Males genéticos podem ter sido causa

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O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, sugeriu que possíveis doenças genéticas pré-existentes podem ter contribuído para as complicações que agravaram o estado de saúde de Maria Danielle Cristina Morais, resultando em seu falecimento, na última terça-feira (25), no Hospital Pedro I. Durante uma coletiva de imprensa realizada ontem, a gestão municipal também negou que a morte da mulher de 38 anos esteja diretamente relacionada à perda de seu bebê, ainda durante o parto, e à remoção de seu útero, no período em que ela esteve internada no Instituto de Saúde Elpídio Almeida (Isea), entre o fim de fevereiro e o início deste mês.

De acordo com o prefeito campinense, conforme apurado pela Secretaria Municipal de Saúde, Danielle — que havia sido hospitalizada com sinais de um possível Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico — já possuía um histórico de abortos espontâneos prévios, além de outras gravidezes de risco. “Antes da morte do bebê, no Instituto de Saúde Elpídio Almeida, ela já apresentava um quadro que dava indícios de condições genéticas pré–existentes, inclusive já tendo sofrido uma trombose arterial em membro superior, algo que os médicos podem atestar que é raro. Por essas razões, o Instituto de Polícia Científica [IPC] solicitou a coleta de material biológico da paciente, para que se possa fazer um volume de exames e de investigações medicinais envolvendo o caso. Não é normal, para uma paciente de 38 anos, apresentar todas as gravidezes de alto risco, abortos espontâneos, uma morte fetal e um Acidente Vascular Cerebral hemorrágico”, declarou o prefeito.

Na ocasião, Bruno esteve acompanhado pelo secretário municipal de Saúde, Dunga Júnior, e pelo diretor do Hospital Pedro I, o médico Vítor Nobre, que ratificou o que disse o prefeito. “Há determinadas condições que, por sua raridade, não são possíveis de serem percebidas em exames rotineiros de pré-natal. Elas acabam nos pegando de surpresa. No entanto, é complexo relacionar o ocorrido no Isea com o AVC que a paciente acabou sofrendo. Todas as cirurgias estão sujeitas a apresentar complicações, mas, no caso de um procedimento obstétrico, o mais comum seria uma isquemia, e não um AVC. O que a literatura medicinal nos mostra é que a principal causa de um acidente vascular é o aneurisma”, explicou Vítor, acrescentando que a paciente passava por um tratamento antitrombótico, que pode causar hemorragias.

 

Investigação policial é acompanhada pelo MP

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do estado (PCPB), que já havia sido acionada pelo marido de Danielle, Jorge Elô, o qual denunciou o Isea por negligência médica quando da morte do bebê do casal — provocada, segundo ele, por uma dose excessiva de medicamentos para a indução do parto. A Secretaria de Saúde da cidade também apura o episódio por meio de uma sindicância, para a qual já foram intimados Jorge e os profissionais envolvidos na ocorrência, para prestar depoimentos.

A equipe médica em questão, segundo o titular da pasta, segue afastada de suas atividades no Isea, até a conclusão das investigações. O secretário Dunga Júnior defendeu, contudo, a credibilidade da instituição: “Não podemos esquecer que estamos falando da maior maternidade pública da Paraíba, um local que atende 180 cidades e que tem muita responsabilidade com as milhares de vida que lá nascem, todos os anos”.

Em nota, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) informou que acompanha o caso. Conforme o órgão, a promotora de Justiça Adriana Amorim, que atua na Defesa da Saúde, aguarda o resultado das sindicâncias solicitadas à Secretaria de Saúde, ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren) para adotar as providências cabíveis. Ela ressaltou que “o fato está sendo devidamente apurado nas respectivas instâncias e dentro dos limites legais”.

Partidarização

Na coletiva de ontem, Bruno Cunha Lima também condenou o que considera como uso político da morte de Danielle. “Algumas pessoas insistem em promover a partidarização da dor de uma família, que não é só a dor de uma família, é a dor de uma cidade. Essa família não precisa de partidarização. Precisam de consolo e apoio. O que nós estamos buscando nada mais é do que a verdade biológica dos fatos. E, se os inquéritos concluírem que houve uma possível negligência médica, eu garanto que os que estiveram envolvidos serão devidamente responsabilizados. Mas é fundamental considerar a possibilidade de uma condição clínica anterior que tenha desencadeado todos esses eventos infelizes que levaram à morte de Danielle”, afirmou.

*Mátéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de março de 2025.

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A União

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