Decidi entrar em uma dividida com algumas modalidades.

Na verdade, com pessoas que sempre tive uma relação profissional de respeito e cordialidade.

Gente que coordena seus projetos e também é responsável por enviar informações.

Ao mesmo tempo que pede apoio.

Solicita matérias.

Uma troca natural entre as duas partes.

Que precisa ser uma via de mão dupla.

Não vou expor ninguém.

Tanto é que as fotos (dos mais variados esportes) são aleatórias.

São factuais.

Mas também remetem a um passado recente.

Até porque não quero descer o periscópio e disparar torpedos.

O objetivo não é criar atrito.

E sim, fazer ajustes, usar critérios, ser justo.

Todo mundo sabe qual é a preferência de noticiabilidade hoje em dia.

Não sou estúpido a ponto de achar que tenho condições (na televisão) de concorrer com o Instagram.

Ou até mesmo com o Facebook – que ficou em segundo plano.

Trabalho 19 anos e cinco meses no Grupo ND (Rede SC/RIC TV/NDTV).

Sempre abri espaço para todas as modalidades e eventos esportivos.

Jamais deixei de atender um pedido de reportagem (se estivesse na abrangência de cobertura do sinal da emissora ou que não configurasse algo comercial).

Nesse caso, sempre propus parcerias.

Como as dezenas de coberturas que fizemos nos torneios de futebol society no Planet Ball.

Na Copa NDTV de Bolão no Esporte Clube Água Verde.

No Campeonato de Kart Amador.

Antes de mais nada, é preciso entender que as coisas mudaram.

Existem leis, regras, horários a serem cumpridos.

Antes (da chegada das redes sociais) se fazia praticamente tudo.

A série sobre as patotas de Blumenau que produzi para o quadro de esportes do Jornal do Meio Dia (na época da RIC TV) foi especial.

Chegávamos às 18h, acompanhávamos o jogo e ficávamos para o jantar.

A resenha ia longe!

Tempo que divertia-se muito fazendo reportagem.

E ainda se recebia hora extra.

Acabou.

Isso não existe mais.

A novidade era apresentada no dia seguinte na TV.

Ficava todo mundo ansioso.

Esperando para se ver, se ouvir, se avaliar na frente das câmeras.

Mas, sobretudo, era destacada a performance, a conquista, o valor de uma vitória, o peso de uma medalha, a satisfação de levantar um troféu.

Motivo de orgulho para familiares e amigos.

Hoje em dia, mal termina uma disputa, ainda no tatame (a luta é só uma referência), o atleta ou treinador já publica a sua façanha nas redes sociais.

Em seguida grava um depoimento.

Escreve um texto emocionado…

Dois ou até três dias depois quer espaço para repercutir seu feito na TV.

O mais contraditório é quando ocorre um revés.

Você foi lá no local de treinamento.

Deu aquela força tão solicitada (que ajuda muito na busca por parceiros, segundo eles mesmo dizem).

Fica na torcida.

Porém, quando o resultado não é o esperado, se não teve pódio, se não conquistou uma medalha, se foi desclassificado precocemente, se perdeu a chance de estar em uma competição de ponta, simplesmente você é descartado.

Oportunismo me tira do sério.

Tem figuras que só te procuram na boa.

Quando lhes convém.

Rifas, pasteladas, macarronadas, churrascadas, hamburgadas, feijoadas, pedágios, vakinhas…

Todo mundo quer apoio na divulgação.

Pedem ajuda da comunidade.
Agora, prestar contas?
Temos raríssimas exceções.

Muita coisa mudou quando a Fundação Municipal de Desportos transferiu a responsabilidade das informações para as modalidades coletivas.

O nascimento inevitável das associações de pais foi o gancho, foi uma benção para os colegas de trabalho “sobrecarregados” de serviço.

Cada associação que se virasse com a Imprensa.

Técnicos, dirigentes e até atletas se transformaram em jornalistas.

Uma responsabilidade que deveria ser do setor de comunicação do município.

Dá para imaginar alguém como Regina Ribeiro escrevendo um texto?

Longe de entregar um produto ruim.
Mas ela é uma mestra internacional de Xadrez!

Muitas outras figuras de relevo também precisam se sujeitar a isso.

Não sem antes enviar o material para um grupo de WhatsApp, cheio de técnicos, dirigentes e radialistas/jornalistas (!), administrado por três funcionários da SME.

Tudo tem de passar pelo crivo desse time de “especialistas”.

Isso acontece porque nem todo mundo consegue pagar alguém do ramo.

Na Superliga, sem recursos, o Bluvôlei priorizou as mídias sociais.

“Uma menina formada em educação física nos auxilia”, me disse um dirigente (tanto é que um fotógrafo oficial foi contratado para esse fim).

Mesmo assim, não foram uma, nem duas, nem três, nem quatro vezes que o clube pediu apoio para divulgar os jogos, chamar a torcida…Jamais neguei espaço.

O vôlei masculino por cinco anos contou com a expertise de um jornalista profissional, Giovani Vitória.

De repente, a Apan decidiu abrir mão dos seus relevantes serviços.

Uma de suas virtudes era nos informar o placar dos sets em tempo real.

Perde o projeto.

Perde a Imprensa. Perde o leitor. Perde o telespectador.

Como já era esperado, o clube já começou a seguir a linguagem instagramada.

Outro trabalho de respeito é da Associação Blumenauense de Karatê.

Humberto Trindade, outro jornalista formado, de mão cheia, divulga as notícias da ABK há 25 anos (desde os tempos da Associação São Bernardo).

Deve ser a mais longa parceria de assessoria do estado – muito por conta da amizade que tem com a família Oliveira há cerca de 30 anos.

O Blumenau Futsal é outro que está bem amparado nas mãos do incansável Sidnei Batista.

Que também dá a atenção para o basquete masculino.

Todos são de extrema competência, só que no momento, o melhor trabalho de interação com a mídia (perdendo ou ganhando) é do basquete feminino.

Sim, tem gente que, quando seu time é derrotado, “esquece” de passar o resultado – mesmo em uma semana em que você exaltou o projeto.

Um erro crasso e extremamente amador.

Luciano Carlos é o responsável (um representante comercial apaixonado pelo esporte).

Uma das filhas, a Sofia, fez toda a base no Vasto Verde.

Seu envolvimento foi além da arquibancada.

Entrou para a diretoria do BFB em 2018 (no ano seguinte assumiu a comunicação).

Foi o cara que criou as lives durante a pandemia.

Como já o conheço desde a década de 90, firmamos um “acordo”.

Disse a ele que nem sempre poderia enviar equipe nos jogos.

No entanto afirmei que divulgaria todos os detalhes no dia seguinte se houvesse uma maneira de capturar imagens e entrevistas com mais qualidade (trabalho que já vinha sendo executado).

Luciano levou a proposta para a Associação de Pais.

Que liberou a verba para a compra de um microfone de lapela e de uma câmera mais moderna para as filmagens.

O resultado foi uma melhora substancial no material.

Luciano também abastece primeiro as redes sociais (não há como fugir disso).

Contudo, logo em seguida, nos encaminha um dossiê completo (detalhes da partida, fotos, imagens e entrevistas).

De uma forma mais do que justa, o basquete feminino tem tido uma das maiores coberturas dentre todas as modalidades (ao menos no esporte do Balanço Geral da NDTV).
Uma mão lava a outra.
Patrocinadores e parceiros agradecem.

Mas a função é puxada, cansativa, tem de gostar muito.
Vitor Bett produzia todas as fotos e imagens de maneira voluntária (assim como Luciano Carlos continua fazendo).
Depois que deixou a diretoria, Vitor passou a cobrar um valor simbólico pelas fotos e imagens.

E está certíssimo.
Porque, por mais que você ame o que faz, não dá para trabalhar de graça.

Chega uma hora que cansa.

Pois você rala, se doa, abre mão da família, do seu precioso tempo, especialmente nos fins de semana.
E poucos reconhecem seu esforço.

Um elogio?
Um obrigado?

Raros.

A ingratidão é inerente ao ser humano.

Só muda o CPF.

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de repórter/setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é apresentador, repórter, produtor e editor do quadro de esportes do Balanço Geral da NDTV Blumenau. Na mesma emissora filiada à TV Record, ainda exerce a função de comentarista, no programa Clube da Bola, exibido todos os sábados, das 13h30 às 15h. Também é boleiro na Patota 5ª Tentativa.


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