IPE Prev pagou pensão por 27 anos a homem morto; fraude é estimada em R$ 2,5 milhões

Filho do falecido teria recebido os valores até 2023; Polícia Civil identificou o túmulo em Montenegro e investiga outros envolvidos

Uma fraude milionária foi revelada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul: o IPE Prev pagou, por 27 anos, a pensão de um homem que morreu em 1996, totalizando um prejuízo estimado em R$ 2,5 milhões aos cofres públicos. A investigação é conduzida pela 2ª Delegacia de Combate à Corrupção (2ª Decor) e recebeu o nome de Operação De Cujus.

O beneficiário era um policial civil aposentado, e os valores teriam sido sacados por um dos filhos do falecido até dezembro de 2023. O principal suspeito morreu em janeiro deste ano. A nora do falecido também é investigada por possível participação no esquema. Conforme a polícia, a identidade dos envolvidos não foi divulgada.

Tumba em Montenegro

O caso começou a ser investigado após denúncia anônima recebida pelo IPE Prev em 2023, que apontava que o beneficiário havia morrido anos antes. Inicialmente, nem o instituto nem a polícia encontraram registro de óbito em cartórios ou sistemas informatizados. A partir do depoimento de familiares, descobriu-se que a morte ocorreu em fevereiro de 1996, em Montenegro, mas nenhum atestado de óbito foi oficialmente emitido na época.

A confirmação veio após buscas em cemitérios: o registro de sepultamento foi localizado no Cemitério Católico de Montenegro, onde o nome do falecido não consta na lápide, mas está enterrado junto a familiares.

Falsificações e provas de vida falsas

A investigação identificou indícios de falsificação em documentos apresentados ao IPE Prev. Entre eles, uma assinatura supostamente autenticada em cartório em Gravataí, em 2014, atribuída ao segurado já falecido, além de um comprovante de residência de 2023, com declaração manuscrita de que ele ainda residia com o filho — 27 anos após sua morte.

Outro elemento suspeito é uma declaração da nora junto ao Banrisul, em 2020, afirmando que o sogro morava com ela, apesar de já estar falecido há décadas. A mulher alegou informalmente à polícia que era o marido quem solicitava que ela fizesse tais declarações.

Pagamento suspenso e bens bloqueados

Com os indícios levantados, o pagamento da aposentadoria foi suspenso em janeiro de 2024, e a Justiça autorizou bloqueio de bens dos envolvidos. A polícia apura a prática dos crimes de estelionato, apropriação indébita, falsificação de documento particular, falsidade ideológica e falsificação de selo ou sinal público.

“A investigação desta manhã é resultado da integração de forças entre a Polícia Civil e o IPE para coibir fraudes contra o instituto de previdência. Houve implementação de medidas cautelares para ressarcir o Estado”, afirmou o delegado Augusto Zenon, responsável pelo caso.

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