Siga @radiopiranhas
Após a morte do papa Francisco, o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, afirmou nesta segunda-feira (21/4) que a Igreja Católica vive um processo contínuo de internacionalização e que, diante disso, “ninguém deveria se surpreender” se o próximo papa for africano ou asiático — algo inédito na história da instituição. As declarações foram feitas durante coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje na Catedral da Sé, onde dom Odilo também celebrou uma missa em homenagem ao pontífice falecido.
Membro do conclave que elegeu Francisco em 2013, Odilo Scherer foi um dos nomes cotados para suceder Bento XVI à época. Agora, 12 anos depois, ele voltará ao Vaticano para participar do novo conclave que definirá o sucessor de Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa latino-americano da história. Scherer embarca para Roma na manhã desta terça-feira (22) e deve se reunir com outros cardeais brasileiros.
Em sua fala, o cardeal destacou que o colégio de cardeais — responsável por eleger o novo pontífice — está “muito mais internacionalizado do que antes”. Segundo ele, essa transformação começou nos anos 1950 e se acentuou especialmente nos últimos três pontificados.
“O colégio dos cardeais era, sobretudo, italiano e europeu, depois foi abrindo mais e mais. Papa João Paulo II já escolheu muitos cardeais da América, da América Latina, alguns da África e Ásia. Depois, papa Bento XVI também continuou nessa abertura e o papa Francisco ainda mais, de modo que hoje o colégio de cardeais realmente é muito menos italiano, muito menos europeu.”
De acordo com dom Odilo, a maioria dos cardeais hoje é de fora da Europa, com forte presença da América Latina, América do Norte, África e Ásia. Esse novo perfil pode influenciar diretamente a escolha do próximo papa, marcando mais um passo na direção de uma Igreja global.
Além de comentar as expectativas sobre o futuro, dom Odilo Scherer também destacou o legado de Francisco, elogiando sua postura pastoral e seu compromisso com a renovação da Igreja. Um dos pontos ressaltados pelo arcebispo foi a firmeza com que Francisco lidou com os escândalos de abuso sexual envolvendo membros do clero:
“Teve a coragem de enfrentar uma chaga moral muito dolorosa da Igreja. Procurou corrigir com firmeza e clareza os desvios e exigir mais responsabilidade.”
A fala de dom Odilo ecoa o sentimento de muitos dentro da Igreja que veem o pontificado de Francisco como uma ponte entre tradição e modernidade, marcado por um esforço em tornar a Igreja mais próxima dos pobres, mais aberta ao diálogo inter-religioso e mais ativa em pautas sociais e ambientais.
Com o início da sé vacante, o mundo católico volta seus olhos para Roma. Nos próximos dias, os cardeais eleitores se reunirão para o funeral de Francisco e, posteriormente, para o conclave que escolherá o novo papa. O cenário está aberto — e, pela primeira vez, o próximo líder da Igreja pode vir de um continente ainda inédito no papado.

source
Fonte : Hora Brasilia