas outros países menores já fizeram o teste, e não recuaram. O primeiro foi El Salvador, que em 2021 anunciou a inclusão da criptomoeda no tesouro do Estado e também transformou o BTC em moeda de curso legal, ao lado do dólar.
A medida não agradou órgãos internacionais, como o FMI, nem a população local. No entanto, houve uma valorização de 115% no valor de suas reservas em bitcoin, acumuladas desde 2021, que agora somam US$ 544 milhões.
O próprio Presidente dos Estados Unidos ventilou que o país pode dar um passo a mais com criptos durante sua gestão, afirmando desejar criar um estoque nacional de BTC, o que foi criticado por autoridades.
No Brasil, o deputado federal Eros Biondini (PL-MG) apresentou no fim do ano passado um projeto de lei que propõe a criação de uma reserva soberana de bitcoin no Brasil, limitada a até 5% das reservas internacionais brasileiras, para diversificar ativos financeiros do Tesouro Nacional e proteger os títulos do país em moeda estrangeira contra flutuações cambiais e riscos geopolíticos.
A tramitação do projeto no Brasil ainda não começou. A proposta precisa passar pelas comissões e pelo plenário da Câmara dos Deputados antes de seguir para o Senado Federal e, posteriormente, para a análise do presidente da República.
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Neofeed