Ter tatuagem pode aumentar risco para alguns tipos de câncer, aponta estudo

Atualmente, as tatuagens deixaram de ser símbolos negativos para se tornarem expressão artística comum. Estimativas apontam que mais de 30% da população brasileira tem tatuagem, mas à medida que os números crescem, crescem também os questionamentos sobre seus efeitos na saúde.

Imagem de pessoa com lupa na mão em cima de mancha

Saiba por que a tatuagem pode aumentar riscos de câncer de pele – Foto: Canva/ND

Uma investigação conduzida pela Universidade do Sul da Dinamarca e publicada na revista científica BMC Public Health gerou preocupações ao sugerir uma possível associação entre tatuagens e o aumento no risco de câncer de pele.

No artigo, foram analisados os dados de mais de 5,9 mil gêmeos. Os resultados revelaram que pessoas tatuadas tinham 62% mais chances de desenvolver câncer de pele do que aquelas sem tatuagens.

Tatuagem X câncer de pele: o que dizem os cientistas?

Conforme os pesquisadores, as partículas da tinta podem migrar da pele para os gânglios linfáticos, o que provoca inflamações crônicas e estimulam alterações celulares anormais — elementos que, em teoria, favorecem o desenvolvimento de tumores.

No entanto, ainda não se sabe exatamente como esses resíduos afetam o sistema imunológico.

Imagem de montagem que mostra tatuagem em ombro e na outra uma luz por cima do ombro de uma pessoa

As partículas da tinta podem migrar da pele para os gânglios linfáticos, o que provoca inflamações crônicas e estimulam alterações celulares anormais – Foto: Canva/ND

Um estudo anterior publicado na The Lancet Oncology já alertava para a presença de metais pesados e compostos cancerígenos em algumas tintas de tatuagem, especialmente as de cor preta e vermelha.

A ECHA (Agência Europeia de Produtos Químicos) também vem alertando sobre a a falta de regulamentação e segurança química das tintas utilizadas.

Ainda é cedo para conclusões

A comunidade cientifica mantém cautela. A dermatologista e pesquisadora do INCA, Larissa Moura, explica que pode haver uma correlação, mas ainda não há evidência de casualidade direta.

Segundo a especialista, o aumento dos diagnósticos de melanoma em áreas tatuadas pode ser uma coincidência estatística, e não um indicativo de que a tatuagem é a causa.

Outro ponto crítico é que tatuagens podem dificultar o diagnóstico precoce de lesões cutâneas. A presença de tinta pode esconder alterações sutis na pele, retardando a identificação de sinais típicos do câncer, como assimetria, bordas irregulares e mudança de cor.

Riscos variam conforme o tipo de tinta

Imagem de frascos de tintas de tatuagem

O tipo da tinta influencia – Foto: Canva/ND

Para quem não sabe, o tipo de tinta pesa nessa equação. Uma pesquisa publicada na Journal of Applied Toxicology aponta que a composição química das tintas varia significativamente entre fabricantes e países — muitas vezes sem regulamentação clara.

Os compostos como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, nitrosaminas e metais como níquel e cromo já foram identificados em algumas amostras.

O que fazer, então?

Especialistas recomendam atenção redobrada para quem tem tatuagens, principalmente em áreas com maior exposição ao sol.

“Usar protetor solar, fazer exames dermatológicos regulares e ficar atento a mudanças na pele ao redor da tatuagem são medidas essenciais”, reforça Larissa.

Apesar da associação apontada pelos estudos, não há motivo para pânico. Como em muitos campos da ciência, mais pesquisas são necessárias para compreender de forma definitiva a relação entre tatuagens e câncer de pele. Até lá, informação e prevenção continuam sendo as melhores ferramentas.

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